em Casa Forte | Poço da Panela | 25 de setembro de 2017
Desde fevereiro de 2017, os moradores de Casa Forte, na Zona Norte do Recife, estão vivendo um novo cenário em relação à segurança do bairro. Segundo dados oficiais, 20% dos crimes violentos contra o patrimônio (CVLT) diminuíram na região depois que o grupo de segurança comunitária Casa Forte Mais Seguro entrou em ação.
A iniciativa é um exemplo de colaboração cidadã, que partiu do empresário e morador do bairro Yves Nogueira. Ele criou o grupo no whats app com o intuito de aproximar e engajar os moradores na luta contra a violência, auxiliando o trabalho do poder público.
O contato pela rede tem gerado encontros presenciais, reuniões e caminhadas de observação junto com autoridades para identificar as principais demandas de segurança pública no bairro.
Além disso, tem auxiliado o trabalho da polícia. “Se houve um assalto, tentamos pegar as imagens das câmeras, compartilhamos no grupo e acionamos as autoridades policiais”, explica Yves.
“A ideia do grupo não é crucificar a instituição A ou B, muito menos o servidor C ou D. Mas sim unir cidadãos, Polícia Militar e Civil, Prefeitura do Recife, Governo do Estado, sociedade civil organizada, empresários e tecnologia para vencermos a luta contra a violência”, explica.
Atualmente, fazem parte do grupo 187 pessoas, incluindo moradores, comerciantes, proprietários de escolas e estabelecimentos comerciais do bairro e imediações, além de representantes do poder público.
Balanço
Para Yves, o maior saldo tem sido ver as pessoas engajadas e caminhando mais pelo bairro, ocupando ruas e praças.
“Segurança é uma questão de sensação. Tá muito claro pra gente que quanto mais as pessoas estiverem na rua, menos espaço pra bandido. Não podemos viver aumentando cercas e muros e colocando grades e deixando as ruas desertas. Sempre que posso, evito tirar o carro da garagem e vou a pé lanchar com meus filhos, visitar parentes, resolver compromissos”, diz.
Outra mudança, segundo o empresário, foi a melhoria da iluminação em Casa Forte. Durante as caminhadas, eles aprenderam a identificar os postes a partir da numeração, o que tem facilitado a abertura de chamados na Emlurb. Também descobriram que uma das causas do problema de iluminação era a falta de poda das árvores.
“As árvores precisam ser podadas pra que os postes não tenham os fios danificados e possam cumprir o seu papel de iluminar a rua, mas tem que haver uma poda responsável. Isso tem sido um aprendizado muito grande”, comenta.
“Uma poda mal feita interfere na iluminação e consequentemente deixa a rua mais escura e mais insegura. Por outro lado, a poda excessiva é ruim porque Recife é uma cidade muito quente e precisamos de árvores na rua. Existe um limite que precisa ser respeitado.”
Próximos passos
Outra iniciativa do grupo que está em prática é o mapeamento da condição das câmeras de segurança privadas. O objetivo é descobrir quais estão funcionando, se têm alta resolução e se estão posicionadas no ângulo correto, além de implantar mais câmeras de alta resolução nos prédios e quadras.
“Uma preocupação do grupo tem sido a qualidade e resolução das imagens, principalmente das câmeras que apontam pra calçada. Muitas vezes, elas foram colocadas há muito tempo, estão mal posicionadas ou com a tecnologia ultrapassada, prejudicando a qualidade das imagens e consequentemente o trabalho da polícia. É importante, durante o registro de um boletim de ocorrência, que haja imagens com boa qualidade”.
Também está sendo estudada uma tentativa de integração dessas câmeras. A ideia é disponibilizar as imagens de todas as câmeras privadas do bairro numa plataforma para o morador acessar pelo celular e poder monitorar a segurança do seu próprio bairro, da mesma forma que um porteiro tem acesso ao painel de câmeras de um prédio.
“A ideia é começar fazendo isso numa rua, depois passar para um quarteirão inteiro e ir ampliando aos poucos. É algo totalmente possível tecnicamente”, explica Yves, que trabalha com tecnologia da informação há 23 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário