Conselho Tutelar da Encruzilhada quer estender a vizinhos benefícios oferecidos pela PCR às famílias de Paulinho, Galego e Geivson
Publicado em 07/11/2013, às 00h23
Wagner Sarmento
wsarmento@jc.com.br
Assim como Paulinho, outros meninos da região mergulham no imundo Canal do Arruda para brincar ou trabalhar
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Diagnóstico preliminar realizado pelo Conselho Tutelar da Encruzilhada, na Zona Norte do Recife, revelou que existem, vizinhas aos três meninos de Saramandaia, outras oito famílias com crianças que brincam e trabalham no poluído Canal do Arruda. Os conselheiros tentarão, junto à prefeitura, conseguir para esses outros núcleos familiares os mesmos benefícios anunciados na última terça-feira (5) para Paulinho, Galego e Geivson, estampados na edição de domingo do Jornal do Commercio catando latinhas em meio ao lixo. A cena rodou o mundo.
As diaristas Maria José Félix de Oliveira, 34 anos, mãe de Paulo Henrique Félix da Silveira, 9, e Maria Betânia Félix de Oliveira, 32, mãe de Tauã Manoel da Silva Alves, 10; e Geivson Félix de Oliveira, 12, estiveram na quarta-feira (6) pela manhã na sede do Conselho Tutelar. A primeira levou os seis filhos. A segunda, os seus oito.
O encontro inicial serviu para dar início à maratona para devolver um pouco da dignidade roubada das duas famílias. Maria Betânia e algumas das crianças nem sequer tinham registro de nascimento. As documentações são essenciais para dar entrada no Bolsa Escola e no Bolsa Família. “Somos um órgão encaminhador e vamos ajudar que eles sejam incluídos nas medidas anunciadas pela prefeitura”, afirmou o coordenador do Conselho Tutelar da Encruzilhada, Carlos Estevam.
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos também anunciou que as famílias vão receber um benefício eventual no valor de R$ 200, na modalidade do Aluguel Social, além de uma cesta básica mensal por tempo indeterminado.
A conversa, no entanto, também foi pautada por um compromisso: as mães não podem mais deixar que os meninos mergulhem no Canal do Arruda, seja para trabalhar ou brincar. O Conselho Tutelar vai pedir à Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) que retire o balanço que pendula sobre as águas sujas e ameaçou até retirar a guarda das crianças caso a situação de trabalho infantil se perpetue. “Já falei para os meninos não fazerem mais isso, senão vão tirar eles da gente. Não quero perder mais filhos”, desabafou Maria José.
Paulinho, Galego e Geivson não estão sozinhos. O Conselho Tutelar fez um levantamento inicial nos arredores do local e encontrou outras crianças na mesma situação. “Detectamos que há mais oito famílias cujas histórias não vieram à tona, mas que levam vidas iguais. Se as duas famílias receberão benefícios, todas essas outras devem receber. É uma questão de justiça. Elas só não saíram nas fotos, mas existem”, ponderou.
Um encontro marcado para amanhã, às 10h, na Escola Municipal Professora Jandira Botelho, em Saramandaia, reunirá a equipe do Conselho Tutelar, psicólogos, agentes de saúde, pais e crianças da comunidade. O objetivo é conscientizar a população para os riscos à saúde de mergulhar no canal, além de tratar da problemática do trabalho infantil.
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