Jornal GGN mostra que trechos vazados ao Estadão de delações de Flávio Gomes Machado Filho e Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, negam que o ex-presidente Lula tenha pedido ou recebido qualquer vantagem por apresentar a Andrade Gutierrez para o ex-presidente Hugo Chávez numa reunião em Recife; à força-tarefa da Lava Jato, Azevedo ainda negou que a empresa tenha pago propina a Lula via contratação fictícia de palestras, pela empresa LILS; executivo afirmou que as cinco palestras foram comprovadamente executadas por Lula
As delações, obtidas pelo Estadão, são de Flávio Gomes Machado Filho e Otávio Azevedo, executivo e ex-presidente da Andrade Gutierrez.
Consta nos documentos divulgados pelo Estadão os "detalhes" da participação de Lula em negócio da Andrade Gutierrez na Venezuela.
A edição do jornal, num primeiro momento, leva à interpretação de que Lula ajudou a burlar uma "concorrência internacional" em favor da empresa brasileira, mas as delações explicam o que aconteceu.
Em meados de 2008, a Andrade Gutierrez disputava na Venezuela uma obra com uma empresa de origem italiana, a Danielle. Percebendo que não chegaria a ser escolhida pelo então presidente Hugo Chávez, dirigentes da Andrade buscaram o contato de Lula, que disse que só ajudaria se nenhuma outra empresa nacional estivesse disputando o mesmo projeto.
Pela delação de Machado Filho, é possível compreender que na Venezuela não há lei de licitação como no Brasil. As empresas lá são contratadas por "indicação". A italiana tinha o apoio do governo daquele país. Por isso, a Andrade Gutierrez decidiu recorrer ao presidente brasileiro.
Tanto Mesquita quanto Azevedo afirmam que Lula não pediu nem recebeu nada em troca de apresentar a Andrade Gutierrez para Hugo Chávez numa reunião em Recife. Após o lobby de Lula, a Andrade Gutierrez ganhou o projeto, que foi executado com financiamento do BNDES.
À força-tarefa da Lava Jato, Azevedo ainda negou que a Andrade Gutierrez tenha pago propina a Lula via contratação fictícia de palestras, pela empresa LILS. O executivo afirmou que as cinco palestras foram comprovadamente executadas por Lula.
ONDE ESTÁ A DENÚNCIA?
O destaque do Estadão foi para a denúncia de que pela obra conquistada na Venezuela, com financiamento do BNDES, o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, procurou o executivo Flávio Machado para cobrar propina de 1% sobre o contrato fechado.
Segundo Otávio Azevedo - que disse ter ouvido a história de Machado - a Andrade Gutierrez pagou a propina supostamente exigida por Vaccari via doação oficial, contabilizada e registrada na Justiça Eleitoral.
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