A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou o empresário Léo Pinheiro, sócio da OAS, de contar nesta quinta-feira (20), ao juiz Sérgio Moro, uma versão "acordada com o MPF" como pressuposto para aceitação de uma delação premiada que poderá tirá-lo da prisão.
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Destaque do grupo Folha em junho de 2016
"Ele foi claramente incumbido de criar uma narrativa que sustentasse ser Lula o proprietário do chamado triplex do Guarujá. É a palavra dele contra o depoimento de 73 testemunhas, inclusive funcionários da OAS, negando ser Lula o dono do imóvel", afirma por meio de nota o advogado de Lula, Cristiano Zanin.No ano passado, a mídia vazou informações sobre a delação do executivo da OAS e disse que o acordo "travou" depois que ele inocentou Lula. O jornal Folha de S. Paulo, por exemplo, noticiou em mais de uma ocasião que seu acordo para redução de pena e leniência do grupo OAS só seria aceito se ele dissesse que o apartamento 164-A do Guarujá era de Lula, e que ele já havia tentado fechar um acordo de delação com os procuradores onde foi incapaz de apontar qualquer ato ilícito de Lula, e que, por causa disso os procuradores teriam perdido o interesse em fechar acordo, e Pinheiro seguiu na cadeia.
Desde então, o empresário trocou de advogados e seguiu tentando fechar um acordo de delação premiada e sair da prisão.
Em agosto, a delação foi suspensa quando novos trechos vazaram incriminando o senador Aécio Neves (PSDB-MG), e não Lula. Na sequência, a revista Veja publicou um suposto trecho da delação de Léo Pinheiro em que citava o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, o que levou o procurador-geral Rodrigo Janot a pedir a anulação do acordo.
Segundo Cristiano Zanin, a versão de Pinheiro foi a ponto de "criar um diálogo", "não presenciado por ninguém - no qual Lula teria dado a fantasiosa e absurda orientação de destruição de provas sobre contribuições de campanha, tema que o próprio depoente reconheceu não ser objeto das conversas que mantinha com o ex-presidente".
"É uma tese esdrúxula que já foi veiculada até em um e-mail falso encaminhado ao Instituto Lula que, a despeito de ter sido apresentada ao Juízo, não mereceu nenhuma providência", reforça.
O executivo disse ainda que acertou com Paulo Okamotto (presidente do Instituto Lula) e João Vaccari Neto que o apartamento seria de Lula em 2009, e que tanto o valor do imóvel quanto o valor das reformas no tríplex teriam sido acertados em um "encontro de contas" de R$ 15 milhões com João Vaccari Neto feito cinco anos depois, no restaurante Bassi, em meados de 2014, misturando o apartamento, obras no tríplex, obras no sítio em Atibaia, e débitos da Bancoop com valores que a OAS devia ao PT dentro de uma "conta" com o partido.
A defesa reforça que o empresário não apresentou qualquer prova da existência da conta e que ninguém mais na OAS, além dele, sabia da existência desse acordo ou conta. Disse ainda que não guarda nenhuma relação com contratos da Petrobras fechados pela OAS, conforme consta na denúncia dos procuradores da Lava Jato contra Lula, mas que teriam sido feitos em contrapartida a um investimento feito pelo Funcef, o Fundo de Previdência dos Funcionários da Caixa Econômica Federal na OAS Empreendimentos. Depois, disse ter relação com contratos da refinaria RNEST.
Segundo Léo Pinheiro, ele foi o único também que tratou do assunto sobre o tríplex na empresa, assim como o tal "acerto de contas". Os advogados do ex-presidente apresentaram um documento financeiro chamado emissão de debênture, emitida em 2013, que coloca esse apartamento como garantia de financiamento da obra, assinada por Léo Pinheiro, algo só possível de ser feito com o apartamento sendo propriedade da OAS Empreendimentos.
O empresário, então, afirmou que não consultou o ex-presidente antes de emitir o papel. A Defesa de Lula apontou também que o imóvel consta no processo de recuperação judicial da OAS como ativo da empresa, ou seja, continua sendo da OAS
Leia na íntegra a nota da defesa de Lula:
"Nota
Léo Pinheiro no lugar de se defender em seu interrogatório, hoje, na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, contou uma versão acordada com o MPF como pressuposto para aceitação de uma delação premiada que poderá tirá-lo da prisão. Ele foi claramente incumbido de criar uma narrativa que sustentasse ser Lula o proprietário do chamado triplex do Guarujá. É a palavra dele contra o depoimento de 73 testemunhas, inclusive funcionários da OAS, negando ser Lula o dono do imóvel.
A versão fabricada de Pinheiro foi a ponto de criar um diálogo - não presenciado por ninguém - no qual Lula teria dado a fantasiosa e absurda orientação de destruição de provas sobre contribuições de campanha, tema que o próprio depoente reconheceu não ser objeto das conversas que mantinha com o ex-Presidente. É uma tese esdrúxula que já foi veiculada até em um e-mail falso encaminhado ao Instituto Lula que, a despeito de ter sido apresentada ao Juízo, não mereceu nenhuma providência.
A afirmação de que o triplex do Guarujá pertenceria a Lula é também incompatível com documentos da empresa, alguns deles assinados por Léo Pinheiro. Em 3/11/2009, houve emissão de debêntures pela OAS, dando em garantia o empreendimento Solaris, incluindo a fração ideal da unidade 164A. Outras operações financeiras foram realizadas dando em garantia essa mesma unidade. Em 2013, o próprio Léo Pinheiro assinou documento para essa finalidade. O que disse o depoente é incompatível com relatórios feitos por diversas empresas de auditoria e com documentos anexados ao processo de recuperação judicial da OAS, que indicam o apartamento como ativo da empresa.
Léo Pinheiro negou ter entregue as chaves do apartamento a Lula ou aos seus familiares. Também reconheceu que o imóvel jamais foi usado pelo ex-Presidente.
Perguntado sobre diversos aspectos dos 3 contratos que foram firmados entre a OAS e a Petrobras e que teriam relação com a suposta entrega do apartamento a Lula, Pinheiro não soube responder. Deixou claro estar ali narrando uma história pré-definida com o MPF e incompatível com a verdade dos fatos."
Léo Pinheiro no lugar de se defender em seu interrogatório, hoje, na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, contou uma versão acordada com o MPF como pressuposto para aceitação de uma delação premiada que poderá tirá-lo da prisão. Ele foi claramente incumbido de criar uma narrativa que sustentasse ser Lula o proprietário do chamado triplex do Guarujá. É a palavra dele contra o depoimento de 73 testemunhas, inclusive funcionários da OAS, negando ser Lula o dono do imóvel.
A versão fabricada de Pinheiro foi a ponto de criar um diálogo - não presenciado por ninguém - no qual Lula teria dado a fantasiosa e absurda orientação de destruição de provas sobre contribuições de campanha, tema que o próprio depoente reconheceu não ser objeto das conversas que mantinha com o ex-Presidente. É uma tese esdrúxula que já foi veiculada até em um e-mail falso encaminhado ao Instituto Lula que, a despeito de ter sido apresentada ao Juízo, não mereceu nenhuma providência.
A afirmação de que o triplex do Guarujá pertenceria a Lula é também incompatível com documentos da empresa, alguns deles assinados por Léo Pinheiro. Em 3/11/2009, houve emissão de debêntures pela OAS, dando em garantia o empreendimento Solaris, incluindo a fração ideal da unidade 164A. Outras operações financeiras foram realizadas dando em garantia essa mesma unidade. Em 2013, o próprio Léo Pinheiro assinou documento para essa finalidade. O que disse o depoente é incompatível com relatórios feitos por diversas empresas de auditoria e com documentos anexados ao processo de recuperação judicial da OAS, que indicam o apartamento como ativo da empresa.
Léo Pinheiro negou ter entregue as chaves do apartamento a Lula ou aos seus familiares. Também reconheceu que o imóvel jamais foi usado pelo ex-Presidente.
Perguntado sobre diversos aspectos dos 3 contratos que foram firmados entre a OAS e a Petrobras e que teriam relação com a suposta entrega do apartamento a Lula, Pinheiro não soube responder. Deixou claro estar ali narrando uma história pré-definida com o MPF e incompatível com a verdade dos fatos."
Do Portal Vermelho, com informações do Brasil 247
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