Palmério Dória em 12/5/2017
Um ex-presidente setentão, líder em todas as pesquisas para a eleição de 2018, encara um guarda de esquina travestido de juiz durante cinco horas, dando-lhe um vareio.
Na sequência, o setentão vai para uma praça onde uma multidão o espera. A PM calcula que 5 mil pessoas estão ali. Os organizadores, 50 mil. Vamos dizer 30 mil numa cidade com menos de 2 milhões de habitantes. Equivale a quantas pessoas em São Paulo?
Duas semanas antes, a principal semanal do país anunciou na capa que o setentão estava acabado. Pela performance dele em 10 minutos de palanque, a revista errou na mosca. Ele eletriza a multidão — a maioria veio de diversos pontos do país para lhe dar apoio.
Boa parte havia escapado, durante a madrugada, de rojões foram lançados no acampamento que armaram para esperar o “duelo” entre o ex-presidente e o inquisidor, que a dona da notícia no Brasil deseja como futuro presidente de um país que considera dela.
Não se deixou intimidar. Tem manual de sobrevivência na selva. Inclusive a da cidade, onde o governador do Estado massacrou recentemente os professores com um show de polícia raras vezes visto no país. Seus robocops, entre 1.600 e 3 mil, farejavam cada passo dos manifestantes como cães de guerra.
Fatos jornalísticos de impacto mundial, acompanhados pela mídia internacional, sequer foram arranhados pela mídia nacional. A bem dizer, esse acontecimento foi abduzido. Só lhe interessa o vídeo show da manipulação do duelo que não houve — nem poderia haver, a não ser em mentes torturadas.
Esse filme nós já vimos.
Aconteceu em 1982. O escândalo Proconsult. Para impedir a vitória de Brizola contra o Gato Angorá.
Aconteceu em 1989. O Collor × Lula. Direção de Boni, Alberico de Souza Cruz e grande elenco.
Aconteceu em 2006. A sonegação da tragédia da Gol para levar a eleição para o 2º turno.
Aconteceu em 2010. A bolinha de papel que virou atentado contra o Careca.
Acontece desde antanho, me ensinou o amigo Joel Rufino dos Santos, inesquecível historiador.
Nossa classe dominante é bamba nisso. Fabricada a “versão oficial”, saem a campo para vendê-la o pelotão de legistas que assina em confiança, de juízes que não mandam apurar torturas por falta de provas, os robertos marinhos, os zezinhos bonifácios, os condes de assumar e os lacerdas.
Verdades oficiais em pencas, rotas e que rendem bilhões.
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