Fernanda Guerra - Diario de Pernambuco
Publicação: 04/12/2013 09:32
Sérgio Marone está no Recife há quase dois meses para gravações do longa Prometo um dia deixar esta cidade. Foto: Blenda Souto Maior/ DP/D.A Press |
Um homem alto, de rosto familiar, caminha pelas ruas no bairro do Parnamirim. Sem paparazzi por perto. De boné e com uma camisa com a palavra “mangueboy”, sai de um café na Zona Norte do Recife e volta para o apartamento de classe média baixa, onde reside atualmente. Na cidade, anda a pé ou de táxi. O hábito é um dos costumes pernambucanos do ator Sérgio Marone, enquanto passa dois meses na cidade. Fã do cinema do estado, integra o elenco do filme Prometo um dia deixar esta cidade, segundo longa-metragem do diretor Daniel Aragão, com Zé Carlos Machado, Luís Carlos Miele e Bianca Joy no elenco.
O ator vive novo momento na carreira de 13 anos, com passagem por novelas como O clone, Paraíso tropical e Malhação. Decidiu sair da zona de conforto para encarar novos desafios. Um deles está previsto para 2014. Pela primeira vez, será produtor no cinema. Comprou os direitos para fazer a adaptação do livro Jesus kid, de Lourenço Mutarelli, que terá direção de Aly Muritiba (A gente e A fábrica).
Cena do filme pernambucano "Prometo um Dia Deixar Essa Cidade". Foto: Pedro Sotero/Divulgação |
O dia a dia no Recife se resume em gravar, treinar, assistir filmes e mergulhar na cultura pernambucana. Segue os passos dos amigos e visita bares tradicionais ou não, como o Barchef e Central e a festa do Eu acho é pouco. Na experiência local, o ator paulista se surpreendeu ao conhecer dois taxistas que deram uma aula sobre cinema brasileiro e pernambucano. Admira a conexão das pessoas com a cultura local.
Entrevista >> Sérgio Marone
Como surgiu o convite para participar do filme?
Primeiro, conheci o filme Boa sorte, meu amor. Mais tarde, encontrei Daniel em um festival de Hollywood e disse: "Fique à vontade para me chamar, quero trabalhar com você". Ele falou sobre um roteiro, com um personagem bem interessante.
Como é ser dirigido por Daniel Aragão?
Estou muito feliz com a oportunidade que Daniel me deu, de fazer algo completamente diferente do que já fiz. Um cara jovem, bastante talentoso, sabe aonde quer chegar. O processo dele é muito interessante. A gente faz uma análise profunda do roteiro, mas não se ensaia muito. Descobre muita coisa no set. Nunca tinha participado de um projeto com esse tipo de processo. Está sendo surpreendente. Acho que o filme vai rodar o mundo com um olhar autêntico, original, do cinema brasileiro sobre dependência química, política, corrupção, coronelismo e machismo.
O fato do filme ser de baixo orçamento faz alguma diferença para você?
Você abre mão de algumas coisas, alguns confortos. Estou morando num apartamento de classe média baixa que meu personagem teria, andando a pé, de táxi. Vivenciando o que seria a vida dele. Não só por uma questão de orçamento, mas porque queria isso. Eu tenho na minha cabeça, como processo de construção de personagem, vivenciar o máximo possível do personagem. Pedi para não ficar em hotel. Percebo uma diferença no valor do dinheiro aqui, ou de um filme com orçamento maior. Mas a paixão é a mesma, se não for maior.
Sem previsão de projeto para televisão?
Um pouco distante por enquanto. O que tenho gostado de fazer e tem dado para conciliar com outros projetos são participações pontuais, como apresentador. Faz um tempo que tenho investido nesta carreira de apresentador na televisão. Toma menos tempo, te dá mais liberdade para poder conciliar. Também faltam bons convites na teledramaturgia. São poucos os que me interessam. Tô correndo atrás de canal a cabo. Fizemos o piloto da série Os penetras, com a Bossa Nova Filmes, mas deve emplacar ano que vem. Quero tomar mais as rédeas da minha carreira. Já estou nesse processo há dois anos. Tô querendo escolher mais o que fazer, trabalhar menos por dinheiro, e mais por prazer, por acreditar no projeto.
Você se incomoda com o rótulo de galã?
Acho que o mercado tem essa necessidade te enquadrar em alguma prateleira. Odeio qualquer tipo de rótulo, qualquer coisa que me limite. As pessoas são várias coisas. Posso ser galã, ou com entradas, careca e com cabelo crespo. Se tiver alguém que acredite em mim para fazer esse personagem. Não me incomoda que me rotulem de galã, me incomoda o fato de me rotularem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário