Do Estadão:
A quebra de sigilo das empresas do operador de propina Adir Assad revela que empresas dos filhos de José Yunes, amigo e ex-assessor de Michel Temer, pagaram ao menos R$ 1,2 milhão para firmas de fachada. As empresas de Marcos e Marcelo Mariz de Oliveira Yunes, todas ligadas a Yuny Incorporadora, aparecem em 113 transações com a SM Terraplanagem e em 28 operações com a Legend Engenheiros.
Entre 27 de maio de 2010 e 24 de novembro de 2011, as empresas de empreendimentos imobiliários Yuny repassaram R$ 976 mil para a SM. Para a Legend foram outros R$ 235 mil no período de dezembro de 2008 até agosto de 2010. Do grupo Yuny, repassaram valores às empresas de Assad a Yuny GTIS Leopoldo, Yuny GTIS Abell, Yuny VCEP, Yuny Pirap Empreendimentos, Yuny Vila Romana, Yuny Apollo, Yuny Polaris Participações, Yuny Gemini, Yuny Halley Participações, Yuny Vila Carrão e Ynuy GTIS Atillio Innocenti.
A Legend e a SM, segundo o MPF, não possuíam condições para funcionar e eram emissoras de notas frias utilizadas para produzir dinheiro em espécie que abastecia o caixa dois de empresas interessadas em pagar vantagens indevidas a agentes públicos e partidos políticos.
José Yunes, pai de Marcos e Marcelo, deixou o governo após ter sido citado na delação de Cláudio Mello, da Odebrecht. O executivo disse que parte dos R$ 10 milhões solicitados em reunião no Palácio do Jaburu, da qual o ministro Eliseu Padilha e Temer participaram, teria sido entregue no escritório de Yunes, na capital paulista. Depois do episódio, Yunes prestou depoimento na Procuradoria-geral da República e afirmou ter sido utilizado por Padilha, este último o destinatário dos valores entregues pelo corretor Lúcio Bolonha Funaro, preso na Papuda.
Além da SM e Legend, as empresas de Assad – Rock Star, Power To Ten, Soterra e SP Terraplanagem – movimentaram cerca de R$ 1,3 bilhão provenientes de grandes companhias. O empresário teve a prisão preventiva decretada quatro vezes desde 2015. Chegou a ser solto duas vezes, mas foi novamente levado à prisão por decisão do juiz Sergio Moro. Ele foi condenado na Lava Jato a 9 anos e 10 meses de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa.
No último pedido de prisão contra Assad, os procuradores de Curitiba, no âmbito da operação Dragão, classificaram as empresas Legend e SM Terraplanagem como firmas de fachada. No entendimento dos investigadores, elas “não desenvolvem efetivamente os serviços pelos quais são contratadas” e “funcionam apenas como pessoas jurídicas no processo de lavagem de capitais em favor de dezenas de empresas nacionais, boa parte das quais investigadas no âmbito da Operação Lava Jato.”
A Receita Federal, por sua vez, após uma devassa na Legend e na SM, produziu um relatório no qual afirma taxativamente que, com base em provas “robustas e incontestáveis”, as notas fiscais emitidas pelas empresas são inidôneas. As notas, afirma a Receita, foram emitidas por pessoa jurídica que não existe de fato, apesar de constituída formalmente e não produz qualquer efeito tributário.
A mesma conclusão já havia chegado a CPMI do Cachoeira, desdobramento da Operação Monte Carlo da Polícia Federal que pela primeira vez investigou a relação de Assad com grandes empresas. Segundo a Receita, os dados da CPMI mostram que as empresas de Assad não possuem viabilidade econômica e patrimonial para funcionar o que inviabiliza a prestação de serviço.”Muito provavelmente, a empresa serve como empresa interposta de fachada para a lavagem de dinheiro”, indicou a CPMI.
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