Bloqueio prejudica população

Problemas com aparelhos celulares estão sendo frequentes

11/02/2014 07:56 - Isabela Alves, da Folha de Pernambuco

Dois anos após a tentativa de implantar uma tecnologia israelense de bloqueio de celular, sem sucesso, no Complexo Prisional do Curado - antigo Aníbal Bruno -, Zona Oeste do Recife, foi implantada, na última quinta-feira, outra ferramenta no local (desta vez, indiana) que intercepta o sinal de celulares dentro do Complexo. Porém, mais uma vez, a população reclama que problemas com seus aparelhos celulares estão sendo frequentes. “Preciso ir para o outro lado da rua para conseguir fazer uma ligação”, afirmou o comerciante Edmilson Flávio, de 37 anos, proprietário de uma loja que fica ao lado de uma das unidades do Complexo Prisional.

Ele disse que o bloqueio não foi apenas dentro do Complexo e que o sistema está afetando a população do entorno. “O que era para ser um recurso útil, acaba dificultando a vida de quem não tem nada a ver com isso”, observou. Além disso, Edmilson ressaltou que, por não conseguir receber ou realizar ligações normalmente, acabou se prejudicando, pois perdeu clientes e, consequentemente, dinheiro. “Os clientes ligam e só dá fora de área”, pontuou.

O mesmo acontece com a aposentada Maria do Carmo, 62. “Na semana passada, liguei para a Anatel e me disseram que iam resolver, mas, até agora, nada foi resolvido”, disparou. Ela, que não consegue realizar uma ligação para a filha que mora a 100 metros da casa dela, acha o que está acontecendo um desrespeito com a população do entorno.

De acordo coma assessoria de imprensa da Secretaria de Ressocialização (Seres), os técnicos da empresa responsável por instalar o sistema e bloqueio de celular dentro do Complexo, estarão no local, de plantão, pelos próximos 30 dias, para fazer ajustes se forem necessários.

A Seres afirmou que é prioridade que a população não seja prejudicada e que vai detectar se o problema é, de fato, por conta do sistema ou se tem alguma relação comas operadoras, de celular. Segundo Artur Oliveira, gestor da unidade Marcelo Francisco de Araújo, o problema será resolvido. Ele pede que a população tenha paciência, pois o procedimento ainda está em fase de ajuste, e que o problema que for detectado será corrigido pela empresa. “O ganho para a sociedade será muito maior com a instalação dos equipamentos”, pontuou.

O novo sistema, instalado na última quinta-feira, no Complexo Prisional do Curado, de tecnologia indiana, não permite que o celular funcione dentro das unidades, pois o sinal é interceptado. Foram 85 pares de antenas instaladas nas muralhas do complexo, além de um equipamento colocado em local sigiloso. Segundo o gestor de uma das unidades, Artur Oliveira, a comunicação entre os agentes penitenciários e responsáveis, será feita por radiotransmissores ou por telefones convencionais.