Monoblocos feitos de material reciclado prometem reduzir o volume de lixo e garantir moradias dignas e ecológicas para a população carente.
Morar dignamente no meio urbano é um grande desafio, já que as habitações, mesmo populares, costumam ser caras. Um dos fatores que contribui para isso é o uso de sistemas tradicionais de construção. Por vezes, eles agravam, ainda mais, os impactos ambientais. Muitas das matérias-primas que poderiam ser recicladas ou reaproveitadas acabam indevidamente descartadas.
A falta de conscientização da população sobre a necessidade da separação e destinação adequada do lixo não é um problema apenas do Brasil. Esta é a infeliz realidade da maioria das regiões habitadas no mundo. Muitos dos materiais fabricados têm uma difícil degradação. Garrafas PET, materiais hospitalares e utensílios domésticos, por exemplo, podem levar, em média, duzentos anos para se decompor. E o atual estilo de vida adotado pelos humanos dificulta, cada dia mais, a redução de objetos descartados.
Foi pensando em uma maneira de evitar que materiais fossem perdidos e descartados que Fernando Llanos, da Colômbia, teve uma ideia: ele inventou um tipo de monobloco que tem sido destaque em publicações de diversos sites de arquitetura e engenharia. A tecnologia foi apresentada às pessoas em situação de vulnerabilidade social, através do projeto Conceptos Plasticos, fundado pelo Arquiteto Oscar Andrés Méndez e do qual Llanos é parceiro.
A técnica consiste na construção de edificações num sistema replicável de montagem com blocos fabricados através de resíduos de plástico e borracha. Estes materiais são derretidos e fundidos em processo industrial. Depois são injetados em um molde e transformados em grandes monoblocos, que se conectam uns aos outros, semelhante às peças da Lego. Com isso, qualquer pessoa pode fazer, rapidamente, vigas e paredes, sem que se tenham certas habilidades específicas.
A empresa tem trabalhado diretamente com as comunidades mais pobres e com as cooperativas de reciclagem. A ideia é ajudar os moradores locais, ensinando o método de construção de moradias e fabricação eficiente das peças dos monoblocos em materiais reciclados. Este é um meio de geração de renda, de instrução e de envolvimento entre cidadãos, associações, fundações e empresas.
Até o momento, desde a criação do projeto, já foram construídos quase cinco quilômetros de moradia. Em média, pode-se fazer uma casa com 100m², de baixo custo (em relação às construções tradicionais) em torno de cinco dias. Não há a necessidade de cimento. E a quantidade de entulho residual é pouco, algo positivo para o meio ambiente.
O primeiro benefício trazido pelas iniciativas de Llanos e Méndez é de dar um melhor destino ao ‘lixo reciclável’. O segundo é garantir um meio de construção de moradias mais dignas e ecológicas em comunidades carentes. Isto faz com que pessoas com menores condições sociais e econômicas possam ter o acesso à infraestrutura mais básica e ainda elevar sua autoestima. Esta é só uma das diversas maneiras de se tentar resolver o problema mundial de falta de moradia.
O vídeo abaixo, em especial, detalha um pouco mais do projeto:
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