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segunda-feira, 6 de julho de 2015

Cinema » Seis motivos pelos quais o filme "Cidades de papel" é mais legal do que o livro

Assistimos ao longa e listamos razões que tornam a adaptação aos cinemas mais divertida do que o livro de John Green

Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicação:  06/07/2015 19:13



A adaptação de um livro para os cinemas pode ser uma tarefa ingrata. Com as alterações no enredo original, há o risco de desagradar os fãs - que inevitavelmente comparam as duas obras. Mas, no caso deCidades de papel, o longa tornou-se mais divertido, mais leve e com final melhor. O amor fraterno é valorizado e a passagem da adolescência à fase adulta assume a devida importância, com direito a nostalgia e ritos de passagem. 

Se há um ponto parcialmente negativo na adaptação, é que os pais de Quentin e os de Margo praticamente não aparecem no filme. Não exercem influência no desenrolar da história e são aproveitados como figurantes, enquanto no livro, ajudam a aconselhar o garoto - e, no caso de Margo, a compreender os motivos da fuga. Suas profissões e características pessoais sequer são mencionadas no longa. 

Os meninos “sequestram” o carro da família sem que ninguém se oponha com veemência (no filme, Quentin não ganha o próprio carro), perdem os últimos dias de aula antes do baile e atravessam cidades sem nenhuma repreensão. A “diminuição” desses personagens, porém, ajuda na fluidez do filme, já que não há impedimentos para que o grupo embarque na aventura de reencontrar Margo, mote central da história, e essa autonomia contribui para o amadurecimento deles ao longo da trama. 

À exceção da falta que sentimos dos pais e mães, listamos cinco razões pelas quais o filme Cidades de papel é mais legal do que o livro homônimo:

1) O Quentin do filme é mais legal que o do livro

No livro, narrado pelo próprio Quentin Jacobsen, ele é um garoto bastante inseguro e até um pouco egoísta (enquanto todos estão preocupados com as solenidades da formatura do colegial, ele espera que se concentrem exclusivamente na sua busca desesperada por Margo). No filme, também narrado pelo personagem, Quentin (Nat Wolff) ganha contornos menos dramáticos. 

É um adolescente com as inseguranças comuns da idade, mas não faz o tipo que deixa de viver os ritos de passagem típicos dessa fase por estar muito “ocupado” com alguma obsessão. E, sobretudo, reconhece que os amigos, especialmente Ben e Radar, são mais preciosos do que a Margo que ele idealizou.

2) A Margo do filme é menos dramática que a do livro

Se no livro Margo Roth Spielgeman é imprevisível e obcecada por aventuras e mudanças, no filme ela está tentando se descobrir, de forma mais leve e bem humorada - e as mudanças são parte desse processo. Margo não faz nenhuma alteração no próprio visual (o corte de cabelo mal sucedido da trama de John Green foi suprimido), nem dorme num esconderijo com cama improvisada sobre pallets e colchão inflável. Cara Delevingne constrói uma Margo mais envolvente, charmosa e cativante. No filme, é mais fácil entender a atração que ela exerce sobre Quentin. 

Além disso, suas lições de moral são mais óbvias. Ela literalmente aconselha o protagonista - com recomendações maduras sobre zona de conforto, autoconfiança e amor. Ela também preserva o vínculo com a irmã mais nova espontaneamente - ao contrário do que ocorre no livro, no qual Quentin precisa pedir-lhe que o faça - e se afasta da mãe, que declaramente está “farta” dela. A Margo das telonas pede desculpas por ter atrapalhado as últimas semanas do colegial de Quentin e dos amigos. E, de modo geral, tem comportamento mais linear e sensível do que a Margo do romance original. 
Radar, Quentin e Ben são mais entrosados no filme.
Radar, Quentin e Ben são mais entrosados no filme.


3) A briga entre Margo e Lacey Pemberton não existe no filme
A vingança de Margo contra Lacey - que, segundo ela, escondeu uma traição - é mais leve no filme. Ao invés do peixe cru sobre o banco do carro e a pixação, Margo e Quentin envolvem o veículo em plástico e pixam o “M” sobre ele. Além disso, o confronto explosivo entre as duas não existe na adaptação. Elas simplesmente não chegam a se reencontrar após a fuga de Margo. Essa mudança alivia a carga de tensão em torno da amizade perdida. Lacey apenas percebe que está preocupada com alguém que não estaria tão aflita por ela, se a situação fosse invertida. Isso faz de Lacey uma personagem mais descontraída do que é no livro, e também mais participativa - sem necessariamente fazer parte do desfecho de Margo.

4) O baile de formatura está no filme - e Quentin está no baile 
A importância dos ritos de passagem da adolescência para a faculdade é reforçada ao longo do filme. A preocupação com o baile de formatura - o par, as roupas, o corte de cabelo, o aluguel de uma limousine e tudo o mais - não é, porém, neurótica como no livro. Ela ocorre naturalmente, e serve para reforçar que, enquanto Quentin não para de pensar em Margo, pode estar perdendo momentos importantes da juventude, com os quais todos os demais estão empolgados. No livro, Quentin perde o baile e passa a noite dormindo num dos esconderijos de Margo - uma perda lamentável, especialmente quando o filme ressalta a importância da festa e a transforma num dos momentos mais bonitos da adaptação. No longa, a colação de grau é suprimida (fica subentendida numa das cenas) enquanto no livro, todos a abandonam para seguir atrás de Margo. 
Angela, Margo e Lacey desenvolvem personagens mais cativantes e com menos dramaticidade.
Angela, Margo e Lacey desenvolvem personagens mais cativantes e com menos dramaticidade.


5) No filme, Angela também embarca à procura de Margo
A viagem em grupo na minivan é fundamental para o desenrolar do filme, embora ela não exista no livro - pelo menos, não nos mesmos moldes, nem na mesma ordem cronológica. Durante as mais de vinte horas na estrada, Quentin, Ben, Radar, Lacey e Angela se aproximam, amadurecem e vivem experiências inéditas na vida de cada um, até então. Uma das melhores partes é que eles aprendem que o percurso foi mais importante do que a chegada. E Angela (Jaz Sinclair), namorada de Radar (Justice Smith), embarca com eles. Divertida (e compreensiva com as inseguranças do namorado), ela enriquece a trama - e, no livro, a personagem é pouco aproveitada. 

6) Ben e Radar são mais divertidos no filme que no livro
Ben (Austin Abrams) e Radar (Justice Smith) são peças-chave para o desenrolar do enredo e, no filme, são melhor aproveitados. Mais divertidos, bem humorados e entrosados. A música dos Pokémons, cantada por eles em momento de tensão, rende uma das cenas mais engraçadas do longa, além das brincadeiras com o falso sotaque entre Quentin e Ben. O universo nerd, os videogames e o bom desempenho acadêmico também são bem explorados, além da insegurança em relação às mulheres - tudo de forma bem descontraída. É bem provável que você saia do cinema com vontade de ser amigo(a) de Radar e Ben. E já com saudade dos dois.

Confira o trailer abaixo:


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