A partir de março, Lula vai colar na presidente e se dedicar totalmente à campanha eleitoral de 2014
Publicação: 20/12/2013 23:14
Petistas acreditam que o reforço de Lula será fundamental na campanha eleitoral. Foto: Iano Andrade/CB/D.A Press |
Em reunião com o PP, no fim de novembro, Lula afirmou, segundo relato de um dos participantes, que irá a todos os estados e dará atenção especial ao Nordeste. Nessa região, Dilma disputará votos, desta vez, com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), pré-candidato ao Palácio do Planalto. O Nordeste é a região em que tanto Lula quanto Dilma tiveram mais votos nas eleições presidenciais.
A estrategia será de manter Lula o mais tempo possível em solo pernambucano. Os petistas acreditam que, desta forma, forçariam Eduardo Campos a sair menos do estado, evitando que ele percorra o país e dispute votos que poderiam ser da presidente Dilma.
Em outros estados, o ex-presidente pretende subir em palanques aos quais Dilma eventualmente não poderá ir, por falta de acordo entre os partidos de sua base aliada. Onde houver mais de um candidato da base do governo, e não houver entendimento entre eles para que Dilma suba em mais de um palanque, ela não irá. Já Lula pretende passar por cima disso, o que deve causar gritaria entre os aliados.
No Rio, por exemplo, o comitê informal da campanha à reeleição de Dilma negocia para que ela possa ir a quatro palanques no estado: Lindbergh Farias (PT), Luiz Fernando Pezão (PMDB), Marcelo Crivella (PRB) e Anthony Garotinho (PR). Por enquanto, o governador Sérgio Cabral, padrinho da candidatura de Pezão, não aceita. No caso de Lula, mesmo que esse acordo seja fechado no Rio, ele poderia, por exemplo, pedir votos só para Lindbergh, não estando preso aos entendimentos feitos pela campanha presidencial.
“O Lula é PT. Os compromissos (com aliados) são dela, da candidata”, disse um dirigente petista, antecipando o argumento a ser utilizado para tentar conter eventuais queixas de aliados diante da presença do ex-presidente em palanque adversário.
A participação de Lula na campanha deve ser calibrada. Há uma preocupação no PT que ele ofusque Dilma. Assim, mais do que uma estratégia eleitoral, o plano já manifestado em entrevistas pelo ex-presidente de ele e Dilma se dividirem - quando ela estiver fazendo campanha no Sul, ele estará no Norte e vice-versa - teria essa preocupação.
O mesmo cuidado existe em relação ao dia a dia do governo. Lula dá palpite em tudo, inclusive na reforma ministerial planejada para o primeiro quadrimenstre, mas pisa em ovos para não parecer que governa. Pelo país, ele tem sido cauteloso ao fazer reuniões com lideranças políticas, temendo passar a impressão de um “governo paralelo”. Lula e Dilma se reúnem a cada 15 dias, em média.
No caso do Ministério, Lula vinha reclamando do fato de Dilma privilegiar nomes técnicos. Pressionada pelo ex-presidente, ela desistiu de nomear os secretários executivos para os ministérios que ficarão vagos em 2014. Dez ministros deixarão o governo para disputar as eleições. Aconselhada por Lula, Dilma vai usar a reforma ministerial para tentar amarrar o apoio de partidos aliados à sua reeleição.
O ex-presidente tem tentado ainda interferir na relação de Dilma, ou na falta dela, com o empresariado, que considera seu governo intervencionista e reclama de ausência de diálogo.
Divergências entre Dilma e Lula e o risco dele ofuscá-la são tabus no governo e no PT. Auxiliares de Dilma e dirigentes petistas dizem que estão em “sintonia”, e que Dilma tem capacidade própria de atrair votos, embora reconheçam que Lula é mais popular.
Dilma, no entanto, tenta sair da sombra de Lula. Com o programa Mais Médicos seu governo ganha uma marca própria, que já começou a ser explorada na pré-campanha.
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