Quarta-feira de Cinzas, Olinda, é dia dos resistentes que não querem se despedir do carnaval. E só mesmo com uma comida reforçada para aguentar a brincadeira depois de quatro dias de folia em Pernambuco; o tradicional Mungunzá de Thais e Zuza Miranda distribui a iguaria de graça no Alto da Sé, em Olinda, desde 7h desta quarta-feira (1º) e prepara o povo para o Bacalhau do Batata, bloco dos mais populares deste fim dos festejos de Momo
Sumaia Villela - Correspondente da Agência Brasil
Quarta-feira de Cinzas, Olinda, é dia dos resistentes que não querem se despedir do carnaval. E só mesmo com uma comida reforçada para aguentar a brincadeira depois de quatro dias de folia em Pernambuco. O tradicional Mungunzá de Thais e Zuza Miranda distribui a iguaria de graça no Alto da Sé, em Olinda, desde 7h desta quarta-feira (1º) e prepara o povo para o Bacalhau do Batata, bloco dos mais populares deste fim dos festejos de Momo.
O mungunzá, conhecido nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil como canjica, é uma comida doce, feita com milho, leite de coco, açúcar, erva-doce, canela e cravo. O músico Zuza Miranda e sua esposa Thaís fazem a distribuição há 22 anos em frente à Igreja da Sé. O casal chegou cedo, às 5h, e por volta de 7h começou a servir a deliciosa iguaria. Tudo ao som de uma orquestra de frevo e animado por passistas e bonecos gigantes.
"O mungunzá dá força e energia. O pessoal no carnaval já toma muita birita, cachaça, cerveja, e a quarta ainda tem muito bloco, até a meia-noite. Então tem que ter força, e o mungunzá está aí, é nossa paixão", diz o músico. Segundo Zuza, a ideia surgiu para ajudar os foliões a aguentar a espera pelo Bacalhau do Batata, bloco criado pelo garçom Izaías Pereira da Silva para que os trabalhadores do carnaval, como ele, pudessem fazer seu dia de brincadeira.
"Sou músico há 42 anos e toco durante todo o carnaval, e aqui na concentração do Bacalhau o povo chegava cedo e ficava dormindo na frente da Igreja da Sé. Aí resolvi fazer uma brincadeira, fiz um arrastão do polo onde eu tocava até aqui e botei a orquestra, os bonecos e trouxe uma panela só de mungunzá". A escolha pelo prato veio da avó do artista, que fazia a iguaria para recuperar a família foliã.
E essa brincadeira ficou popular. Este ano eles trouxeram 2 mil litros de mungunzá, ques calculam para 5 mil pessoas. O público é formado por trabalhadores do carnaval e foliões que ainda estão acordadas pulando desde o encerramento do carnaval do Recife e até pessoas em situação de rua que aproveitam para fazer o café da manhã na folia.
Para cuidar dos foliões, o autônomo Rogério de Melo Sales, de 54 anos, se fantasiou de médico para o Mungunzá. Mas já estava no fim do plantão carnavalesco, que começou no Recife Antigo na noite anterior. "Nessas ladeiras de Olinda o batimento cardíaco fica muito acelerado e, como sou cardiologista, vou ajudar os foliões", disse.
Urbano Dias, de 41 anos, estava de taxista, mas não era fantasia, ele trabalha na Quarta-feira de Cinzas e foi ao Mungunzá para fazer o café da manhã. "Meu carnaval vai ser depois com a família, descansando. Tem que trabalhar para pagar as dívidas".
Já José Philipe de Lima Neto faz jus à tradição do Bacalhau do Batata. Trabalha como garçom durante a folia e na quarta sai fantasiado de garçom para homenagear o criador do bloco. "Se não fosse ele eu só trabalhava os dias de carnaval", afirma. O dia de José começou no Mungunzá e só vai terminar na dispersão do Batata. O desfile do bloco começa, às 10h, no Alto da Sé.
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