Única vereadora do DEM no Recife comenta o encolhimento do seu partido e destaca a importância da oposição em uma democracia
Publicado em 26/10/2013, às 17h00
Sobre 2014, Priscila afirma que muita coisa ainda vai rolar
Clemilson Campos/JC Imagem
Única vereadora do partido Democratas na Câmara Municipal do Recife e opositora feroz ao prefeito Geraldo Julio (PSB), Priscila Krause, em entrevista ao Jornal do Commercio, destaca o papel da bancada de oposição na Casa, critica a postura de quem não tolera o contraditório e diz não se incomodar com o encolhimento do DEM no Estado,e sim com o papel da oposição. Confira a entrevista:
JORNAL DO COMMERCIO – Como a senhora enxerga o esvaziamento do DEM nos últimos anos, com a perda de quadros para outras siglas e de espaços de poder no Estado?
PRISCILA KRAUSE – Vejo com bastante tranquilidade. É fato que o partido encolheu, entretanto, tenho a certeza que não perdeu sua importância, a partir desta constatação. O que acontece é que se tem uma maioria tão grande nos governos, que tenho muito medo que isso seja um caminho para que simplesmente a oposição não exista ou que ela seja dispensável. Tenho muito receio quando dizem que tal governo é tão bom, que a oposição não existe. Isso é um equívoco.
JC – O encolhimento do partido dificulta o seu papel de oposição?
PRISCILA – Não tenho a menor preocupação com o tamanho do partido. Minha preocupação é com o compromisso que tenho com meu eleitor, com o papel de oposição que exerço. A oposição é elemento constitutivo do Estado democrático. Se pensar no enfraquecimento da oposição, da forma como está se falando, procurando inviabilizar a sua existência, é falar da falência da democracia.
JC – Por que?
PRISCILA – Não adianta se ter um discurso de palanque, de retórica, de que se defende a democracia, quando os governos se negam ao seu contraponto, ao contraditório. Não tenho a menor preocupação se o partido está minguando, tenho a preocupação é de ser fiel ao que o eleitor me estabeleceu, que é exercer uma posição consistente ao governo municipal. Para mim não é uma questão eleitoral, aritmética, é uma questão conceitual e política.
JC – A que atribui esse “movimento” de esvaziamento do DEM?
PRISCILA – Esse grande movimento se iniciou há mais ou menos três anos, com a criação do PSD, onde várias pessoas saíram do nosso partido no País inteiro. Há também uma cooptação por parte de todas as esferas de governo que é muito agressiva, onde ao longo dos anos vem se intensificando. O PT inaugurou uma forma diferente de se fazer política, num sistema de degeneração da política, a qual mudou a forma como os partidos se relacionam com os governos.
JC – Grandes líderes do partido, a exemplo do ex-senador Marco Maciel, há algum tempo silenciaram em relação a essas perdas do DEM. Qual o motivo disso?
PRISCILA – Essas pessoas contribuíram e continuam contribuindo com o partido, participando dos acontecimentos dentro da instância partidária, da vida orgânica do partido. Não vejo razão para se cobrar um posicionamento de certas lideranças. Acho que essas cobranças devem ser direcionadas às pessoas que têm mandato, que continuam de maneira ativa na política. A gente luta com as ferramentas, com os mecanismos que temos, que são bem mais fracos do que as ferramentas que os governos têm.
JC – A recente saída de Augusto Coutinho, Tony Gel e Miriam Lacerda não contribui ainda mais para que o partido enfraqueça sua representatividade?
PRISCILA – É sempre ruim perder quadros, principalmente como estes, de grande densidade eleitoral. Porém, acho que temos que respeitar o caminho que cada um escolheu. A gente não pode exigir que as pessoas estejam no caminho que elas não desejam estar.
JC – Qual o caminho do DEM para 2014?
PRISCILA – Essa é uma pergunta que poucos partidos terão condições de responder nesse momento. A eleição está se desenhando e, particularmente, o que defendo é que a gente deve estar, por enquanto, numa postura de observar os fatos. O que não significa que tenhamos que ficar passivos aos acontecimentos. Mas acho que cada um deve, no seu espaço, ficar atuando dentro do compromisso com seu eleitor. Se foi eleito como candidato de oposição, que exerça seu papel de oposição, se foi eleito para ser governo, que continue sendo governo. Acho muito cedo ainda para o partido tomar um posicionamento definitivo.
PRISCILA KRAUSE – Vejo com bastante tranquilidade. É fato que o partido encolheu, entretanto, tenho a certeza que não perdeu sua importância, a partir desta constatação. O que acontece é que se tem uma maioria tão grande nos governos, que tenho muito medo que isso seja um caminho para que simplesmente a oposição não exista ou que ela seja dispensável. Tenho muito receio quando dizem que tal governo é tão bom, que a oposição não existe. Isso é um equívoco.
JC – O encolhimento do partido dificulta o seu papel de oposição?
PRISCILA – Não tenho a menor preocupação com o tamanho do partido. Minha preocupação é com o compromisso que tenho com meu eleitor, com o papel de oposição que exerço. A oposição é elemento constitutivo do Estado democrático. Se pensar no enfraquecimento da oposição, da forma como está se falando, procurando inviabilizar a sua existência, é falar da falência da democracia.
JC – Por que?
PRISCILA – Não adianta se ter um discurso de palanque, de retórica, de que se defende a democracia, quando os governos se negam ao seu contraponto, ao contraditório. Não tenho a menor preocupação se o partido está minguando, tenho a preocupação é de ser fiel ao que o eleitor me estabeleceu, que é exercer uma posição consistente ao governo municipal. Para mim não é uma questão eleitoral, aritmética, é uma questão conceitual e política.
JC – A que atribui esse “movimento” de esvaziamento do DEM?
PRISCILA – Esse grande movimento se iniciou há mais ou menos três anos, com a criação do PSD, onde várias pessoas saíram do nosso partido no País inteiro. Há também uma cooptação por parte de todas as esferas de governo que é muito agressiva, onde ao longo dos anos vem se intensificando. O PT inaugurou uma forma diferente de se fazer política, num sistema de degeneração da política, a qual mudou a forma como os partidos se relacionam com os governos.
JC – Grandes líderes do partido, a exemplo do ex-senador Marco Maciel, há algum tempo silenciaram em relação a essas perdas do DEM. Qual o motivo disso?
PRISCILA – Essas pessoas contribuíram e continuam contribuindo com o partido, participando dos acontecimentos dentro da instância partidária, da vida orgânica do partido. Não vejo razão para se cobrar um posicionamento de certas lideranças. Acho que essas cobranças devem ser direcionadas às pessoas que têm mandato, que continuam de maneira ativa na política. A gente luta com as ferramentas, com os mecanismos que temos, que são bem mais fracos do que as ferramentas que os governos têm.
JC – A recente saída de Augusto Coutinho, Tony Gel e Miriam Lacerda não contribui ainda mais para que o partido enfraqueça sua representatividade?
PRISCILA – É sempre ruim perder quadros, principalmente como estes, de grande densidade eleitoral. Porém, acho que temos que respeitar o caminho que cada um escolheu. A gente não pode exigir que as pessoas estejam no caminho que elas não desejam estar.
JC – Qual o caminho do DEM para 2014?
PRISCILA – Essa é uma pergunta que poucos partidos terão condições de responder nesse momento. A eleição está se desenhando e, particularmente, o que defendo é que a gente deve estar, por enquanto, numa postura de observar os fatos. O que não significa que tenhamos que ficar passivos aos acontecimentos. Mas acho que cada um deve, no seu espaço, ficar atuando dentro do compromisso com seu eleitor. Se foi eleito como candidato de oposição, que exerça seu papel de oposição, se foi eleito para ser governo, que continue sendo governo. Acho muito cedo ainda para o partido tomar um posicionamento definitivo.
JC – Qual a sua opinião sobre a aliança Eduardo Campos-Marina Silva?
PRISCILA – Essa aliança, para pôr em xeque a hegemonia do PT, não resta dúvida que foi importante. Agora, como isso vai se configurar eleitoralmente, acho muito cedo para avaliarmos. Quanto ao Democratas, ainda não escutei nenhum posicionamento oficial do presidente nacional José Agripino. Como militante que atua no âmbito municipal, por uma questão de cautela, prefiro esperar um pouco mais para ver as movimentações dos líderes partidários nacionais.
JC – O governador Eduardo Campos ensaiou uma aliança com o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM), com o objetivo de formar um palanque para seu projeto presidencial em Goiás. Mas por conta de atritos ideológicos com Marina Silva, o PSB preferiu atender aos apelos da nova aliada e descartou a união com Caiado. Você seria a favor de uma aliança do DEM com o PSB nos Estados?
PRISCILA – Não defendo nenhuma aliança ainda. Está tudo muito recente. Nacionalmente ainda tem muita água para rolar.
JC – O ex-governador Roberto Magalhães já defendeu publicamente que o DEM se funda a outros partidos, como estratégia de sobrevivência. Seria uma saída para dar sobrevida ao partido?
PRISCILA – Com relação à uma fusão do partido, o próprio José Agripino já descartou, há algum tempo, essa possibilidade. Acho que para onde o Democratas for, o partido tem que ir construindo um discurso, um posicionamento, onde a prioridade seja um projeto para o País.
JC – E que projeto seria esse?
PRISCILA – Que seja diferente do que está colocado aí há doze anos (gestões do PT).
PRISCILA – Essa aliança, para pôr em xeque a hegemonia do PT, não resta dúvida que foi importante. Agora, como isso vai se configurar eleitoralmente, acho muito cedo para avaliarmos. Quanto ao Democratas, ainda não escutei nenhum posicionamento oficial do presidente nacional José Agripino. Como militante que atua no âmbito municipal, por uma questão de cautela, prefiro esperar um pouco mais para ver as movimentações dos líderes partidários nacionais.
JC – O governador Eduardo Campos ensaiou uma aliança com o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM), com o objetivo de formar um palanque para seu projeto presidencial em Goiás. Mas por conta de atritos ideológicos com Marina Silva, o PSB preferiu atender aos apelos da nova aliada e descartou a união com Caiado. Você seria a favor de uma aliança do DEM com o PSB nos Estados?
PRISCILA – Não defendo nenhuma aliança ainda. Está tudo muito recente. Nacionalmente ainda tem muita água para rolar.
JC – O ex-governador Roberto Magalhães já defendeu publicamente que o DEM se funda a outros partidos, como estratégia de sobrevivência. Seria uma saída para dar sobrevida ao partido?
PRISCILA – Com relação à uma fusão do partido, o próprio José Agripino já descartou, há algum tempo, essa possibilidade. Acho que para onde o Democratas for, o partido tem que ir construindo um discurso, um posicionamento, onde a prioridade seja um projeto para o País.
JC – E que projeto seria esse?
PRISCILA – Que seja diferente do que está colocado aí há doze anos (gestões do PT).
Nenhum comentário:
Postar um comentário