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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Alex na Folha Recordando crônicas - II (Final)


O tempo do colunismo especificamente social, ou o antes e o depois, foi de grande valia porque representou uma imens


a oportunidade para conhecer as infinitas mutações da natureza humana.
Conheci pessoas a quem dediquei atenção profissional, até mesmo laços de amizade, depois eles foram esquecendo e eu também.

Vou confessar um dos meus pecados atuais: ler e olhar as colunas sociais, olhar bem os retratos e dizer: essa aqui fez plástica, colocou botox, passou por dermatologistas que se transformaram em especialistas para eliminar pequenos defeitos da face sem o bisturi.

Muitos olhos, incluindo o contorno dos cílios, sobrancelhas, foram feitos com a mesma técnica da tatuagem, ficando certinhas, sem precisar fazer os retoques por dia, porque não perderão o traço preto, ou marrom-escuro, mesmo o louro-mel.

Temos grandes especialistas para esse mesmo tipo de embelezamento permanente.

Caso as rugas intefiram não haverá problemas, o desenho da tatuagem mostra um pedacinho de ruga bem natural.

O que acho uma temeridade é querer ter os lábios iguais aos da Angelina Jolie, a boca mais copiada pelas mulheres do mundo inteiro.

Os lábios da Angelina são grandes, grossos, com modulações pequeniníssimas e sensuais.

Nas bocas recriadas para copiar o modelo daquela atriz, em inúmeros casos, as bocas tornam-se beiços excessivamente carnudos.

Noutros casos olho a foto de pessoas, homens ou mulheres que há muito tempo não encontro e fico surpreso com a rápida corrida do tempo em suas faces e no corpo.
Mas em todas as circunstâncias fico sempre tranquilo.

Meus cabelos são discretamente crespos ou ondulados e gostaria que fossem lisos. 

Já pintei até os cabelos de preto total, nos tempos em que apresentava programa de televisão, mas só um mestre como Edelson sabe conseguir uma cor escura bem natural.
Ele e mais ninguém.

Logo encerrei a época de ficar diante das câmeras e deixei que os cabelos ficassem entre o cinza e branco.

Até cavalheiros famosos e seríssimos já me disseram: “gostaria do ondulado e da cor dos seus cabelos”.

Vou fazer uma autocrítica: acho que estou escrevendo coisas banais. 

Mas também faço a pergunta: 
Mas qual seria o livro que eu iria escrever?
Romances, nem pensar; ensaios, estes parecem cópias de outros livros; históricos, pior ainda, como se tivesse feito uma “pesquisa” em bibliotecas de grandes centros culturais que estudam a história dos países nos vários séculos.

Ninguém contesta só porque é difícil, complicado, com muita poeira o acesso aos livros antigos.

Então, as amenidades surgem para salvar o que sempre gostei de ser, ter apenas o talento para o que chamo a crônica poética, uma prosa fácil, entremeada por boas frases que surgem espontaneamente quando escrevemos o texto, descompromissados.

Joguei muitas latas em poços, presas por uma corda, para ver se elas me traziam o que chamam profundidade e intelectualidade.
Nada, mas nada mesmo.
Sou o que sou.

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