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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Via Mangue do abandono

Publicado em 22/10/2014, Às 21:18

Fotos: Hélia Scheppa/ JC Imagem
Fotos: Hélia Scheppa/ JC Imagem


Abandonada. Essa é a situação atual da Via Mangue, corredor expresso para carros na 

Zona Sul do Recife, que levou dez anos sendo projetada, há quatro encontra-se em obras 

e, mesmo assim, foi entregue à população pela metade em maio, apesar de ter custado 

quase R$ 450 milhões. Os furtos da iluminação pública e dos gradis de isolamento da via, 

denunciados pela imprensa nas últimas semanas, são apenas os primeiros sinais do 

abandono. Quem passa pelo corredor expresso percebe que a pista oeste, única liberada 

ao tráfego, já está descuidada e que as obras da pista oposta (leste) estão paralisadas.

O abandono é flagrante por toda parte. A Ponte Estaiada, construída a partir da Ponte 

Paulo Guerra e que marca o início do corredor expresso, ainda está com as estruturas de 

ferro instaladas para sustentar a obra, mesmo sem uso. Os restos de ferro são feios e têm 

servido de acesso e reduto para vândalos picharem a nova construção. Seguindo em 

frente, o desamparo persiste nas imediações da área onde funcionou o Aeroclube de 

Pernambuco. Nada de obras, nada de trabalhadores, nada de projetos.

Foto__Hl1

A mesma cena se prolonga por toda pista leste do corredor. A via está 

pavimentada, mas como os acessos ao sistema viário existente e os bloqueios 


para impedir a entrada de pedestres no trecho ainda em obras não estão 

prontos, a Via Mangue funciona como uma porteira permanentemente aberta e 

sem segurança. Nem mesmo os vigilantes da Construtora Queiroz Galvão, 

responsável pela obra, são mais vistos circulando ao longo do corredor.

Sem eles e com a facilidade do acesso lindeiro, moradores do entorno começam 

a reclamar da violência e do uso de drogas na área. “Muita gente tem aparecido 

por aqui para se drogar e fazer pequenos assaltos. E isso não estava previsto. 

Esses furtos de iluminação e dos gradis são resultado da ausência de 

segurança, 

provocada pela falta de movimento. Se as duas pistas funcionassem isso não 

aconteceria”, reclama o morador do Pina, Cláudio Amaral.

Até mesmo o trecho da pista leste, que pelo cronograma oficial divulgado pela 

Prefeitura do Recife deveria ter sido liberado desde setembro, está totalmente 

parado. Os acessos ao sistema viário de Boa Viagem foram feitos, mas 

encontram-se fechados e transformados em estacionamentos de carros a céu 

aberto. Desde que foi parcialmente inaugurada, a Via Mangue apenas vai, mas 

não volta, ou seja, funciona unicamente no sentido Centro-subúrbio.

Foto__Hl2

PREFEITURA SEM PRAZO PARA RETOMAR OBRAS

O abandono da Via Mangue vai permanecer ainda por um tempo indefinido.

 A Prefeitura do Recife não tem qualquer previsão de retomada dos trabalhos 

para finalizar a pista leste do corredor expresso. Faltam recursos e, por isso, a 

Construtora Queiroz Galvão desmontou os canteiros de obras existentes. O 

município precisa de R$ 29 milhões para finalizar os trabalhos e não dispõe do 

valor em caixa.

Em setembro, quando os prazos de liberação da pista leste começaram a ser 

descumpridos, o problema foi exposto pela prefeitura. Ontem, o secretário de 

Infraestrutura e Serviços Urbanos do Recife, Victor Vieira, explicou que a 

situação permanece a mesma. “A contrapartida do município era de R$ 82 

milhões. Desse total, faltam R$ 29 milhões. O restante a prefeitura apresentou 

com recursos próprios. Agora estamos buscando o financiamento junto à Caixa 

Econômica Federal (CEF) para fechar o valor”, afirmou.

Segundo Victor Vieira, o financiamento junto à CEF é no valor total da 

contrapartida – R$ 82 milhões. “Os R$ 29 milhões serão usados na Via Mangue 

e o restante será reposto ao caixa municipal. Temos informações de que o 

conselho interno da CEF aprovou a liberação há um mês e estamos aguardando 

o financiamento de fato. Mas não sabemos quando ele será liberado”, 

argumentou. Sobre os furtos da iluminação pública e dos gradis da Via Mangue 

na pista oeste, já em operação, o secretário explicou que a substituição é de 

responsabilidade do município. A Queiroz Galvão responde pela reposição 

apenas na parte ainda não entregue.

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