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terça-feira, 24 de outubro de 2017

Apesar da suspensão da Venezuela, Mercosul segue sem fechar acordos

Para especialista, ministro Aloysio Nunes está tentando transmitir esperança, passar uma mensagem de otimismo, mas não se sustenta

Apesar da suspensão da Venezuela, Mercosul segue sem fechar acordos
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A suspensão da Venezuela do Mercosul, ocorrida em agosto, não ajudou até agora em nada o bloco nas negociações para fechar acordos comerciais com outros países, ao contrário do que afirmou o chanceler brasileiro Aloysio Nunes Ferreira.”

A análise é de Eduardo Crespo, professor de Economia e Política Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em seminário realizado na Federação de Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) sobre oportunidades de investimento e negócios, o chanceler disse a empresários que a suspensão do país — por descumprimento de cláusulas democráticas do bloco e por não ter flexibilizado sua legislação, permitindo transações com os parceiros — está facilitando as negociações com outros países.
Crespo afirma que a declaração teve cunho apenas político e que, infelizmente, não reflete as dificuldades que o Mercosul vem enfrentando para assinatura de acordos como com a União Europeia, por exemplo. Previsto para acontecer em dezembro, o memorando entre europeus e latino-americanos continua esbarrando na negativa de países como França e Irlanda em aceitar reduzir os subsídios governamentais ao agronegócio local.
"O chanceler está tentando transmitir esperança, passar uma mensagem de otimismo, mas não se sustenta. Aliás, não fica muito claro o que seria uma corrente de comércio com a União Europeia. Não fica claro porque uma negociação que leva tantos anos (desde 1999) e que não saiu e agora vai sair porque saiu a Venezuela, ela que só exporta petróleo", diz o professor, observando que um dos principais obstáculos para um acordo com os europeus é a suspensão de restrições justamente e importação de alimentos e commodities.
Na visão de Crespo, declarações como as do chanceler brasileiro acontecem mais por motivos ideológicos do que práticos. Para o professor, o Mercosul só vai começar a deslanchar novamente, quando a maior economia do bloco, a brasileira, conseguir sustentar sua retomada.
"A economia brasileira está nove pontos abaixo do que estava em 2013, quando o Brasil ficou no fundo do poço e não sai, e nesse contexto não gera demanda para o resto (do bloco). O Mercosul está completamente parado, e isso vai gerando tensões e conflitos. A Argentina agora está aumentando sua corrente com o Brasil, com um leve crescimento esse ano, mas ainda não recuperou o nível de 2015. Essas declarações são próprias de uma economia e de um bloco que não estão indo para lugar nenhum", finaliza Crespo. Com informações do Sputnik News Brasil.

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