Consulta pública do Senado, lançada nesta semana, mostrou que os internautas são contra a reforma trabalhista.O Projeto de Lei da Câmara (PLC) 38/17 trata do tema e recebeu a rejeição de 117 mil pessoas contra 4 mil, que o apoiam. Para dirigentes das centrais de trabalhadores e observadores dos trabalhos na Casa, a expectativa é de que o texto da Câmara seja alterado no Senado e que os parlamentares não atropelem o trâmite como aconteceu na Câmara dos Deputados.
Por Railídia Carvalho
Agência Senado
As centrais de trabalhadores divulgaram nesta quinta-feira um calendário de manifestações, com atos em Brasília, incluindo uma grande marcha no período de 15 a 18 de maio. Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), lembrou que a partir da próxima semana os trabalhadores estarão em permanente vigília no Congresso Nacional contra as reformas trabalhista e da Previdência Social.
“O que percebemos é que há um ambiente muito hostil em torno das reformas. O que se viu na imprensa foi uma certa ameaça dos deputados aos senadores, já que a radiografia aponta que o comportamento dos senadores tende a ser diferente naquilo que se viu na câmara”, declarou Adilson.
Na opinião dele, há o compromisso de “parcelas importantes dos senadores que permitirão um tempo maior de discussão com a realização das audiências”. Adilson citou ainda a vitória das centrais e dos parlamentares de oposição que o texto passe pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), o que não fazia parte dos planos governistas.
Na terça-feira (3) as centrais estiveram reunidas com o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), para discutir o trâmite da reforma trabalhista. Segundo os dirigentes, o presidente da Casa se comprometeu em alterar o texto do projeto que veio da Câmara.
“Acho que vai dar um pouco mais de discussão. O Senado é uma casa que busca negociação. Primeiro, é um pessoal (os senadores) mais experiente e, segundo, tem renovação de 2/3 do Senado nas eleições do ano que vem, e a votação no Senado é mais difícil do que para deputado federal”, observou João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical.
Na opinião do dirigente, o movimento sindical recebeu amplo apoio da população e traz essa força para o debate no Senado. “A demonstração da sociedade e das pesquisas contra as reformas, a nossa greve foi a palavra mais falada na história na internet. Programas de TV falando sobre a greve. Seria bom os senadores entenderem os anseios da população que quer diálogo e a busca de soluções que não seja de retirada de direitos”, completou Juruna.
Relatorias
“O texto provoca um desmonte tão grande da organização sindical e relações de trabalho que é praticamente certo que haverá mudanças porque o desmonte é assustador”, opinou Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho, jornalista e consultor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Ele citou a rejeição dos senadores em relação ao Projeto de Lei 4302 sobre a terceirização ilimitada. “O sentimento que se tinha sobre o tema da terceirização é que os senadores queriam modificar o PLC 30 (também sobre terceirização) para não aprovar o 4302, mais nocivo para os trabalhadores. Se os senadores mantiverem coerência em relação a isso, a tendência é de manter essa postura em relação ao PLC 38, da reforma trabalhista”, analisou.
Toninho está na expectativa agora quanto ao relator que será designado pela senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), que é presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Foram escolhidos os relatores Romero Jucá (PMDB-RR) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES) na Comissão de Assuntos Econômicos. “Os relatores escolhidos até agora são 100% do mercado vamos saber como a Marta vai indicar na CAS”, disse Toninho.
Adilson Araújo afirmou que se não houver alteração no cenário, as centrais podem convocar nova greve geral. “Estão na mira dessa reforma direitos consagrados pela CLT. O prejuízo é enorme. Se pretende também por fim à legislação trabalhista, desregulamenta o trabalho e fere de morte a justiça do trabalho, a fiscalização do trabalho, o direito constitucional e põe fim aos sindicatos”.
Do Portal Vermelho
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