Em entrevista de balanço do ano, Governador e presidenciável manda recado ao PT
Publicado em 21/12/2013, às 13h24
Do JC Online
Foto: Clemilson Campos/JC Imagem
JORNAL DO COMMERCIO - O PSB alertou muito este ano para a necessidade da presidente Dilma Rousseff (PT) ganhar 2013. O senhor acha que ela ganhou?
EDUARDO CAMPOS - Vamos ver em 2014.
JC - O senhor ganhou 2013?
EDUARDO - Você tem
dúvida? O único brasileiro que tem dúvida é vossa excelência, porque,
se você olhar os analistas do Brasil, todos não podiam imaginar em 2012
que a gente ia chegar em dezembro de 2013 desta forma aqui. Hoje, há
três conjuntos políticos discutindo o futuro do Brasil. O meu partido,
que nunca esteve neste posicionamento, contrariando a expectativa de
muitas pessoas que escreveram muitas coisas prevendo outros enredos...
o que acontece é que chegamos ao final de 2013 sendo o partido que
cresceu neste processo, cresceu nossa unidade, cresceu o respeito da
sociedade sobre nosso partido, crescemos porque recebemos companheiros
como Marina Silva e tantos outros, começamos a receber a chegada de
outros partidos, que também vêm se somar a um debate programático,
porque crescemos nos números mesmo sem ter conhecimento da sociedade
brasileira e isso, claro, que faz com que a gente entre em 2014 muito
animado com o que vai acontecer. Acho que vamos fazer um grande ano.
Vamos procurar fazer um debate sobre o Brasil, sobre o futuro. Não é um
debate para a eleição, para agredir ninguém. Não dá para dizer que
somos donos da verdade. Vamos expressar o que estamos ouvindo. Acho que
vamos dar nossa contribuição. Vamos nos submeter democraticamente à
opinão pública. A população vai julgar.
JC - O senhor está
preparado para a guerra que deve ser travada com o PT? Há uma máquina,
que resgata reputações, por exemplo. Como o senhor vai enfrentar todo
este desafio nacional?
EDUARDO -Olhe, eu
nunca fui de abandonar sonhos, principalmente quando os sonhos são
coletivos. Eu fiz isso em 2006 e vocês viram as circunstâncias nas
quais eu fiz. Eu tenho uma caminhada de vida que me ensinou muito na
adversidade. Aprendi a lutar desde cedo, não comecei a lutar agora.
Comecei a lutar para ficar vivo, nasci numa família de perseguidos
políticos. Tenho energia, humildade para corrgir falhas, tenho
capacidade de fazer amigos e ter a solidariedade do meu povo e tenho
determinação. As tarefas que me são entregues, eu só paro quando dou
conta dela. Eu vou dar conta da tarefa que meus companheiros me
incumbirem de cumprir, com muita tranquilidade.
JC - O senhor não
percebe uma mágoa do PT, do ex-presidente Lula, da presidente Dilma
pelo fato de o senhor ter rompido uma aliança que durava anos? Nos
batidores, os petistas querem botar no senhor a pecha de traidor...
EDUARDO - Eu vou
discutir o que interessa à sociedade, que é o futuro do Brasil e de
Pernambuco. A agenda que está na vida das pessoas. Esta é que me pauta.
Este discurso de mágoa, de raiva, de ressentimento, nunca foi minha
praia e ele já foi testado e derrotado na eleição de 2012 diante de
vocês. Vocês assistiram este discurso ser feito e vocês assitiram ele
ser derrotado. Não por mim. Quem derrotou este discurso foi o Recife,
que, de forma clara, colocou esta questão. Cada um faz o discurso que
entende que deve fazer. O nosso é pautado na agenda do povo, do futuro,
respeitando nossas adversários e nossa história. Nunca nos afastamos
dos compromissos históricos que tivemos. Nunca fizemos alianças com
determinado tipo de gente e comportamento. E achamos que estas alianças
como estão feitas não vão legar ao Brasil nada de novo se elas
perduram. O que esta aliança política que está em Brasília hoje tinha
que dar ao Brasil já deu. O que ela pode agora é tomar do Brasil. Tomar
esperança, o sonho, a possibilidade do Brasil retormar o crescimento,
tomar a eficiência, a capacidade de fazer política respeitando a
cidadania, ampliando o muro que existe entre o brasileiro de carne e
osso e os políticos. Nós queremos quebrar o muro que existe hoje entre
a velha política e os brasileiros de carne e osso, que querem um
política mais transparente, uma administração que respeite o dinheiro
público e busque eficiência, que não ouve o povo só em época de eleição.
JC - O senhor fala em
nova política, em exterminar as raposas, mas é questionado, por
exemplo, por ter ex-prefeitos ocupando cargos no governo, empregar
também parentes, ter como aliado o presidente da Assembleia Legislativa
(Alepe) - que tem quatro mandatos seguidos como presidente e, para
isso, precisou mudar o regimento interno da Casa -, tem uma aliança
muito grande que sustenta seu governo e tem aliados questionáveis, como
o ex-senador Jorge Bornhausen (SC). Não é contraditório?
EDUARDO - Veja, esta
questão da nova política é algo que a gente vem fazendo efetivamente em
Pernambuco e vem fazendo nos espaços de poder que nos foi delegado pela
população. Nós chegamos aqui em 2006 exatamente falando em um novo
Pernambuco e em nova forma de governar. O fato é que nós inauguramos
uma nova forma de governar. Fizemos de forma inovadora em todas as
áreas. O novo você não faz em cima de nada e do dia para a noite. Faz
em cima do que existe e aí o novo vai crescendo ao tempo em que tudo
seja novo. Nós temos feito uma nova política, que valorizou o servidor
público, a gestão, a transparência, a entrega. Se não houvesse
resultado, não teríamos tido o apoio que nós temos. Quando você vê a
renovação política no Brasil, a candidata que teve 20 milhões de votos
expressando a nova política, não tem o direito de criar um partido pela
lei brasileira e procura nesta cena política alguém que possa expressar
esta renovação e procura o PSB para se filiar e me procura para ser
candidato a presidente da República.... você acha que quem está fazendo
um julgamento mais isento: de um lado, o povo pernambucano, que me
elegeu com 83% dos votos, e uma brasileira que teve 20 milhões de
votos, do outro lado alguns companheiros, a quem respeito, com que
acabei de disputar uma eleição e eles perderam e vou disputar outra
eleição com eles... quem está fazendo este julgamento mais isento? A
história é que vai julgar.
JC - O senhor atraiu a
ex-corregedora-nacional de Justiça Eliana Calmon para o PSB em um ano
de prisões do Mensalão, de movimentos de ruas em favor de ética, uma
bandeira que está solta no País. O senhor quer esta bandeira?
EDUARDO - Veja, Eliana
Calmon representa para nós a possibilidade de a gente oxigenar e
melhorar a política pelo respeito que a gente tem pela política. Todo
mundo sabe que, para melhorar o Brasil, vamos precisar melhorar a
política, porque é ela que vai tomar as decisões sobre o futuro. Você
acha que o velho arranjo do presidencialismo de coalizão, dos 39
ministérios, de todo aquele conjunto que cerca ali - e, muitas vezes,
eu acho que até constrange a presidente - vai apresentar algo de
inovador, como foi inovador a luta pelas Diretas Já, pelo impeachment,
como foi inovador a chegada do primeiro filho do povo brasileiro à
Presidência da República? Você acha que esta inovação que está sendo
reclamada, que estas mudanças que precisam ser feitas poderão ser
feitas se a gente não melhorar a política? Como melhorar a política?
Dizendo não a todos os políticos? Não, não é assim. É trazendo jovens,
trazendo artistas, intelectuais, servidores públicos, pessoas que
acumularam experiências, como Eliana Calmon.
JC - Como o senhor vê esta análise de que o PSB, na oposição, será uma linha auxiliar do PSDB?
EDUARDO - Nós estamos
terminando um ano que tivemos grandes resultados ao meu ver. Resultado
para o Estado, sendo o que mais investe no Nordeste. Conseguimos
preservar todos os investimentos que estavam direcionados para cá,
consolidamos resultados, como no Pacto pela Vida. Ano em que
conseguimos atravessar do ponto de vista administrativo com muitas
entregas para 2014 e acho que ganhamos o ano. Do ponto de vista
político, também ganhamos, porque tratamos o debate com muito respeito.
Nós respeitamos todos. Nunca tive uma palavra de tentar desqualificar
seja o conjunto político da presidente Dilma - muito menos ela
pessoalmente - ou a relação de grande respeito - que não é de hoje -
com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), com quem eu não compartilho um
palanque nacional desde as eleições diretas do Doutor Tancredo, mas
mantive uma relação respeitosa...
JC - Mas como o senhor vê esta provocação de que será linha auxliar do PSDB?
EDUARDO - Eu, efetivamente, não vou olhar para provocação. Vou olhar para o futuro do País.
JC - Em relação à
eleição para a sucessão do senhor no próximo ano, o que vai balizar a
escolha do candidato do PSB que vai disputar?
EDUARDO - O que seja melhor para Pernambuco. Não é melhor para o PSB. A referência é o povo e Pernambuco.
JC - E o que significa
ser melhor para Pernambuco? Qual o perfil do nome que deve ser
escolhido, alguém que está hoje no seu governo, um nome técnico, como
foi Geraldo Julio na eleição para prefeito no ano passado, ou um
político?
EDUARDO - Não há
decisão tomada entre nós sobre perfil. O valor que eu acho que devemos
dar a este debate é que seja um nome que tenha capacidade de, com a
ajuda dos outros, ser o melhor para Pernambuco. Não é melhor para o
partido A ou B, que seja o melhor para Pernambuco.
JC - Como o senhor vê esta pressa para que o candidato seja escolhido?
EDUARDO - De quem esta
pressa? Na verdade, cada coisa ao seu tempo. Neste momento, não tem
absolutamente ninguém na sociedade focando o debate eleitoral, a não
ser político querendo mandato, dirigente partidário e jornalista de
política por dever de ofício. A política hoje não é o assunto principal
do brasileiro. A gente precisa decidir estas coisas no tempo adequado.
JC - Ano passado o
senhor resgatou a aliança com o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Como
vai ser a participação dele na campanha de 2014?
EDUARDO - Eu acho que
o senador tem tido um mandato de grande respeito. Ele teve um gesto
importante em 2012 com o conjunto da Frente Popular, quando, de maneira
desprendida, fez um movimento de apoio à candidatura de Geraldo Julio,
e eu acho que ele, como a liderança que é, deve ter um papel importante
junto com todas as lideranças da Frente Popular para garantir
exatamente sustentação política a um projeto nacional e a um projeto
aqui em Pernambuco.
JC - A gestão do senhor é reconhecida, mas qual autocrítica o senhor faria? O que o senhor gostaria de ter feito, mas não fez?
EDUARDO - Esta pergunta eu vou te responder no final do ano, proque tem muita coisa que ainda vai ficar pronta.
JC - Pernambuco não
consegue sair das últimas posições do Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (Ideb). Dentro dessa perpectiva, por que o Governo do
Estado está querendo municipalizar as escolas estaduais? Se o Estado,
que tem mais dinheiro, não consegue reverter o quadro do Ideb, como os
municípios vão conseguir?
EDUARDO - Na verdade,
o trabalho que estamos fazendo na educação em Pernambuco vem do esforço
de a gente poder sair investindo em um padrão completamente diferente
do usual. A gente pode ver que tínhamos uma média de investimento na
ordem de R$ 44 milhões e pulamos para R$ 300 milhões. Tivemos um
processo de garantir a formação dos professores dos municípios para que
todos tivessem direito de fazer a licenciatura plena. Mudamos a lei
para fazer com que o resultado do Ideb da escola fosse um ponderador
importante na distribuição do ICMS, para que os municípios se sentissem
motivados. Ou seja, é um planejamento, uma coisa sensata. Não é
desmonte. Cocê vai organizando a rede para ter e atingir o objetivo,
que é o Ensino Médio integral. Fazer onde dá para fazer, com critérios.
É o que temos feito. O Ideb vem melhorando em Pernambuco.
JC - As escolas
técnicas e de referência dialogam muito com a qualificação
profissional. O estado vive a demanda de mão de obra qualificada. Suape
viveu em seu processo de construção uma presença muito forte dos
trabalhadores de fora. Na fábrica da Fiat, há uma queixa de que muitos
trabalhadores que atuam não são de Pernambuco. Como é que os alunos que
saem das escolas de referência vão engordar as estatísticas de mercado
de trabalho nos grandes empreendimento ou nas cadeias que estão se
formando no Estado?
EDUARDO - Na verdade,
as estatísticas têm sido engordadas, a menos que você não esteja
consultando as estatítsicas. As que eu consulto, como o desemprego do
IBGE... quem mede desemprego? Sou eu?
JC - As escolas
técnicas preparam para o mercado industrial prioritariamente. É mercado
que paga melhor, tem aumentado participação do PIB e é o motor da nova
economia. O desemprego é reduzido sim, mas está muito ligado a comércio
e serviços, que não exigem nível de qualificação tão alto quanto a
indústria. Na indústria de construção pesada, por exemplo, 60% dos
empregados da Refinaria Abreu e Lima são de fora. Ou seja, não são
taxas de inserção que se esperava do trabalhador pernambucano
qualificado neste novos desenhos da economia...
EDUARDO - O perfil das
escolas técnicas é discutido dentro de um olhar de planejamento da
matriz eocnômica que se forma no Estado. Você não vai formar uma pessoa
para fazer uma obra só. Vai formar para que ela siga se formando em um
tempo em que formação continuada será uma exigência para qualquer
trabalhador. Nossa visão foi exatamente de uma realidade em que a gente
teve que enfrentar o maior desemprego, Recife foi campeã de desemprego
sempre nas estatísticas do IBGE. Então, a redução do desemprego que foi
expressa em Pernambuco nunca houve. Tivemos 576 mil empregos de
carteira assinada. Este conjunto tem exatamente uma nova matriz. Você
não pode impedir que um empresário que tem um mestre de obra há 20
anos, que tem um cara da Bahia fazendo um reparo, que ele demita 22
operários que trabalham com ele e contratem 22 em Pernambuco. Eu
gostaria que 100% dos trabalhadores fossem pernambucanos, mas entre
gostar e poder tem esta engrenagem.
JC - Houve um inchaço
demográfico por um período em Suape, que deixou algumas feridas sociais
no território ao lado, como Gaibu: violência, tráfico de drogas,
gravidez precoce, desordenamento urbano. Qual é a avaliação pragmática
do governo sobre o entorno social de Suape?
EDUARDO - A primeira
constatação é um reconhecimento que eu acho que deve ser feito a uma
decisão que não foi anunciada por nenhum estudioso, que foi a decisão
correta de fazer a inversão da fábrica da Fiat para o Litoral Norte,
que veio de estudos que nós ja vínhamos encomendado, não nos foi
sugerido. Uma série de questões envolvem o poder público municipal -
ordenamento urbano -, uma série de questões que já eram muito ruins
antes de Suape ter esta situação. Já eram péssimas. O padrão de
desenvolvimento da Mata Sul pernambucana nunca foi sustentável,
correto, humanamente perfeito. Tem a marca da escravidão, a marca da
maior mortalidade infantil, da pior habitabilidade da região. Esta era
a situação real.
JC - Um levantamento
feito pela Secretaria de Trabalho e Qualificação apresentado
recentemente aponta para a extinção de 42 mil postos de trabalho em
Pernambuco no curto prazo, com o fim, por exemplo, das obras da
Refinaria Abreu e Lima, e a criação de 6 mil. Ou seja, as estatísticas
de desemprego podem aumentar. Como equacionar este problema?
EDUARDO - Não, não
vamos engordar as estatísticas de desemprego, porque vamos gerar os
empregos que são necessários. Desligamento há todos os meses. Nosso
trabalho é poder o quanto menos desligar, porque tem mais obra. É o que
eu tenho falado: o Brasil precisa voltar a crescer, porque, se a gente
tiver, como tivemos, três anos - 2011, 2012 e 2013 - em que o Brasil
começou a crescer a metade do que vem crescendo tem um problema no
País, que não vai ser resolvido no Cabo de Santo Agostinho, em Ipojuca
ou em Goiana, tem que ser resolvido no Brasil. O Brasil precisa
reencontrar o seu crescimento econômico em outro ritmo. Este é um dever
de casa fundamental que Brasil terá de fazer, com a ajuda dos estados
que estão investindo. E aí está a prova de que o Governo do Estado tem
ajudado o Brasil. Se a 10ª economia termina o ano mais duro para os
Estados investindo o que estamos investindo... procure ver nos números
que estão nos balanços quanto a Bahia investiu este ano - um Estado que
tinha um PIB que era o dobro do nosso, que tem as circunstâncias
políticas que se assemelham às nossas na relação com o governo federal
-, você pega um balanço de janeiro a agosto e a Bahia tem R$ 700
milhões e Pernambuco com R$ 2,1 bilhões, três vezes mais. Estamos
procurando gerar estes ligamentos (de empregos). Nossa parte estamos
procurando fazer. O que precisa melhorar é o ambiente econômico. É
importante que todos façam sua parte.
JC - O Complexo de
Itaquitinga é uma Parceria Público-Privada (PPP) e as obras estão
empacadas. A Arena da Copa passa por um processo de recálculo do valor
final. O Arco Metropolitano primeiro foi concebido como PPP, mas virou
uma obra federal. A BR-232 seria uma PPP, que foi questionada e o
Estado recuou. Por que há tantos problemas no programa de PPP do
Governo de Pernambuco?
EDUARDO - Hoje, o
Brasil está consciente de que, para melhorar a economia, é fundamental
melhorar os investimentos. Para melhorar os investimentos, precisamos
ter mais investimento público e mais privado. O Brasil tardiamente
começou a apostar nas concessões e PPPs. Pernambuco fez isso antes do
nosso governo. E nós estamos terminando um ano, que é mais um difícil
para o Brasil, temos um baixo crescimento, um ano que sucede outro que
teve baixíssimo crescimento, uma série de medidas econômicas foram
tomadas para animar a economia e custaram muito aos cofres dos estados
e municípios, sobretudo os mais pobres do Norte e Nordeste, que têm nas
receitas compartilhadas uma grande expressão da sua receita. Nós, desde
o início, estamos fazendo um grande esforço de elevação dos nossos
investimentos. Podemos mostrar isso: em quatro anos, multiplicamos por
quatro os investimentos públicos em Pernambuco, onde não estão as PPPs.
Somos hoje o quarto Estado que mais investiu, quando somos a 10ª
economia. Isso é fruto de trabalho, planejamento, da capacidade de
buscar financiamentos e traduzir em obras. Ao lado disso, exercitamos
PPPs na forma da lei, que foi votada inclusive no governo que nos
antecedeu. Todos estes editais passaram pelos órgãos de controle e não
há um "senão" sobre qualquer edital ou contrato. Todos eles estão sendo
cumpridos e rodados de maneira completamente adequada e dialogam com
setores importantes para a vida do Estado. Agora, você tem uma parceria
que foi proposta por um grupo privado que enfrentou problemas de
financiamento com a obra do Presídio de Itaquitinga, mas vem procurando
pagar os trabalhadores e fornecedores. Neste momento, não há R$ 1 do
Governo do Estado lá dentro do presídio, é tudo dinheiro privado. Há
tempo contratual para que isso seja resolvido.
JC - Mas alguns dos
maiores especialistas em PPP do Brasil, o Tribunal de Contas e o
Ministério Público questionaram a falta de transparência, colocaram que
não há um debate muito intenso no programa de PPP de Pernambuco...
EDUARDO - Nós paramos
para discutir. Cumprimos o devido processo. NÓS pegamos o que foi
recomendado na questão do saneamento pelo Tribunal de Contas e
colocamos "ipsis litteris" no contrato. Para fazer uma afirmação desta
você precisa visitar o contrato e visitar o acórdão do Ministério
Público de Contas. O contrato foi a expressão do acórdão.
JC - Temos o bordão
“Imagina na Copa”, que tem grande relação com a mobilidade. Por que
temos a impressão de que o trânsito do Recife é tão infernal? Ou ele é
infernal mesmo?
EDUARDO - Eu lamento
que o Brasil tenha discutido mobilidade só quando o tema copa entrou. A
gente começou a discutir mobilidade em 2006. A gente nem sabia que o
Brasil ia ser sede da Copa, botei no programa de governo “aumentar o
transporte público de passageiros”...
JC - Mas é muito
difícil encontrar um usuário de transporte público da Região
Metropolitana do Recife que considere o serviço pelo menos razoável...
EDUARDO - Eu não estou
discutindo que é razoável. Eu estou discutindo que, em três décadas,
dobramos as cidades, coincidiu com décadas de baixíssimo investimento,
nós botamos carro por cima e fomos discutir mobilidade só como uma
fração da Copa. Este é o fato. Aqui, discutimos isso antes. É uma
questão de justiça histórica, faz quem quiser fazer. Este olhar sobre a
mobilidade que temos feito vai legar um sistema que tenha opção pelo
público, com corredores exclusivos, padrão que é completamente
diferente da nossa realidade, relação com empresariado por licitação,
sistema integrado de ônibus, metrô, aeroporto, barco...
JC - Então por que
ainda temos desastres como o Terminal Integrado de Xambá e a reforma da
Avenida Presidente Kennedy? É falta de integração com as prefeituras?
EDUARDO - Veja bem,
não tem “desastre de Xambá”. Tem um Terminal colocado em operação e
que, para colocar, tem que ir comissionando, um negócio que envolve 40
mil pessoas... A Presidente Kennedy tem um problema secular de
drenagem, um problema municipal conhecido, de ordenamento urbano, de
comércio, que é diferente de mobilidade. Para quem se locomove - o
projeto foi feito antes da minha gestão - o tempo encurtou. Isso é
fato. Agora, o problema dos comerciantes, do alagamento, do ordenamento
urbano vocês têm de convir que não é problema de mobilidade ligado à
ação direta do Estado.
JC - Quando as pessoas vão sentir, no cotidiano, os efeitos destes investimentos em mobilidade?
EDUARDO - Em 2014 temos muita obra para entregar, vocês sabem disso. Grandes e importantes entregas.
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