3 Junho 2016
do PNUD
O Brasil é o único país do mundo produtor de carvão vegetal para o setor siderúrgico. Para discutir como utilizá-lo de maneira sustentável e sem agredir o clima, representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA), do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), do governo do Estado de Minas Gerais, do PNUD e outros parceiros locais estão reunidos hoje em Belo Horizonte no I Seminário de ações do projeto Siderurgia Sustentável.
A proposta do evento é apresentar a iniciativa aos setores siderúrgico, privado e acadêmico do Estado de Minas Gerais, onde o projeto deverá atuar como piloto até 2019. A intenção é proporcionar um modelo de carvão vegetal sustentável para replicação em outros estados do Brasil e como iniciativa de cooperação Sul-Sul para outros países.
“É necessário que o Estado de Minas dê um pulo em direção aos setores intensivos de tecnologia. Isso é possível enfrentando os desafios dos setores que nos trouxeram até aqui”, pontuou o presidente Banco do Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) Marco Aurélio Crocco Afonso.
Primeiramente, o projeto atuará junto ao setor de ferro-gusa, aço e ferro-ligas de Minas Gerais, para fazer um levantamento das tecnologias sustentáveis para produção do carvão vegetal no Brasil. “Queremos englobar também as pequenas e médias siderurgias, para que todos estejam alinhados com um modelo sustentável”, explica a oficial de programa da unidade de desenvolvimento sustentável do PNUD, Marina Ribeiro.
“O tema tratado aqui é de uma transcendência que não se restringe ao setor de siderurgia, mas que poderá nos trazer lições de boas práticas para ampliarmos essa discussão a diversos outros setores”, lembrou o secretário indicado de mudanças climáticas e qualidade ambiental do MMA, Everton Lucero.
Para a adoção de um modelo sustentável de produção do carvão, é necessário levar em consideração alguns fatores, como a qualidade de vida e de trabalho dos carvoeiros, preocupando-se com as questões sociais e de gênero. Dessa forma, o projeto atuará na capacitação dos profissionais de siderurgia e de carvoeiros, com foco no trabalho decente.
A MESA DE ABERTURA DO EVENTO CONTOU COM A PARTICIPAÇÃO DE INSTITUIÇÕES ESTADUAIS, FEDERAIS E INTERNACIONAIS. FOTO: TIAGO ZENERO.
“O projeto também é importante para o combate ao desmatamento da vegetação nativa, especialmente a mata atlântica”, lembrou o secretário-adjunto Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) de Minas Gerais, Germano Vieira. Dessa forma, todo o carvão vegetal produzido pelas siderurgias deverá ser proveniente de eucalipto de reflorestamento.
Alem das siderúrgicas, o projeto busca parceria com o setor acadêmico para realizar pesquisas de aperfeiçoamento tecnológico, assim como para desenvolver uma plataforma digital para medir e relatar as emissões no setor no Brasil. No evento, o chefe da assessoria de relações internacionais do Governo de Minas Gerais, Rodrigo Perpétuo, ressaltou a importância da participação dos parceiros: “Agradeço o setor privado e a academia, fundamentais para a implementação desse projeto”.
O coordenador-substituto de ações do desenvolvimento energético do MCTIC, Gustavo de Lima Ramos, ressaltou que “quando existe cooperação entre todos os atores, conseguimos resultados mais rápidos”.
“Essa é uma oportunidade para superarmos a crise de setores mais tradicionais da indústria”, complementou o analista da coordenação de energia e desenvolvimento sustentável do MDIC, Demétrio Florentino de Toledo Filho.
Para finalizar, o diretor do Departamento de Mudanças Climáticas do MMA, Adriano Santhiago de Oliveira afirmou que o projeto deve ser um incentivo para o setor, não uma barreira. “Por isso, o setor privado é fundamental. Precisamos do financiamento para que o projeto ganhe escala e possamos fazer uma real transformação no setor”.
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