Com o nível dos reservatórios baixando, hipótese tachada como ridícula por Dilma, há duas semanas, preocupa o governo. Prometida redução de tarifas está se tornando inviável
Publicado em 08/01/2013, Jornal do Comercio
Nível baixo dos reservatórios pode acarretar em racionamento
Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem
Tachada como "ridícula" pela presidente Dilma Rousseff há apenas duas semanas, a hipótese de racionamento de energia elétrica entrou no radar do governo. “A questão é que agora passamos a considerar algo que antes não fazia sentido pensar", disse uma fonte da área técnica. “O nível dos reservatórios está baixando, então não podemos fechar os olhos para essa possibilidade”. A chance de se repetir em 2013 o "apagão” de 2001 é, porém, considerada pequena tanto no governo quanto no setor privado. O risco maior é haver aumento nas tarifas. Nesse caso, o corte nas contas de luz prometido pela presidente Dilma em cadeia de rádio e TV, em setembro passado, pode ficar menor do que o originalmente estimado. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), órgão do governo responsável por acompanhar e avaliar a segurança do suprimento de energia no País, se reúne na quarta-feira (9) para tratar da questão.
O Ministério de Minas e Energia insiste que é um encontro rotineiro, anteriormente agendado. Ainda assim, houve nervosismo no mercado financeiro. Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que os níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas de quase todas as Regiões do País chegaram abaixo ou muito próximo da curva de risco para geração de energia. A expectativa é de que as chuvas deste primeiro trimestre recomponham os níveis, mas os primeiros dias do ano deixam dúvidas.
O Ministério de Minas e Energia insiste que é um encontro rotineiro, anteriormente agendado. Ainda assim, houve nervosismo no mercado financeiro. Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que os níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas de quase todas as Regiões do País chegaram abaixo ou muito próximo da curva de risco para geração de energia. A expectativa é de que as chuvas deste primeiro trimestre recomponham os níveis, mas os primeiros dias do ano deixam dúvidas.
"O que acontecer em janeiro em termos de hidrologia vai definir a condição do sistema”, frisou o presidente da Associação Brasileira de Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), Flávio Neiva. Ele avaliou que, se as chuvas não retornarem ao nível normal, vai “acender o sinal amarelo”.
Isso não quer dizer que haverá racionamento como na gestão de Fernando Henrique, mas sim que o governo terá de tomar providências. “Há outras medidas para serem adotadas pelo lado da demanda, e também o despacho de térmicas mais caras, uso de gás”, citou. Essas alternativas, porém, têm custo elevado, com impacto nas tarifas. “O acionamento das térmicas já está atrapalhando os planos de Dilma de promover um corte médio de 20,2% nas tarifas de eletricidade”, disse Neiva.
Isso não quer dizer que haverá racionamento como na gestão de Fernando Henrique, mas sim que o governo terá de tomar providências. “Há outras medidas para serem adotadas pelo lado da demanda, e também o despacho de térmicas mais caras, uso de gás”, citou. Essas alternativas, porém, têm custo elevado, com impacto nas tarifas. “O acionamento das térmicas já está atrapalhando os planos de Dilma de promover um corte médio de 20,2% nas tarifas de eletricidade”, disse Neiva.
A mesma avaliação de Neiva é feita pelo diretor executivo da Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), César de Barros Pinto: “Estruturalmente, esse corte de energia [nas tarifas) é possível, mas conjunturalmente pode não ser”, comentou. O BTG Pactual vai além, ao estimar uma alta de 14% nas tarifas devido ao peso das térmicas.
Relatório assinado pelo analista Antonio Junqueira informa que um racionamento não é esperado, mas sim uma “forte pressão sobre preços da energia.” Ele calcula que, se a economia crescer 2% e as térmicas forem usadas em sua totalidade, os níveis dos reservatórios poderão subir 13% até o fim do ano. Mas, se o uso das térmicas for parcial, há risco de o País chegar a 2014 em “situação delicada.”
RESERVATÓRIOS - Os reservatórios das hidrelétricas no Sistema Interligado Nacional (SIN) continuam em níveis críticos, próximos aos registrados nos anos de 2000 e 2001, quando o governo precisou impor racionamento do consumo de energia, mostram dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Segundo especialistas, o governo terá de monitorar o sistema "com lupa” e torcer para chover. Se o racionamento não pode ser descartado, o mais provável é haver aumento nas contas de luz, por causa do uso de usinas termelétricas. No domingo passado, pelo último dado disponível, os reservatórios estavam com 28,54% da capacidade nas bacias do Sudeste e Centro-Oeste. Em dezembro, fecharam em 28,86%. Pouco antes do racionamento, o nível nessas bacias 70% da capacidade total – terminou 2000 com 28,52% e começou 2001 com 31,41% em janeiro.
“Quando divulgamos uma nota no fim do ano passado, os reservatórios do Sudeste estavam com 29,8%. Hoje, estão com 28,5%”, disse Cristiano Prado, gerente de competitividade industrial da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). A Firjan divulgou nota de alerta em 19 de dezembro.
Relatório assinado pelo analista Antonio Junqueira informa que um racionamento não é esperado, mas sim uma “forte pressão sobre preços da energia.” Ele calcula que, se a economia crescer 2% e as térmicas forem usadas em sua totalidade, os níveis dos reservatórios poderão subir 13% até o fim do ano. Mas, se o uso das térmicas for parcial, há risco de o País chegar a 2014 em “situação delicada.”
RESERVATÓRIOS - Os reservatórios das hidrelétricas no Sistema Interligado Nacional (SIN) continuam em níveis críticos, próximos aos registrados nos anos de 2000 e 2001, quando o governo precisou impor racionamento do consumo de energia, mostram dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Segundo especialistas, o governo terá de monitorar o sistema "com lupa” e torcer para chover. Se o racionamento não pode ser descartado, o mais provável é haver aumento nas contas de luz, por causa do uso de usinas termelétricas. No domingo passado, pelo último dado disponível, os reservatórios estavam com 28,54% da capacidade nas bacias do Sudeste e Centro-Oeste. Em dezembro, fecharam em 28,86%. Pouco antes do racionamento, o nível nessas bacias 70% da capacidade total – terminou 2000 com 28,52% e começou 2001 com 31,41% em janeiro.
“Quando divulgamos uma nota no fim do ano passado, os reservatórios do Sudeste estavam com 29,8%. Hoje, estão com 28,5%”, disse Cristiano Prado, gerente de competitividade industrial da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). A Firjan divulgou nota de alerta em 19 de dezembro.
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