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quarta-feira, 22 de março de 2017

Presença militar nas Malvinas ameaça toda a região, diz ex-combatente

21 de Março de 2017 - 16h19 

O secretário de Relações Institucionais do Centro de Ex-combatentes das Ilhas Malvinas (Cecim) da Prata, Ernesto Alonso, denuncia que o alto nível de militarização do território ocupado argentino significa uma “ameaça para toda a região”.


Nicolás Ayala
Na imagem, Alonso está n  Monte Longdon, palco de uma das batalhas mais sangrentas da Guerra das Malvinas, onde ele foi combatenteNa imagem, Alonso está n  Monte Longdon, palco de uma das batalhas mais sangrentas da Guerra das Malvinas, onde ele foi combatente
Ernesto Alonso visitou pela quinta vez o arquipélago desde o final do conflito (1982), em que participou como soldado conscrito. Para o argentino, que integra a Comissão Estadual da Memória de Buenos Aires (CPM), a ligação entre o continente e os insulares é fortemente condicionada pela presença militar britânica nas Malvinas.

"Estamos no lugar, que, acredito eu, é o território mais militarizado do mundo, pela quantidade de efetivos. Estamos falando de 3 mil civis e 2 mil militares em um lugar onde existe uma força que ameaça não somente a paz da Argentina, mas também a da região", disse Alonso.

De acordo com o ex-combatente, a base militar britânica situada no território do sul tem como fim "ser o instrumento do poder econômico" para a "exploração de recursos naturais", como a pesca e, "no futuro", os hidrocarbonetos.

No entanto, para o membro do Cecim, também significa "uma porta de entrada para a Antártida". "Os interesses que estão aqui em jogo, por ser um ponto geopolítico e estratégico, são imensos. O conflito da Argentina não é exclusivamente pelas Malvinas: estão também as ilhas Sandwich, Geórgias do Sul e a Antártida", destacou.

Alonso também indicou que a presença militar leva à limitação da informação que entra na ilha. Por exemplo, é "praticamente proibido de forma aberta trazer equipamento de televisão via satélite de outros países". Por isso, "toda a informação é obtida através da BFBS, o sinal das Forças Armadas britânicas em todo o mundo".

Segundo Alonso, a comitiva da CPM, que esteve nas Malvinas até o dia 18 de março, não aceitou se reunir com as autoridades das ilhas por considerá-las "ilegítimas", em sintonia com a "reclamação histórica da República Argentina" para que o Reino Unido cumpra "com mais de 40 resoluções da ONU que pedem as partes a sentar-se e negociar".

No entanto, os ex-combatentes vão "continuar tentando estabelecer alguns laços" entre os ilhéus e o continente, que se romperam com o conflito armado de 1982. Antes da guerra, Alonso destacou que "havia uma comunicação contínua" e laços com a Argentina, como voos regulares, a presença de empresas estatais e de professores oriundos do continente.

"Infelizmente o que quebrou essa ligação entre a população da ilha com o continente foi o conflito armado e a ditadura militar. Estamos cansados de explicar que não foi uma decisão do povo argentino, mas a decisão de uma ditadura militar", disse Alonso.
 

Do Portal Vermelho, com Sputnik

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