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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Feira da Reforma Agrária ocupa o centro do Campo Grande com alimentos saudáveis

Com a cara e as cores do povo pantaneiro, a feira tem a finalidade de dialogar com a população sobre a produção dos assentamentos e acampamentos, além de denunciar o modelo produtivo do capital.


Por Wesley Lima

Da Página do MST

Fotos: Deko Araújo

Ao compreender a alimentação saudável como um ato político, a 1º Feira Estadual da Reforma Agrária, que acontece na Praça Ary Coelho, no centro do Campo Grande, capital sul-mato-grossense, desde quinta-feira (23), leva para toda população alimentos saudáveis produzidos nos assentamentos e acampamentos do MST.

Cerca de 130 feirantes se dividem em 55 barracas, que estão distribuídas na localidade. Paralelo a isso, no centro do espaço, acontecem as atividades culturais, e, numa tenda, os seminários de formação e estudo debatem o papel da produção agroecológica na luta pela democratização da terra.
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Quem caminha pela feira vivencia na prática o significado da luta pela terra, pois cada alimento exposto nas barracas de comercialização levam a história de luta de milhares de famílias, que construíram sua dignidade a partir da conquista da terra e do trabalho coletivo. Exemplo disso, é o espaço “Culinária da Terra”, que reúne pratos típicos do estado, como o porco no tacho, arroz carreteiro, a famosa galinhada, tapioca e outros.

Nesse sentido, Daniel Sanchez, do MST, fala do programa de Reforma Agrária Popular e reafirma a importância das feiras como espaços permanentes de diálogo com a população da cidade, com foco na produção de alimentos saudáveis e na luta diária contra o agronegócio.

Ele fala sobre os impactos que o modelo de produção do agronegócio gera nas relações sociais e no meio ambiente, como o aumento da concentração da terra, da exploração do trabalho, dos monocultivos, nos problemas de saúde e degradação ambiental. Por outro lado, destaca também, que o MST tem acertado no debate em torno da produção de alimentos e na realização de feiras.

“Nossas feiras são espaços necessários para fazer frente as intervenções do capital no campo, através do resgate de um modelo de produção saudável e que dialogue com o saber popular”, explica Sanchez.

Agrotóxico mata

Fernanda Savicki, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, acredita que a alimentação saudável é um ato de contraposição ao produzido pelas empresas. “O modo de produção da comida que está na mesa dos trabalhadores não é assunto discutido pelas pessoas, nem a quantidade de químicos que são ingeridos diariamente”.

“Desde 2008, o Brasil se tornou o maior produtor de agrotóxicos. Isso é reflexo de um outro dado, já que, desde 2005, as indústrias de agrotóxicos ampliaram o seu lucro em mais de 100%”, explica. savicki denúncia ainda que as empresas de agrotóxicos pagam quase nada de impostos, principalmente no que diz respeito as importações. Porém, a população sente no bolso o valor desse processo.

“As grandes empresas de agroquímicos se utilizam de três táticas para manter o atual modelo de produção. O primeiro deles é através da ‘ocultação’ de verdades em torno dos impactos que essa produção química provoca no dia a dia das pessoas. Em seguida, no uso de duas retóricas: uma da ‘justificação’, utilizando argumentos positivos sobre o tema e a falsa necessidade do uso de agrotóxicos na produção; e por fim, da ‘desqualificação’, cujo objetivo é inviabilizar o processo de produção agroecológico, colocando limites e deslegitimando a agricultura camponesa”, declara.

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Uma feira feita pelo povo

Com a cara e as cores do povo pantaneiro, a feira tem a finalidade de dialogar com toda população sobre a produção dos assentamentos e acampamentos, além de denunciar o modelo produtivo do capital, mostrando na prática que a agricultura camponesa é a base da alimentação saudável.

De acordo com Márcia Barille, o evento é uma mostra da riqueza produtiva que existe nas áreas de Reforma Agrária. “Aqui, não é apenas um espaço de comercialização, mas sim um espaço de diálogo com a sociedade sobre os frutos das conquistas do povo”.

A Feira segue com uma programação repleta de atividades culturais, seminários e venda de alimentos até sábado (24), às 19h.



*Editado por Rafael Soriano

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