“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.” (Paulo Freire)
“Defenderei sua liberdade de ensinar, para manter minha liberdade de aprender” (Aluno do EM, em mensagem anônima)
Em sala de aula, sempre fomos incentivados a pensar, debater, encarar o mundo criticamente e nos posicionar com respeito frente às questões que nos são apresentadas, tanto dentro quanto fora do ambiente escolar.
Nossas professoras e professores são, sem dúvida alguma, essenciais para a criação e manutenção do ambiente de aprendizado democrático e plural com que sempre pudemos contar para desenvolver nosso pensamento crítico. É notável, em sala de aula, o esforço pelo respeito às diversas opiniões, manifestadas pelos diversos alunos e professores.
Infelizmente, em um momento de profundo acirramento político como o que vivemos hoje, expressar opiniões tem se tornado algo cada vez mais difícil. A intensa polarização enfrentada pela sociedade empobrece o debate e dificulta a livre manifestação de opiniões, promovendo um ambiente no qual impera o desrespeito e a intolerância, deixando o debate de ideias em segundo plano.
Queremos lutar para que isso não ocorra dentro de nossa escola, de forma a zelar pelo ambiente democrático construído por nós e pelos professores, no dia-a-dia da sala de aula.
Acreditamos, portanto, que não devemos isentar-nos da discussão acerca da paralisação dos professores, pois desejamos, acima de qualquer outra coisa, manter possível o debate e a respeitosa manifestação ideológica no Colégio, a fim de evitar que temas caros a nós tornem-se tabus ou mesmo raízes de conflitos de ordem pessoal.
Assim, frente aos acontecimentos recentes, nós, parte do grupo de alunos do Colégio Santa Cruz, gostaríamos de expressar, por meio desta, nosso total apoio à paralisação dos professores na greve geral do dia 28/4.
Não apenas pois reconhecemos e defendemos o constitucional direito à greve, mas também por reconhecermos que as reformas na previdência e trabalhista representam um ataque a parcelas vulneráveis da população, ao pautarem-se na retirada e redução de direitos conquistados pelos trabalhadores ao longo de anos de intensa e admirável luta política.
Defendemos que nossas professoras e professores possam se manifestar e exercer livremente a docência, sem que se crie um clima de tensão e, como consequência, se prejudique nosso aprendizado.
É motivo de muito orgulho para nós observar o engajamento de nossos professores em uma luta que diz respeito não somente a eles, mas a todos os trabalhadores e trabalhadoras que serão amplamente prejudicados com as reformas da previdência e trabalhista.
Gostaríamos de acrescentar que essa carta não reflete o posicionamento de todos os alunos e alunas da escola, mas de um grupo que decidiu se mobilizar para expressar seu apoio aos professores do Colégio Santa Cruz, que democraticamente decidiram aderir à paralisação por motivos já esclarecidos pelos mesmos na “CARTA ABERTA DAS PROFESSORA E DOS PROFESSORES DO COLÉGIO SANTA CRUZ”, publicada no dia 25/04/2017.
Julia Mesquita, André Nunes, Sofia Kassab, Tomás Marcondes, Ana Laura Appy, Rafael Semer, Zoé Reis, Lilla Lescher, Luiz Nigro, Luiza Chucre, Carolina Friedheim, Isabella Cornacchioni, Emília Galvão, Babette Fernandes, Juliana Cornacchioni, Iara Veiga, Raquel Guimarães, Júlia Leite, Gabriela Motidome, Antonio Ikeda, Lis Loureiro, Mariah Salles, Alice Rosenthal, Luísa Takeuchi, Clara Angeletti, Yuri Liegel, Flora Santos, Miguel Worcman, Luiza Freire, Raquel Guimarães, Andre Silvestri, Érico Dias, Isabella Fraia, Teresa Magalhães, Ricardo Daher, Rafael Neves , Maria Rezende, Beatriz Maradei, Beatriz Sales Oliveira, Emanuela Gebara, Antônio Fonseca, Letícia Fagundes, Maria Vitória, Júlia Leite, Julia Podkolinski, Maria Kinker, Mariana Diel, Gabriela Monteiro, Tomer Raca Silberberg
(Vale notar que não pretendemos, aqui, discutir nas minúcias o porquê de sermos contrários à reforma da previdência: queremos, mais especificamente, demonstrar apoio à decisão tomada por nossas professoras e professores.)
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