Alex na Folha
Borboletas
Para escrever com emoção é preciso um pouco de paz, de recolhimento, de silêncio.
Uma notícia corriqueira para a coluna diária ou toda a coluna, posso redigir em meio ao zum-zum da redação, com companheiros falando, outros interrompendo o trabalho para contar um fato qualquer.
Mas, as anotações do cotidiano exigem um espaço onde as ideias fiquem na cabeça, como borboletas.
Com um golpe rápido estiro um braço e aprisiono uma delas entre as mãos.
O poeta Mário Quintana já escreveu que não devemos andar procurando borboletas e reclamando porque elas não aparecem mais. Basta ter um jardim, com muitas flores, que as borboletas aparecem. São os mistérios da natureza.
O símbolo da borboleta como algo belo, delicado, aéreo foi criação minha mas refletiu uma ideia que estava oculta na minha cabeça: conseguir uma frase leve, colorida, bela como uma borboleta.
Alguns poetas precisam de musa, a mulher ideal de seus sonhos.
Eu faço por menos, quero pássaros, flores, borboletas, uma árvore solitária e imensa com verde escuro, com forma arredondada, surgindo como desafio no mar do canavial.
Toda criatura humana é um ser feito de contrastes.
Não me lembro de ter conhecido, na vida real ou na literatura, em todas as tentativas de enfocar o ser humano, alguma pessoa que fosse única, face lisa, que se entrega ao primeiro olhar, em nuances ou mistérios para diferenciar os contornos, o claro-escuro.
Somos feitos de contrastes, todos, e isto deve dar um colorido, um outro sabor à alegria de viver.
O que sinto hoje não poderei garantir como uma constante em meus sentimentos, amanhã.
Hoje estou amando, amanhã pode surgir o ódio.
Estão tão próximos os dois sentimentos.
Ninguém escapa dessas imponderáveis transformações.
Antes queríamos conquistar a liberdade.
Era o fundamental.
Hoje existe a liberdade, mas então é preciso atingir outro plano, talvez mais importante: a tolerância.
Dizem que é contraditoriamente mais difícil.
A liberdade podemos conquistar, a tolerância é algo mais subjetivo.
Temos de dar, oferecer, gerar dentro de nossas mentes e sentimentos.
Não depende de cada um em particular, mas de todos.
Se por acaso o mundo atual não se tornar mais tolerante e compreensivo, a liberdade terá sido inútil.
O homem torna-se realmente livre quando aceita não somente a si próprio, mas aos outros.
Nota da redação:
Em decorrência do estado de saúde de Alex, os textos publicados nesta coluna estão sendo extraídos do livro “Além da Epiderme”, de autoria dele e publicado pelas Edições Bagaço em 2008
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Uma notícia corriqueira para a coluna diária ou toda a coluna, posso redigir em meio ao zum-zum da redação, com companheiros falando, outros interrompendo o trabalho para contar um fato qualquer.
Mas, as anotações do cotidiano exigem um espaço onde as ideias fiquem na cabeça, como borboletas.
Com um golpe rápido estiro um braço e aprisiono uma delas entre as mãos.
O poeta Mário Quintana já escreveu que não devemos andar procurando borboletas e reclamando porque elas não aparecem mais. Basta ter um jardim, com muitas flores, que as borboletas aparecem. São os mistérios da natureza.
O símbolo da borboleta como algo belo, delicado, aéreo foi criação minha mas refletiu uma ideia que estava oculta na minha cabeça: conseguir uma frase leve, colorida, bela como uma borboleta.
Alguns poetas precisam de musa, a mulher ideal de seus sonhos.
Eu faço por menos, quero pássaros, flores, borboletas, uma árvore solitária e imensa com verde escuro, com forma arredondada, surgindo como desafio no mar do canavial.
Toda criatura humana é um ser feito de contrastes.
Não me lembro de ter conhecido, na vida real ou na literatura, em todas as tentativas de enfocar o ser humano, alguma pessoa que fosse única, face lisa, que se entrega ao primeiro olhar, em nuances ou mistérios para diferenciar os contornos, o claro-escuro.
Somos feitos de contrastes, todos, e isto deve dar um colorido, um outro sabor à alegria de viver.
O que sinto hoje não poderei garantir como uma constante em meus sentimentos, amanhã.
Hoje estou amando, amanhã pode surgir o ódio.
Estão tão próximos os dois sentimentos.
Ninguém escapa dessas imponderáveis transformações.
Antes queríamos conquistar a liberdade.
Era o fundamental.
Hoje existe a liberdade, mas então é preciso atingir outro plano, talvez mais importante: a tolerância.
Dizem que é contraditoriamente mais difícil.
A liberdade podemos conquistar, a tolerância é algo mais subjetivo.
Temos de dar, oferecer, gerar dentro de nossas mentes e sentimentos.
Não depende de cada um em particular, mas de todos.
Se por acaso o mundo atual não se tornar mais tolerante e compreensivo, a liberdade terá sido inútil.
O homem torna-se realmente livre quando aceita não somente a si próprio, mas aos outros.
Nota da redação:
Em decorrência do estado de saúde de Alex, os textos publicados nesta coluna estão sendo extraídos do livro “Além da Epiderme”, de autoria dele e publicado pelas Edições Bagaço em 2008
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