Familiares e fãs se despediram do cantor e compositor Reginaldo Rossi
Publicação: 22/12/2013 12:28
A sirene do carro do Corpo de Bombeiros disputava com as buzinas, os gritos, os choros e os versos das canções eternas de Reginaldo Rossi. Entre lágrimas, sorrisos e, com o perdão à majestade, cachaça, Pernambuco se despediu do inconteste Rei. Depois de mais de 20 horas de velório na Assembleia Legislativa de Pernambuco, o corpo seguiu em cortejo de uma hora e meia até o Cemitério Morada da Paz, acompanhado pelas ovações de milhares de fãs à beira da estrada.
A hora do adeus foi 19h30, ao som de Recife, minha cidade, hino em homenagem ao lugar onde nasceu e escolheu para viver, após missa restrita à família e mais uma hora para a despedida dos fãs. O corpo foi enterrado em um jazigo perpétuo da família, com um covas com três gavetas cada, localizado em uma ilha na rampa principal do cemitério, com um espelho d'água, no valor de R$ 100 mil, doado pelo estabelecimento.
Mais de cinco mil súditos foram a Paulista se despedir do Rei do Brega, morto na sexta-feira, às 9h25, por falência múltipla dos órgãos, pouco depois de descobrir um câncer no pulmão. Mais de 50 coroas foram depositadas sobre o caixão. Rossi foi embora como viveu. Nos braços do povo. Entre personalidades, artistas e políticos. Mas, principalmente, entre anônimos, a quem nunca negou um autógrafo, uma foto, um beijo, um abraço, uma dança. Uma história para contar. Dona Thomyres Aragão, 79, foi ao enterro “fugida da família”. A técnica de enfermagem Carmem Feitosa, 59, carregava o LP A volta, autografado em 1980.
Bêbados, muitos bêbados, agradeciam aos gritos, falavam do encontro com o Rei, cantavam, mandavam beijos em direção ao caixão. Com lágrimas nos olhos, os fãs fizeram festa no cemitério. A família seguiu os passos de Rossi. Aproximou o Rei dos súditos. Aumentou o volume do som, deixou que todos acompanhassem os clássicos inesquecíveis.
Rossi recebeu de volta o carinho distribuído, sem distinção de título, classe, cor, gênero, nos mais de 50 anos de carreira. Mais do que um ícone para a música romântica brasileira, um estímulo para os contemporâneos e uma referência para os artistas da nova geração, o exemplo de ser humano que foi estava latente nas declarações de familiares, amigos e desconhecidos. As músicas se eternizam por si. A lição de simplicidade, respeito e humildade precisa ser preservada. Vida longa ao Rei.
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