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quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Juiz absolve delegado acusado de estuprar a própria neta

Terça-feira, 17.05.16 às 00:00

Allan de Abreu

Moacir Rodrigues de Mendonça - 17052016
Moacir Rodrigues de Mendonça, delegado absolvido por juiz
O juiz Eduardo Luiz de Abreu Costa absolveu o delegado Moacir Rodrigues de Mendonça da acusação de estupro da própria neta, a rio-pretense L.A.M.M., então com 16 anos, em um quarto de hotel do Thermas dos Laranjais, em Olímpia. Na polêmica sentença, obtida com exclusividade pelo Diário, o juiz sugere que o ato sexual com o avô, que era lotado no 1º Distrito Policial de Itu, teria sido consentido pela adolescente.
“A não anuência à vontade do agente, para a configuração do crime de estupro, deve ser séria, efetiva, sincera e indicativa de que o sujeito passivo se opôs, inequivocadamente, ao ato sexual, não bastando a simples relutância, as negativas tímidas ou a resistência inerte. (...) Não há prova segura e indene de que o acusado empregou força física suficientemente capaz de impedir a vítima de reagir. A violência material não foi asseverada, nem esclarecida. A violência moral, igualmente, não é clarividente, penso”, escreveu o juiz.
Em depoimento à Corregedoria da Polícia Civil, que investiga o caso, a adolescente disse que o avô a teria levado para passar um fim de semana no Thermas e, dentro do quarto, abusado dela sexualmente, em setembro de 2014. No momento, a jovem diz ter ficado sem reação. “É certo que não chorou durante o ato, mas o fez após a saída de seu avô porque jamais esperava essa atitude do mesmo, o qual, logo após terminado o ato, determinou: ‘Isso deve ficar apenas entre nós dois’.”
L.A.M.M. manteve silêncio sobre o fato por 20 dias, quando foi flagrada no quarto de casa com o revólver do padrasto, PM, tentando o suicídio. “Quando soubemos da sentença, minha filha passou mal, não parava de vomitar. Tive de levá-la ao hospital. Ela teme ser ridicularizada de novo na escola, como ocorreu na época do fato”, diz a mãe, V.H.R.M., 40, comerciante. A vítima, hoje com 18 anos, cursa o último ano do ensino médio.
“Nossa família está muito abalada. Não conseguimos acreditar que o juiz deu uma sentença dessas. Como minha filha consentiria algo tão monstruoso assim, ainda mais com o avô dela?”, questiona a mãe. A advogada da vítima, Andrea Cachuf, também criticou a decisão judicial. “Foi extremamente machista e por isso assustadora”, afirmou. Tanto ela quanto o Ministério Público irão recorrer ao Tribunal de Justiça (TJ). “A não concordância do ato foi claramente externada pela vítima em depoimento”, afirmou a promotora Valéria Lima.
‘Esdrúxula’
Especialistas em violência sexual contra crianças e adolescentes também contestaram a decisão do magistrado. “É uma decisão esdrúxula e absurda. A Justiça deveria proteger os direitos da criança e do adolescente, não ir contra. A violência psicológica é tão ou mais grave do que a física. Quem comete uma barbaridade dessas tira a alma da pessoa sem matá-la”, afirma a socióloga Graça Gadelha.
Na sentença, o juiz de Olímpia também determinou a soltura do delegado, que estava detido preventivamente em presídio da Polícia Civil na Capital desde o fim de 2014. A advogada de Mendonça, Sandra Aparecida Ruzza, que postou em redes sociais fotos com o delegado sorrindo logo após ele deixar a prisão, não foi localizada. O magistrado não foi ao Fórum de Olímpia ontem.
Cidades

Infeliz decisão a do juiz Eduardo Luiz de Abreu Costa. No caso de um relacionamento sexual com um menor de idade, a família e a adolescente devem consentir e estar claramente de acordo com o relacionamento.
A reação psicológica da vítima posteriormente ao ato já denota que foi exposta a uma situação perversa.
Eu entendo que a jovem tenha achado o ato surreal e por se tratar de uma figura quase paterna, que deveria representar proteção e nunca propor nenhum relacionamento sexual, tenha tido dificuldades de reagir. Isso é muito comum em casos de estupro com menores. As vezes o medo paralisa.
Agora faço apenas uma pergunta ao Juiz, o Réu deixou claro para a família e para a jovem que a viajem a qual ela foi convidada incluía relacionamento sexual? Se não deixou claro e a menina é menor de idade a onde mora a dúvida de que houve abuso?

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