Brasil
22 de novembro de 2017 - 13h01
O governo corre contra o tempo para tentar convencer partidos da base aliada de que devem votar e aprovar a reforma enxuta da Previdência. Há forte resistência por conta do desgaste eleitoral que poderia comprometer as eleições de 2018.
Reprodução da Internet
Usando frases feitas, o governo partiu para a batalha da comunicação com uma propaganda de TV que tenta vender a reforma como um sabão em pó. A campanha publicitária gastou R$ 20 milhões para atacar o que chama de “privilégios” dos servidores públicos e afirmar que “tem muita gente no Brasil que trabalha pouco, ganha muito e se aposenta cedo”.Para tentar pressionar os parlamentares, o governo busca o apoio daqueles que financiaram o golpe. O vice-líder do governo na Câmara, Darcísio Perondi (PMDB-RS), foi escalado para reunir-se com empresários e pedir o financiamento da propaganda. A estratégia do governo se baseia na tese apontada pela consultoria de risco político Eurasia Group, que teve forte atuação no uso das redes sociais para insuflar o impeachment.
“O sinal mais importante para ficar de olho, no entanto, é como o debate público está evoluindo. Se, de fato, a mídia, as associações empresariais e o governo puderem reformular essa nova proposta com o discurso de que ela enfrentará os privilégios do setor público, tornará o trabalho mais fácil para o governo no congresso”, disseram os consultores.
Assim como o sabão em pó, que não deixa branco o que promete na propaganda, as promessas de Temer estão longe de convencer a população e os parlamentares demonstram que não estão muito alinhados com a proposta do governo.
Nesta quarta (22), Temer almoça com governadores e prefeitos, dará posse a um ministro do “Centrão”, que segundo fontes foi indicado por Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, além de encontro com outros aliados, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG), e representantes do mercado, como Marcos Lisboa, Samuel Pessoa e José Márcio Camargo. O objetivo é alinhar o texto que será encaminhado à Câmara para que entre na pauta até o dia 6 de dezembro.
Segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o governo federal já tem uma visão de como vai ficar o texto final da reforma, mas depende das negociações para saber se o Palácio do Planalto terá os 308 votos necessários para aprovação da emenda constitucional.
Mas o relógio não está muito favorável à reforma de Temer. Como uma emenda constitucional deve ser votada em dois turnos, o primeiro turno teria de ser votado na primeira semana de dezembro para que o segundo seja realizado antes do recesso legislativo. Portanto, Temer tem pouco mais de uma semana para mudar a opinião da base aliada, que pretende votar contra a medida. Os ventos demonstraram que a dificuldade do governo é proporcional à sua popularidade: não passa de 3%.
“Esqueça Previdência este ano. Não tem a menor chance de aprovar. A reforma ministerial não atendeu a toda a base”, disse o líder do PR, José Rocha (BA).
“O processo para aprovar a Previdência agora é de convencimento do governo com a sociedade”, disse o líder do PSD, Marcos Montes (MG). E completa afirmando que sua bancada continua “muito resistente” em votar.
O líder do DEM, Efraim Filho (PB), avaliou que as mudanças ministeriais e no texto da reforma são bem-vindas, mas sozinhas não têm o “condão de puxar os votos”.
“A grande resistência ainda é o impacto eleitoral. Falta ainda a crença de que o Senado vai votar a proposta também”, disse Efraim.
Já o líder do SD, deputado Aureo Ribeiro (RJ), disse que a sigla é contra a reforma de qualquer forma. “Se votar agora já é um erro, imagina se aprovar”, declarou.
Do Portal Vermelho, com informações de agências
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