Uma obra que deveria ter ficado pronta em 210 dias já se arrasta por quatro anos, trazendo transtornos à população de Jardim São Paulo.
Prometida pelo prefeito Geraldo Julio no início do seu primeiro mandato, a reforma e ampliação da Unidade Básica de Saúde (UBS) Fernandes Figueira, na Praça Central do bairro, hoje é só uma carcaça, totalmente paralisada e sem qualquer sinal de avanço e conclusão.
A UBS Fernandes Figueira era referência na região, realizando até cerca de 3.700 atendimentos mensais. Com serviços de clínica médica, pediatria, nutrição, odontologia, ginecologia e obstetrícia, beneficiava usuários não só de Jardim São Paulo, mas de outros bairros do entorno, como Estância,Tejipió e Totó.
Em 28 de março de 2013, o prefeito esteve na unidade para assinar a ordem de serviço e anunciar as reformas – reestruturação do telhado, das redes elétrica e hidráulica e pintura –, além da sua ampliação, que, segundo ele, passaria a atender no “padrão Upinha 24 horas”. Relembre:
Os valores divulgados à época – inicialmente, R$ 150 mil e, posteriormente, mais R$ 300 mil – já estão atualizados e, segundo a prefeitura, o projeto custa R$ 2,3 milhões.
Durante o período das obras, os usuários tiveram seus atendimentos transferidos temporariamente para a Unidade Básica Tradicional da Ceasa. Porém, a obra da UBS foi paralisada e o que seria apenas uma situação provisória não tem data para acabar.
Os problemas gerados, segundo os moradores, são diversos. Eles alegam o desconforto constante que é o deslocamento até a Ceasa em busca de atendimento, expostos à insegurança.
Revolta e protesto
“Às vezes, a gente tem que sair de casa às 3h30, 4h da manhã, para conseguir pegar uma ficha lá no posto da Ceasa. Isso, arriscando sofrer um assalto no caminho ou risco de atropelamento para atravessar aquela BR (101)”, relata a dona de casa Verônica Amâncio do Nascimento, 53 anos.
Outra queixa é a sobrecarga da unidade Ceasa, que absorveu a demanda de atendimento da Fernandes Figueira sem a devida capacidade, relatam os usuários. “É apenas uma clínica geral e um ginecologista. E também pouco medicamento pra dar conta. Quando chega medicamento, dizem que é insuficiente”, diz Geyza Maria de Oliveira, 63 anos. “Ficamos sem medicamento, sem posto, sem médico e sem ter a quem recorrer”.
Revoltados, moradores se mobilizaram através de um grupo no WhatsApp para cobrar providências da PCR. Nos últimos dias 3 e 6, eles realizaram protestos em frente à obra, exigindo uma solução do Município.
“Nós acreditamos que assim, com todos nós unidos, poderemos conquistar algo. Queremos a retomada imediata das obras do nosso posto”, diz o aposentado Geraldo Barbosa, o Dinho, que está à frente do grupo.
O que diz a PCR
Em nota, a Prefeitura do Recife informou que “a reforma vinha sendo executada, mas a empresa que venceu o processo de licitação abandonou a obra alegando dificuldades financeiras. O projeto, no valor de R$ 2,3 milhões, precisou ser atualizado e novo processo de licitação está em andamento para a conclusão da Upinha”.
Questionada sobre quando a obra seria retomada e concluída, a gestão não definiu prazos. “Como o novo processo está sendo desencadeado com ajustes de orçamento para iniciar o processo de licitação, ainda não temos prazo estabelecido. Quando terminar o processo de licitação é que teremos prazo”, disse, em resposta.
Onde está a empresa?
A empresa paraibana Santa Júlia Incorporadora e Construtora LTDA Epp era a responsável pelas obras da UBS Fernandes Vieira. O PorAqui tentou contato com a empresa. Dos dois números de telefone disponíveis na internet, um é, atualmente, de outro estabelecimento; o outro, acusa como inexistente. Em contato feito por e-mail, nenhum retorno.
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