Mobilização nacional não terá a adesão de Pernambuco, mas dissidentes prometem
passeata
Publicado em 21/05/2014, às 06h02
Do JC Online
Foto: Alexandro Auller/Acervo JC Imagem
Foram mais de 50 horas de saques, assaltos e terror na semana passada devido à greve da Polícia Militar (PM). O Estado mal se recuperou do susto e já se viu mergulhado entre notícias e boatos sobre uma nova paralisação das polícias, marcada para esta quarta-feira (20). A mobilização nacional foi organizada pela Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol) e tem como objetivo um nivelamento dos salários da categoria em todo o Brasil. Apesar do temor de uma nova situação de caos, compartilhada sobretudo através de notícias falsas espalhadas nos últimos dias nas redes sociais, as corporações e as entidades de classe declararam que Pernambuco não vai parar suas atividades durante o dia, embora uma passeata esteja prevista.
O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol-PE), Cláudio Marinho da Silva Neto, garantiu que a ordem da associação é manter o expediente normal. O ato da Cobrapol está diretamente ligado à classe, mas o sindicato alega que não foi notificado com antecedência pela confederação. “Não fomos comunicados oficialmente em tempo hábil para realizarmos uma assembleia e deliberarmos com a categoria. Seria preciso seguir todo o regulamento e levar a discussão para a base”, explicou. “Além disso, a discussão é justa, mas o momento é inapropriado. A sociedade ainda não se refez do susto da greve da PM. É uma questão de bom senso. Fazer paralisação agora é um contrassenso”, completou.
Uma ala contrária à atual gestão do Sinpol-PE se manifestou no sentido de aderir ao movimento e agendou uma caminhada para hoje, com saída às 15h da Praça Oswaldo Cruz, na Boa Vista, com destino ao Palácio do Campo das Princesas.
Até ontem, 13 Estados haviam confirmado participação na mobilização da Cobrapol. Na coletiva de imprensa realizada anteontem, o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, lembrou que já havia sentado na mesa de negociação em abril com delegados e policiais civis para tratar das pautas de reivindicação. O Estado tem 5,6 mil policiais civis.
A Polícia Militar, ao menos por meio do seu comando, assegurou que a corporação atuará normalmente. “A população está questionando, têm muitos boatos sendo espalhados, mas as pessoas podem ficar tranquilas que, de nossa parte, está tudo normal”, afirmou o assessor de comunicação social da PM, capitão Júlio Aragão. A reportagem tentou contato ontem com os dois líderes da greve da PM, o soldado Joel Maurino, conhecido como Joel da Harpa, e a tenente-coronel Conceição Antero. O telefone celular de Joel estava desligado. Conceição disse não falaria mais sobre o assunto. A Associação de Cabos e Soldados (ACS) está sob intervenção. A PM tem um efetivo de 20 mil homens.
O presidente do Sindicato dos Policiais Federais de Pernambuco (Sinpef-PE), Marcelo Pires, salientou que a classe não vai aderir à mobilização nacional, mas fará uma assembleia às 10h de hoje para deliberar os encaminhamentos da negociação com o governo federal e os próximos passos do movimento. “Não vamos parar. Vamos levar a proposta apresentada para nossa base e, depois da assembleia, voltamos para o expediente normal, com ânimos acirrados ou pacificados”, disse. O Estado tem 300 policiais federais.
Já o Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais de Pernambuco (SINPRF-PE) declarou apoio ao movimento nacional e disse que estará presente de eventuais atos que forem realizados no Recife, mas garantiu, por outro lado, que não haverá paralisação. “Participaremos com nosso pessoal de folga e com aposentados, mas não vamos parar o serviço. Nossa preocupação é com a segurança pública”, pontuou. A PRF conta com 450 homens no Estado.
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