Divergentes em meio às investigações da Lava Jato, empresários já não dão mais tanta importância ao afeto familiar
© Marcelo (Reuters) e Emílio (Reprodução/ YouTube)
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Emílio e Marcelo Odebrecht, pai e filho, respectivamente, romperam as relações familiares entre eles após o acordo de delação premiada da empreiteira. Marcelo, que está preso e é ex-presidente e herdeiro do grupo empresarial, ficou bastante magoado com Emílio, presidente do Conselho de Administração da companhia.
De acordo com uma reportagem do UOL, pessoas ligadas à investigação da Lava Jato e à Odebrecht confirmaram o fim dos laços afetivos entre pai e filho.
"Marcelo sente-se injustiçado. Ele se vê como um bode expiatório. Acha que pagará o preço mais alto entre todos os envolvidos na Lava Jato também porque seu pai aceitou delatá-lo. Marcelo pagava mesmo propina e, de certa forma, desafiava as autoridades que poderiam o incriminar. Emílio, por sua vez, era mais conservador. Cometeu e sabia de ilegalidades, mas era mais contido", revelou um executivo da empreiteira, que preferiu não ter sua identidade revelada.
O declínio do relacionamento entre Marcelo e Emílio começou logo após a prisão do primeiro, ocorrida em junho de 2015, na 14ª fase da operação. Marcelo, que está na sede da PF em Curitiba, se mostrou contrário em firmar um acordo, enquanto o seu pai optou rapidamente pela delação. Durante uma visita ao filho, Emílio tentou convencer o herdeiro a fazer delação e ouviu um não.
"Este assunto estremeceu a relação entre ambos. Havia dois grupos na empresa: o de Marcelo, que não queria a delação de jeito nenhum, e o de Emílio, que achava a delação a melhor saída", contou à reportagem do UOL um funcionário da Odebrecht.
Só que a pressão caiu sobre Marcelo quando a Polícia Federal descobriu o sistema de pagamento de propinas, feito pelo setor denominado “Operações Estruturadas”, dentro da Odebrecht. O acordo de delações da empreiteira foi firmado por Emílio em maio de 2016, quando começaram as delações premiadas - aquelas que devem ser homologadas pela ministra do STF, Cármen Lúcia, nesta terça-feira (31).
"Emílio e Marcelo nunca foram exatamente alinhados. O filho sempre foi conhecido por seu estilo agressivo nos negócios e até na corrupção", contou ao UOL um outro funcionário da Odebrecht, que também não quis se identificar na reportagem.
Marcelo se tornou presidente do grupo Odebrecht em dezembro de 2008, quatro anos antes do previsto. Segundo funcionários da empresa, ele pressionou o pai para entregar o cargo a ele por ter pressa em mostrar que era “capaz de comandar a empresa”.
Além do pai, o relacionamento de Marcelo com a mãe também ruiu Ela já não visita mais o filho na prisão em Curitiba.
30\01\2017
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