Advogado de Perrella confirma 'Ok' para fretamento sem data e motivo.
Helicóptero de empresa do deputado foi apreendido com 400 kg de cocaína.
Flávia CristiniDo G1 MG
A defesa do piloto de helicóptero Rogério Almeida Antunes, suspeito de conduzir uma aeronave com mais de 400 quilos de cocaína, no Espírito Santo, afirma que o deputado Gustavo Perella (SDD), um dos donos da empresa proprietária da aeronave, mentiu sobre a autorização para o voo. Segundo o advogado Nicácio Tiradentes, o deputado tinha conhecimento do frete, mas não do material transportado. A declaração foi dada nesta quarta-feira (27). Em coletiva há dois dias, o Gustavo Perrella afirmou que o funcionário não tinha autorização para fazer o voo, e que a aeronave estaria em revisão no período.
A Polícia Militar (PM) apreendeu mais de 400 quilos de cocaína dentro da aeronave, na zona rural de Afonso Cláudio, na Região Serrana do estado capixaba, neste domingo (24). Quatro pessoas foram presas, entre elas o piloto. A operação descobriu que traficantes estavam usando o helicóptero para transportar cocaína para dentro do Espírito Santo. De acordo com a polícia, há 20 dias, já estava sendo investigada a movimentação na propriedade rural, mas a presença do helicóptero chamou a atenção.
"Ele mentiu, ficou apavarado do que poderia acontecer. Sabia que o voo seria realizado, não sabia do material. Rogério entrou em contato por telefone com o Gustavo às vesperas do frete. Neste momento, sabia que era suplemento agrícola. Não tenho certeza se comunicou que era produto agrícola, me parece que sim. [...] Comunicou [ do voo] e Gustavo autorizou", disse o advogado. O piloto era funcionário da empresa Limeira Agropecuária, que está em nome dos filhos do senador Zezé Perella, e foi demitido após ser preso.
O deputado falou sobre o caso em entrevista coletiva nesta segunda-feira (25). Segundo ele, o ex-funcionário havia dito que a aeronave estaria em revisão durante esta semana. "O que me foi passado por ele [o piloto] era que a aeronave estaria em revisão durante essa semana. Até por isso eu não fiz uso dela durante o final de semana. E a partir do momento que ele não tem essa autorização pra estar efetuando o voo é considerado um roubo também da aeronave", explicou na data.
Procurado pelo G1, o advogado Antônio Castro, que representa Perrella, afirmou que o cliente confiava no funcionário e que realmente teria dado um 'Ok' por mensagem de celular para o uso da aeronave em um fretamento, sem saber a data e o motivo. A defesa disse que não acompanhou a coletiva, mas afirma que não há contradições. Segundo Castro, durante a entrevista, o cliente negou apenas que tenha autorizado o transporte de drogas.
"Não foi perguntado [ na coletiva] se ele tinha conhecimento do voo, então ele não falou. Apenas negou que tivesse autorizado a viagem de droga", disse Castro. O advogado afirma que a situação do cliente é "extremamente simples" e que "ele foi surpreendido" com o uso da aeronave no tráfico. Ele não informou a data do depoimento à polícia, mas disse que o deputado vai prestar os esclarecimentos necessários.
"Ele recebeu a mensagem de que o piloto tinha conseguido um fretamento de R$ 12 mil. Ele respondeu 'ok', por mensagem de celular. Ele sabia do fretamento, mas é obio que ele não imaginou que era para levar cocaína. Ele não poderia imaginar que a pessoa que ele confia a vida, porque pilota o avião dele, trairia a confiança dele e transportaria cocaína", disse o advogado de Perrella. Segundo ele, o torpedo foi trocado na sexta-feira (22) e deve constar no celular do piloto apreendido pela polícia.
Em depoimento à Polícia Federal, Antunes disse que não sabia que estava transportando a droga e não informou quem o contratou, mas afirmou que tinha autonomia para utilizar o helicóptero da empresa pertecente à família Perrella. "Ele realmente tinha autonomia, mas sempre dando conhecimento de onde iria", disse o advogado dele. Tiradentes assumiu a defesa há dois dias e não acompanhou o depoimento do cliente à polícia.
Em depoimento à Polícia Federal, Antunes disse que não sabia que estava transportando a droga e não informou quem o contratou, mas afirmou que tinha autonomia para utilizar o helicóptero da empresa pertecente à família Perrella. "Ele realmente tinha autonomia, mas sempre dando conhecimento de onde iria", disse o advogado dele. Tiradentes assumiu a defesa há dois dias e não acompanhou o depoimento do cliente à polícia.
A defesa não soube informar se Antunes já esteve antes na fazenda onde ocorreu a apreensão. Segundo o advogado, o copiloto foi quem indicou o serviço e também teria descoberto que o carregamento era droga no momento em que o material estava sendo descarregado do helicóptero e um pacote teria se quebrado. "Foi aí que o Rogério tomou conhecimento de que era droga e ele ficou desesperado. O copiloto também ficou sabendo na hora. A minha indignação é que o deputado disse que o funcionário dele fiel teria roubado [o helicóptero]. Acredito que o deputado não tem envolvimento nenhum, assim como meu cliente", afirma Tiradentes.
Sobre a declaração do deputado de que haveria roubo, a defesa dele afirma que apresentará um denúncia contra o ex-funcionário. "Tecnicamente não é roubo. Quando a pessoa tem posse do bem e faz um uso indevido é apropriação indébita", esclareceu o advogado de Perrella.
O piloto também era funcionário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Belo Horizonte, e foi exonerado. Ele trabalhava na casa em um cargo indicado pelo deputado estadual Gustavo Perrella (SDD) na 3ª Secretaria da Assembleia, que tem como presidente o deputado Alencar Silveira Júnior (PDT). O G1 procurou pelo deputado nesta terça-feira (26), mas, por telefone, a assessoria de imprensa dele informou que todas as informações foram dadas pelo parlamentar em coletiva e que ele não falaria mais sobre o assunto.
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