O ministro das Relações Exteriores, José Serra, apresentou sua renúncia nesta quarta-feira (22).José Cruz/Agência Brasil
O ministro das Relações Exteriores, José Serra, apresentou sua renúncia nesta quarta-feira (22). Em uma carta enviada ao presidente Michel Temer ele justificou sua decisão alegando "problemas de saúde".
Em uma carta divulgada pelo Palácio do Planalto, José Serra, 74 anos, disse que sua saúde o impede "de manter o ritmo de viagens internacionais inerentes à função de chanceler". Ele não deu detalhes sobre o problema, mas também mencionou "dificuldades para o trabalho do dia a dia". José Serra foi ministro da Saúde de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e duas vezes candidato à Presidência. Ele derrotado em 2002 por Luiz Inácio Lula da Silva e em 2010 por Dilma Rousseff.
"Segundo os médicos, o tempo de restabelecimento adequado é de pelo menos quatro meses", acrescentou Serra. Em dezembro, Serra foi operado da coluna no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, estado que governou de 2007 a 2010. O ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, confirmou que a baixa do chanceler se deve ao problema na coluna.
Por causa dessa lesão, a equipe médica que o atendia o teria proibido de viajar de avião durante quatro meses. A decisão teria surpreendido o presidente, que chegou a pedir a Serra que não deixasse o cargo e apenas entrasse de licença médica. Segundo a Folha, José Serra teria mostrado os exames ao presidente e argumentado que iria se dedicar "integralmente" ao tratamento nos próximos meses.
Dança das cadeiras em Brasília
Desde maio, quando substituiu interinamente a presidente afastada Dilma Rousseff, destituída por manipular as contas públicas, Temer já perdeu seis ministros e um assessor próximo por desavenças internas, acusações de corrupção e problemas de saúde.
Serra foi a oitava baixa da gestão Temer. Até agora, deixaram o governo os ministros Romero Jucá (Planejamento), Fabiano Silveira (Transparência, Fiscalização e Controle), Henrique Alves (Turismo), Marcelo Calero (Cultura) e Fábio Medina Osório (Advocacia-Geral da União), além de um de seus principais articuladores políticos, o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo).
Em sua gestão como chanceler, Serra fez duros pronunciamentos contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro, sendo um dos promotores da suspensão da Venezuela do Mercosul. Ele também alavancou a aproximação com o presidente da Argentina, o liberal Mauricio Macri. Uma das últimas propostas de Serra era estender pontes com o presidente americano, Donald Trump, diante das fortes críticas do magnata ao México.
A renúncia de Serra é um problema a mais para Temer, envolvido nas investigações do escândalo de corrupção da Petrobras e com o desafio de relançar a economia de um país que vive sua pior recessão em um século. Além do MRE, outro Ministério livre é o da Justiça, uma pasta bastante cobiçada pelo PMDB. Segundo jornais, o nome mais cotado para substituir Serra é o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB.
(Com informações da AFP Brasil)
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