Publicação: 02/11/2013 11:22
No feriado de Finados, cerca de 2 milhões de pessoas passarão pelos 22 cemitérios municipais, além do Crematório Municipal da Vila Alpina, na capital paulista. Uma operação foi montada para receber os visitantes, com 1,4 mil funcionários do serviço funerário do município trabalhando na limpeza, pintura de muros, capina, roçagem e instalação de mais de 100 banheiros químicos.
A Agência Brasil visitou alguns desses cemitérios enquanto os serviços eram feitos e verificou que as condições de conservação desses locais variam bastante, mas a falta de segurança é o item que mais preocupa os paulistanos.
Há um ano, a reportagem foi ao Cemitério da Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da cidade, e constatou muita sujeira e animais mortos. À época, os frequentadores relataram assaltos no local e contaram que a capela já esteve cravejada de buracos de tiros. Atualmente, a insegurança ainda amedronta, como relata Luís Domingo, que mora em frente ao cemitério. “Moro aqui há 12 anos. Tem muitos usuários de drogas e prostituição lá dentro”, disse ele.
Alaídes Barbosa, de 59 anos, vai ao cemitério todo mês, há mais de 15 anos. No Vila Nova Cachoeirinha, conta ela, está o túmulo da sogra, da mãe e do marido. “Venho morrendo de medo, porque tem muito assalto aqui dentro”. Ela disse que sempre toma precauções, como não frequentar o local desacompanhada. “Sozinha, eu não venho. Dá medo, porque, às vezes, não tem ninguém aqui [ao redor]. Então, eu sempre trago alguém comigo”, disse.
Cláudia Almeida de Santos, de 37 anos, é dona de uma floricultura em frente ao cemitério. Ela disse que a loja já foi assaltada mais de dez vezes e nenhum comércio local fica livre da ação constante dos criminosos. “Todos aqui já foram assaltados. Os assaltantes praticam os crimes e pulam o muro para dentro do cemitério para se esconder”, disse.
Outro problema do cemitério é a dificuldade de localização de túmulos. Marta Rosa Paiva, de 37 anos, procurava a sepultura do pai, que morreu há um ano. O cemitério, que tem mais de 27 metros quadrados, é divido por oito terrenos e 66 quadras (58 quadras na terra e oito quadras na gaveta).
No dia do enterro do pai, como estava abalada, Marta não acompanhou a cerimônia até o final e não viu onde o corpo foi enterrado. “Não voltei aqui depois por medo. A gente não pode trazer bolsa, senão os 'noias' [usuários de crack] te assaltam. É muito perigoso”, relatou. Mesmo com a ajuda de um coveiro, Marta não localizou o túmulo do pai e desistiu da busca.
O Cemitério da Vila Formosa, na zona leste, tem mais de 700 mil metros quadrados – considerado o maior do Hemisfério Sul – e dispõe de 80 mil sepulturas. Por dia, são enterrados 40 corpos, quase 40% do total de sepultamentos feitos nos cemitérios municipais da capital. Diariamente, morrem 300 pessoas na cidade e quase metade vai para os cemitérios municipais.
A Agência Brasil esteve no cemitério há um ano e ouviu relatos de que a galeria de ossários era ocupada por usuários de drogas e pessoas que faziam programas no local. Doze meses depois a situação é a mesma. Anita Alves, de 48 anos, jardineira do cemitério, conta que o medo faz parte do seu cotidiano de trabalho. “Pessoas vêm usar droga aqui porque é mais afastado. É perigoso, várias famílias já foram assaltadas aqui”, relata. “Se fosse para vir sozinha, eu não viria não. Eu só venho porque meu pai está junto”, acrescentou.
Além de usuários de drogas, há muita prostituição. “Vem bastante travesti para cá. Devia ter mais segurança, só de vez em quando passa a Guarda Civil Metropolitana, mas é difícil. Eles vêm poucas vezes. E quando vêm, não conseguem retirá-los daí”, contou ela.
Roberto Rodrigues da Silva, 64 anos, além de morar perto do cemitério, visita o local há mais de 40 anos. “Aqui não é seguro. Antes, tinha muito mais furtos, quando havia objetos de bronze, que agora não tem mais”, relatou Rodrigues, enquanto a mulher dele pintava o ossário da mãe.
Uma situação diferente foi encontrada no Cemitério Quarta Parada, no Tatuapé, também na zona leste. Além de aparentar ser mais bem cuidado, frequentadores informaram que assaltos, mais comuns antigamente, diminuíram com o tempo. João Carlos Nadir, de 66 anos, frequenta o local há muitos anos, para prestar homenagens a seis parentes enterrados ali. Segundo ele, os assaltos dentro do cemitério diminuíram.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) informou, por meio de nota, que desde o início do ano fez mais de 13,6 mil rondas em todos os cemitérios municipais. Segundo o órgão, foram instaladas câmeras de segurança nos cemitérios da Quarta Parada, de São Paulo, da Vila Mariana e da Consolação. De acordo com a secretaria, os cemitérios da Quarta Parada e da Vila Formosa têm postos fixos da Guarda Civil Metropolitana (GCM), que também fazem rondas motorizadas e a pé. O da Vila Nova Cachoeirinha tem policiamento feito por rondas.
"A GCM também tem mantido contato permanente com a Diretoria de Segurança e Fiscalização do Serviço Funerário do Município de São Paulo, bem como com a Diretoria de Cemitérios, de forma a aumentar o número de rondas periódicas e/ou policiamento fixo, de acordo com o índice de vulnerabilidade das regiões. A população pode ajudar a coibir os crimes nos cemitérios ligando para o telefone 153, da Guarda Civil Metropolitana, que funciona 24 horas por dia", informa a nota.
A Agência Brasil visitou alguns desses cemitérios enquanto os serviços eram feitos e verificou que as condições de conservação desses locais variam bastante, mas a falta de segurança é o item que mais preocupa os paulistanos.
Há um ano, a reportagem foi ao Cemitério da Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da cidade, e constatou muita sujeira e animais mortos. À época, os frequentadores relataram assaltos no local e contaram que a capela já esteve cravejada de buracos de tiros. Atualmente, a insegurança ainda amedronta, como relata Luís Domingo, que mora em frente ao cemitério. “Moro aqui há 12 anos. Tem muitos usuários de drogas e prostituição lá dentro”, disse ele.
Alaídes Barbosa, de 59 anos, vai ao cemitério todo mês, há mais de 15 anos. No Vila Nova Cachoeirinha, conta ela, está o túmulo da sogra, da mãe e do marido. “Venho morrendo de medo, porque tem muito assalto aqui dentro”. Ela disse que sempre toma precauções, como não frequentar o local desacompanhada. “Sozinha, eu não venho. Dá medo, porque, às vezes, não tem ninguém aqui [ao redor]. Então, eu sempre trago alguém comigo”, disse.
Cláudia Almeida de Santos, de 37 anos, é dona de uma floricultura em frente ao cemitério. Ela disse que a loja já foi assaltada mais de dez vezes e nenhum comércio local fica livre da ação constante dos criminosos. “Todos aqui já foram assaltados. Os assaltantes praticam os crimes e pulam o muro para dentro do cemitério para se esconder”, disse.
Outro problema do cemitério é a dificuldade de localização de túmulos. Marta Rosa Paiva, de 37 anos, procurava a sepultura do pai, que morreu há um ano. O cemitério, que tem mais de 27 metros quadrados, é divido por oito terrenos e 66 quadras (58 quadras na terra e oito quadras na gaveta).
No dia do enterro do pai, como estava abalada, Marta não acompanhou a cerimônia até o final e não viu onde o corpo foi enterrado. “Não voltei aqui depois por medo. A gente não pode trazer bolsa, senão os 'noias' [usuários de crack] te assaltam. É muito perigoso”, relatou. Mesmo com a ajuda de um coveiro, Marta não localizou o túmulo do pai e desistiu da busca.
O Cemitério da Vila Formosa, na zona leste, tem mais de 700 mil metros quadrados – considerado o maior do Hemisfério Sul – e dispõe de 80 mil sepulturas. Por dia, são enterrados 40 corpos, quase 40% do total de sepultamentos feitos nos cemitérios municipais da capital. Diariamente, morrem 300 pessoas na cidade e quase metade vai para os cemitérios municipais.
A Agência Brasil esteve no cemitério há um ano e ouviu relatos de que a galeria de ossários era ocupada por usuários de drogas e pessoas que faziam programas no local. Doze meses depois a situação é a mesma. Anita Alves, de 48 anos, jardineira do cemitério, conta que o medo faz parte do seu cotidiano de trabalho. “Pessoas vêm usar droga aqui porque é mais afastado. É perigoso, várias famílias já foram assaltadas aqui”, relata. “Se fosse para vir sozinha, eu não viria não. Eu só venho porque meu pai está junto”, acrescentou.
Além de usuários de drogas, há muita prostituição. “Vem bastante travesti para cá. Devia ter mais segurança, só de vez em quando passa a Guarda Civil Metropolitana, mas é difícil. Eles vêm poucas vezes. E quando vêm, não conseguem retirá-los daí”, contou ela.
Roberto Rodrigues da Silva, 64 anos, além de morar perto do cemitério, visita o local há mais de 40 anos. “Aqui não é seguro. Antes, tinha muito mais furtos, quando havia objetos de bronze, que agora não tem mais”, relatou Rodrigues, enquanto a mulher dele pintava o ossário da mãe.
Uma situação diferente foi encontrada no Cemitério Quarta Parada, no Tatuapé, também na zona leste. Além de aparentar ser mais bem cuidado, frequentadores informaram que assaltos, mais comuns antigamente, diminuíram com o tempo. João Carlos Nadir, de 66 anos, frequenta o local há muitos anos, para prestar homenagens a seis parentes enterrados ali. Segundo ele, os assaltos dentro do cemitério diminuíram.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) informou, por meio de nota, que desde o início do ano fez mais de 13,6 mil rondas em todos os cemitérios municipais. Segundo o órgão, foram instaladas câmeras de segurança nos cemitérios da Quarta Parada, de São Paulo, da Vila Mariana e da Consolação. De acordo com a secretaria, os cemitérios da Quarta Parada e da Vila Formosa têm postos fixos da Guarda Civil Metropolitana (GCM), que também fazem rondas motorizadas e a pé. O da Vila Nova Cachoeirinha tem policiamento feito por rondas.
"A GCM também tem mantido contato permanente com a Diretoria de Segurança e Fiscalização do Serviço Funerário do Município de São Paulo, bem como com a Diretoria de Cemitérios, de forma a aumentar o número de rondas periódicas e/ou policiamento fixo, de acordo com o índice de vulnerabilidade das regiões. A população pode ajudar a coibir os crimes nos cemitérios ligando para o telefone 153, da Guarda Civil Metropolitana, que funciona 24 horas por dia", informa a nota.
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