Em nota, secretário disse que a publicação não representa seu pensamento
19/12/2013 18:15 - Henrique Ferreira, com informações de Priscilla Aguiar, da Folha de Pernambuco
Priscilla Aguiar/Folha de Pernambuco
Entidades realizaram uma reunião com o propósito de reivindicar a exoneração do cargo ocupado por Damázio
Após as declarações consideradas preconceituosas desferidas pelo então secretário de Defesa Social de Pernambuco, Wilson Damázio, durante entrevista concedida a um veículo de comunicação local, mais de 20 entidades que lutam pelos direitos humanos realizaram, na tarde desta quinta-feira (19), no Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), uma reunião com o propósito de reivindicar a exoneração do cargo ocupado por Damázio. O coletivo prometeu entrar com uma representação no Ministério Público de Pernambuco (MPPE), nesta sexta-feira (20).
Segundo a representante do Fórum das Mulheres de Pernambuco, Mariana Azevedo, ao invés de defender e prezar pela segurança dos cidadãos, Damázio está sendo mais um agente de “violência e de abuso”. “A gente tem essa fala dele como uma representação do machismo institucional que está presente na sociedade, não só em relação aos movimentos sociais, mas com mulheres e negros. É inadmissível que um secretário de alto escalão do governo apresente declarações como essa, que violam a dignidade humana. Então queremos que ele saia do cargo, e também cobramos a responsabilidade dele por isso”, disse.
As declarações infelizes a qual Maria Azevedo se refere foram dadas por WIlson durante uma entrevista a um jornal local. Em um trecho da matéria publicada nesta quinta-feira (19), cujo enfoque era o assédio sexual praticado por policiais, o secretário disse que quando participava de operações no Sertão - isso no tempo que ainda era agente da Polícia Federal -, “as meninas ficavam tudo ‘sassaricadas’ e também que usava a viatura policial para realizar atos sexuais", o que ainda de acordo com ele, “era um feitiche; uma coisa de doido”.
Ainda em sua entrevista, Damázio classificou a homossexualidade como “algo que foge ao padrão de comportamento da família brasileira tradicional" e comparou o indivíduo gay a pessoas com desvio de conduta, como um ladrão, por exemplo. “Desvio de conduta a gente tem em todo lugar. Tem na casa da gente. Tem um irmão que é homossexual, tem outro que é ladrão, entendeu?”.
Entender e engolir as falas de um importante representante do governo se referindo à comunidade gay e à mulher dessa forma é algo impossível para o coordenador Executivo do Gajop, Rodrigo Deodato. Para ele, a presença de Damázio frente à secretaria que cuida da segurança pública se torna insustentável diante dos seus posicionamentos homofóbicos e machistas não só nesta entrevista, mas também nos últimos meses.
Jédson Nobre/Arquivo Folha de Pernambuco
Secretário colocou o cargo à disposição
“Um ponto a se observar é que por vários motivos tentamos dialogar incansavelmente com o Governo do Estado, sem conseguir os avanços que gostaríamos. O governador precisa saber que a população pernambucana não confia em seu secretário. E se por acaso ele continuar à frente da SDS, Eduardo Campos vai comprovar que está mais preocupado com estatísticas do que com vidas humanas”, disparou Deodato.
Em nota, o secretário Damázio disse que a publicação não representa nem constitui o seu pensamento e pediu desculpas a todos aqueles que porventura se sentiram ofendidos. Ele também colocou o cargo à disposição, com o intuito de preservar o seu legado e o Governo.
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