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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

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Acontece com muita frequência. Existe um momento, depois do ato de amar, em que é necessário dispor realmente de uma segurança e liberdade maior no sentimento amoroso encerrado. E tudo para que o tédio não se instale, que mesmo deitados numa cama única não surja o símbolo de um abismo de linho branco, quase intransponível. O homem tem a seu favor um pequeno pretexto para expressar, sem palavras, ou sem olhar nos olhos da mulher, aquele tipo de olhar que revela nossa alma. Mesmo existindo paixão e amor ele procura acender logo um cigarro e flutuar. A mulher faz gestos e joga os cabelos, olha-se no espelho, ou mostra o charme de quem escolhe outra roupa íntima para vestir. É quase sempre assim que acontecem os momentos de amor, por mais intenso que seja este amor. Quem sabe não estou errado? Pensem bem para responder.

Os homens possuem palavras fáceis para falar de sua solidão, mas nem todos vivem o momento de sua nostalgia, uma palavra sempre esquecida no vocabulário masculino. As mulheres, mais sinceras em suas confissões, falam da nostalgia de ter perdido o amor; ou falam na nostalgia de sair das montanhas e colinas onde nasceram e passaram a morar noutras terras planas e de horizontes vazios que herdaram. Nostalgia tem um certo significado para alguns como uma saudade doentia e sem esperanças. Como se fosse exaurida da vida.

Posso imaginar aquela mocinha que deve ter se olhado no espelho, vaidosa de sua beleza, do seu corpo, de sua Piedade num final de tarde. E se aproximou do campo de visão de um animal-humano e terminou violentada e morta assim impiedosamente, talvez diante dos olhos de pessoas medrosas que perceberam o quanto ela estava se aproximando de zonas perigosas, das quais ninguém retorna, Ou porque queriam, sadicamente, ver a tragédia. E nada puderam fazer ou não queriam.

E morreu. E terminou os sonhos, talvez uma rápida história de amor que nem chegou a definir seus contornos. É triste morrer. Mais triste ainda quando nem sequer podem contar ou escrever uma completa página da vida e tudo se resume ao lamento e depois ao esquecimento.

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