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sábado, 4 de junho de 2016

Alunas de jornalismo da USP escrevem nota de repúdio ao mitômano Claudio Tognolli, que recebe salário sem aparecer

Postado em 4 de junho de 2016 às 10:35 am

São Paulo, 3 de junho de 2016.
Nós, alunas e ex-alunas do curso de Jornalismo da ECA/USP, manifestamos nosso repúdio às declarações de caráter ofensivo e machista feitas pelo (sentimo-nos horrorizadas de chamá-lo dessa forma) professor Claudio Tognolli no programa Jovem Pan Morning Show no dia 2 de junho de 2016. Durante o programa, o docente reproduz um comportamento a que suas alunas já estão acostumadas: ele xinga e inferioriza explicitamente a jornalista Helen Braun. Além disso, também minimiza o protesto Por Todas Elas, organizado para combater a cultura do estupro, realizado em São Paulo no dia anterior à transmissão, alegando que mulheres foram pagas para estar lá. Tognolli, que é jornalista, mente e tenta deslegitimar o movimento feminista em rede nacional, bradando sua opinião sem apuração, cuidado ou respeito.
É degradante, assustador e, acima de tudo, inaceitável que o Departamento de Jornalismo e Editoração, a Escola de Comunicações e Artes e a Universidade de São Paulo admitam que Claudio Tognolli ainda se autodenomine como professor dessas instituições. Seu comportamento desrespeitoso não é uma surpresa para nós. A omissão constante da USP, porém, é revoltante. É essa a imagem que a dita “melhor universidade do Brasil e da América Latina” quer passar para o Brasil e o mundo? É esse um de seus representantes? Um docente sem compromisso com sua carga horária ou com seus alunos, que utiliza do “selo USP” apenas para se promover, e recebe um salário de R$ 6285,80 (disponível em: http://bit.ly/1U2M84Z) para não comparecer à sala de aula com assiduidade? Um docente que admite utilizar de medidas antiéticas para realizar suas ditas reportagens e que ridiculariza a pesquisa — um dos tripés da Universidade? Que menospreza questões de gênero em um país machista? Como ecanas, sentimos vergonha por saber que nossa graduação depende, entre outros fatores, de uma nota atribuída a nós por um homem cujo comportamento não nos desperta nada além de desprezo e nojo.
A atuação de Claudio Tognolli como docente da ECA já é conhecida há anos por sua mediocridade. Chega. Não toleraremos mais seu comportamento desrespeitoso para conosco. Sua falta de empatia e postura agressiva não são novidade para nós. Esperamos, porém, que para as próximas gerações de estudantes de Jornalismo da USP, o comportamento de Tognolli não seja nem notícia. Não o aceitamos mais como professor e não o queremos como representante, dentro da ECA, de uma sociedade machista que sempre nos oprimiu. Exigimos que o Departamento de Jornalismo e Editoração se pronuncie e não seja conivente com a postura de Claudio Tognolli, como tem sido há anos. Ressaltamos que o silêncio diante desse comportamento significa estar do lado errado dessa luta.
Atenciosamente,
Alunas e ex-alunas do curso de Jornalismo da ECA/USP
Coletivo Feminista da ECA/USP

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