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segunda-feira, 25 de julho de 2016

O Globo: Acabar com o ensino superior gratuito

O Globo: Acabar com o ensino superior gratuito
O Globo: Acabar com o ensino superior gratuito – Foto: Carol Garcia / SECOM
Em editorial, o jornal O Globo lança a ideia que já pulula nas mentes conservadoras deste país: acabar com o ensino superior gratuito.
No dia 13 de julho de 1962, o presidente João Goulart assinava a Lei 4.090 que criava o 13º salário, uma conquista histórica para a classe trabalhadora deste país. Entretanto, antes da assinatura da lei, os sindicatos e o governo sofreram uma forte pressão de setores do empresariado. E quem deu voz a estes setores foi a imprensa.
O jornal O Globo em 26 de abril de 1962, publicaria a manchete “Considerado desastroso para o país um 13º mês de salário”. Ou seja, o lugar de fala dos jornalões sempre foi ao lado do empresariado e nunca, jamais ai lado das classes trabalhadoras, dos mais pobres. Hoje temos mais um exemplo de quão nefasta é a aliança entre governo golpista e mídia acanalhada.
O Globo lança a ideia de acabar com o ensino superior gratuito, em editorial; e demonstra o motivo: é a crise.
Para combater uma crise nunca vista, necessita-se de ideias nunca aplicadas. Neste sentido, por que não aproveitar para acabar com o ensino superior gratuito, também um mecanismo de injustiça social? Pagará quem puder, receberá bolsa quem não tiver condições para tal. Funciona assim, e bem, no ensino privado. E em países avançados, com muito mais centros de excelência universitária que o Brasil.
Como é que o ensino superior gratuito é um mecanismo de injustiça social se o próprio O Globo, em matéria de 04 de dezembro de 2015, evidencia o contrário?
Ao longo da década, estudantes pertencentes ao grupo de 20% da população com renda mais baixa passaram a frequentar mais as universidades públicas. Em 2004, esse grupo correspondia a apenas 1,2% e subiu para 7,6% em 2014. Em paralelo, caiu a proporção de alunos com a renda mais alta no ensino superior público. Em 2004, esse grupo, que corresponde a 20% da população com renda mais alta, representava 54,5% dos alunos. Em 2014, o número já era bem mais baixo: 36,4%.
O editorial de hoje (24) de O Globo não esconde os verdadeiros intentos; coaduna-se, aliás, com as últimas medidas do ministro da Educação, Mendonça Filho, que, como qualquer integrante deste governo golpista, é mobilizado pelo desmonte. Diz O Globo, em sua receita para o atraso, que “pagará quem puder, receberá bolsa quem não tiver condições para tal”. Os editores deste jornal certamente não leram a notícia de que a concessão de novas bolsas para alunos de graduação por meio do Ciência sem Fronteiras será interrompida pelo governo federal.
Estamos a caminho do desmonte de políticas públicas essenciais, num processo em que a opinião pública é amortizada, entorpecida pela mídia para aceitar tais aviltamentos. Não é justo pensar que acabando com a gratuidade do ensino superior as coisas melhorarão para os jovens mais pobres. As portas serão fechadas para eles e não para os ricos – porque estes sim têm condições totais de pagar os seus estudos.
O que O Globo chama de distorção social é uma política que permitiu a milhões de jovens pobres a possibilidade de se igualar, em formação, aos jovens de poder aquisitivo superior; foi esta política que nos permitiu ver uma jovem estudante levar uma enxada à cerimônia de formatura para mostrar de onde vinha; assim como o cortador de cana-de-açúcar que se emocionou em sua formatura no curso de medicina.
Não víamos estas imagens antes dos governos petistas e corremos o risco de não vê-las ao que se segue. Os portais das universidades públicas poderão ser fechados para aqueles que não têm condições. Portões abertos, como mostra aimagem acima retratando a entrada principal da Universidade do Estado da Bahia, podem um dia estar fechados para quem busca o conhecimento. Mídia e governo nunca estiveram tão empenhados por uma só ideia.

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