A presidenta eleita do Brasil, Dilma Rousseff, afastada pelo golpe parlamentar em agosto de 2016, participou na tarde deste domingo (19 de março) do ato popular de inauguração das obras de transposição do Rio São Francisco, no município de Monteiro, na Paraíba, Eixo Leste da Transposição.
Ao lado do ex-presidente Lula e do governador Ricardo Coutinho, e acompanhada de dezenas de parlamentares e lideranças políticas e populares, Dilma integrou uma caravana que percorreu 170 quilômetros em terra para encontrar-se com uma multidão composta por trabalhadoras e trabalhadores que vieram de todo o estado. Uma manifestação organizada no Dia de São José para receber milhares de participantes na área central do município que conferiu legitimidade aos reais condutores da grande obra. No dia 10 de março a transposição foi inaugurada por Michel Temer numa solenidade esvaziada, sob protestos da população.
Recebida com alegria e manifestações de carinho como “mãe da transposição” pelo povo do Cariri, Dilma enfatizou que “só a democracia lava a nossa alma” e revelou o seu orgulho de ter realizado o Projeto de Integração do São Francisco (PISF):
– “Mais do que um canal, um complexo sistema de estações elevatórias, que, somadas às estações, chegam a uma altura de corresponde a um edifício de 92 andares”, explicou.
– “Mais do que um canal, um complexo sistema de estações elevatórias, que, somadas às estações, chegam a uma altura de corresponde a um edifício de 92 andares”, explicou.
Ela perguntou aos presentes se um prédio desta altura poderia ser construído em seis meses, pois isso desafiaria qualquer lógica. E complementou que ao sair do governo a obra estava praticamente concluída e havia o compromisso de que chegasse a casa de cada pessoa para atender naquilo que é o princípio da vida, o uso da água como um bem de todos.
Segundo Dilma, a obra no Velho Chico, embora tenha sido pensada há dois séculos, se transformou numa prioridade a partir do segundo governo de Lula e dos seus dois governos. “Foi quando interrompemos um processo de redução de direitos, de privatizações, de redução de programas sociais e iniciamos a resistência ao projeto neoliberal em curso”, relatou. Aproximar a população do semiárido do acesso às águas se tornou um objetivo, contra o qual se ergueram muitos obstáculos, ambientais e legais, “mas tínhamos a consciência de que os beneficiários eram o povo brasileiro”.
Na sua gestão, segundo atestam as fontes oficiais de dados, foram investidos 72% dos recursos para a obra cujo custo estimado é de 10,5 bilhões de reais, cerca de 8,375 bilhões. Com 477 km de extensão, atenderá 390 municípios e 12 milhões de pessoas quando a água chegar às famílias. Sobre esta parte final da obra, Dilma, Coutinho e Lula convocaram a população para continuar exigindo a sua execução, pois desde o afastamento da presidenta esta fase encontra-se paralisada.
– “Estamos vivendo um momento difícil”, alertou Dilma. “O golpe não acabou, as mentiras são sistemáticas, há outro golpe em andamento, mas não vamos permitir que ocorra. Eles sempre souberam que a democracia só beneficia o povo brasileiro e por isso trabalham rapidamente para retirar direitos dos brasileiros, como a aposentadoria. Só tem um jeito de impedir, o povo nas ruas.”
O projeto de transposição das águas do São Francisco compõe-se de dois eixos de transferência de água: o Norte, com 260 km, que capta água em Cabrobó/PE e vai até Cajazeiras/PB; e o Leste, com 217 km, que capta água em Itaparica/BA e vai até Monteiro/PB.
Além dos canais, a obra envolve a construção de 9 estações de bombeamento, 27 reservatórios, 4 túneis, 13 aquedutos, 9 subestações de 230 kV, e 270 km de linhas transmissão em alta tensão.
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