O adágio popular cabe como uma luva para uma situação que está não apenas destruindo a imagem do Brasil perante o mundo, mas prejudicando a economia, gerando medo, violência e incerteza entre a sociedade e, o que é pior, sem uma justificativa inteligível.
É triste ver um país em que o padrão de vida melhorou tanto ao longo da última década se deixar levar por um modismo inconsequente que está por arrasar todas as conquistas obtidas com tanto custo nesse período.
Os últimos acontecimentos durante os protestos pelo país, em questão de horas serviram para que os ideólogos da “primavera brasileira” parassem e pensassem que sem Estado e política o que sobra é o caos.
A constante criminalização da política e a militância política travestida de jornalismo fundamentaram a tese dos que querem abolir todas as instâncias democráticas em troca de uma causa que não se apresenta, oculta sob frases feitas e generalistas.
Aos poucos, porém, as pessoas vão se dando conta da verdade. Sobretudo aquelas que se encastelaram no poder e esqueceram que não se governa um país sem fazer política, e que se mancomunam até com o diabo contanto que ele concorde com elas.
Os que acusam Dilma de se aliar a partidos cheios de picaretas em prol da governabilidade ou de se encolher de medo diante de um “jornalismo” mafioso, porém, decidiram ir às ruas ao lado de psicopatas de ultradireita que se aproveitam dos protestos para tocar o terror.
Quem diz que as manifestações são pacíficas e só reagem à violência de uma polícia inegavelmente despreparada, violenta e até corrupta se calam quando fica claro que não precisa polícia nenhuma para o vandalismo eclodir.
Nos últimos dias, a polícia que deu sua contribuição ao vandalismo se recolheu e os protestos degringolaram para a violência do mesmo jeito. E, pasme-se, agora acusam as autoridades de não acionarem a mesma… Polícia!
E quanto à tese de que a própria polícia praticava o terror com infiltrados, apesar do caráter comprovadamente violento dela caiu por terra com as cenas dos últimos dias pelas ruas do país, até porque os autores dessa tese se calaram.
Os que geraram o ambiente que permitiu o caos apesar de não participarem dele, têm que assumir que jogaram centenas de milhares na rua, marcharam ao lado deles e quando desencadearam o terror, agora dizem que nada têm com isso.
Já o governo que pretende governar sem fazer política acaba de ter confirmada a sua queda de popularidade. O instituto Ibope concorda com o Datafolha e mostra que Dilma perdeu popularidade.
Quem prega que ela se mantenha na rota do mutismo e da ojeriza à política se aferra à comparação com a popularidade de outros presidentes com o mesmo tempo de mandato sem levar em conta que a trajetória da presidente é de queda.
Esta, continua dando declarações curtíssimas, não fala ao povo, não lidera o país justamente no momento em que este precisa de liderança, que está sendo usurpada não só do governo, mas da oposição e até da mídia por um grupo de jovens de classe média e alguns vovôs que tentam recuperar a juventude perdida.
Na última terça-feira, assistindo aos telejornais, constato que “um grupo pequeno” tocou o terror pelo país afora, sobretudo no centro de São Paulo. Em um desses telejornais, assisto a 30 minutos incessantes de quebradeira praticada por um “grupo pequeno”.
A avaliação dos telejornais é de que centenas de pessoas destruíram a fachada da prefeitura de São Paulo e arrombaram, depredaram e saquearam dezenas de estabelecimentos comerciais, sem falar em certa rede de televisão que estimulou ao vivo os manifestantes a invadirem a prefeitura ao dizer “culpado por tudo” o prefeito que está há cinco meses no cargo.
Os manifestantes pacíficos que marcharam ao lado de dementes de ultradireita descobrem que estavam em má companhia e, como se tivessem chegado agora e não tivessem nada com isso, querem impedi-los de barbarizar.
Você leva uma matilha de lobos ao centro de uma cidade e quando começam a devorar as pessoas diz que não tem nada com isso porque não está devorando ninguém.
Ninguém tem coragem de dizer isso e, também, que o preço das passagens não tem nada que ver com o peixe.
Várias cidades de todo país cederam aos manifestantes, reduziram o preço da passagem e as manifestações continuaram, com os bandidos que marcharam ao lado dos pacíficos quebrando tudo.
Não é um milagre que “apenas” mutilações e ferimentos entre graves, médios e leves tenham ocorrido entre policiais e manifestantes? Chega a ser inacreditável que ainda não morreu ninguém. Mas, sendo racional, não se pode acreditar que isso não irá mudar.
O que espanta e deprime é ver que ninguém diz o que é preciso porque foi montada uma rede de difamação e intimidação, um verdadeiro tribunal ideológico com pistoleiros ideológicos agindo para calar qualquer divergência.
Nesse processo, muitos que confidenciam em privado que reconhecem o verdadeiro caráter desse movimento que tanto está prejudicando o Brasil por uma causa que ninguém sabe qual é, mas publicamente se omitem, concordam com ele e até o exaltam.
Tudo por medo dos tribunais e dos justiçamentos ideológicos.
Quando as pessoas chegam a ter medo de dizer opiniões legítimas por conta de que serão tachadas de “reacionárias”, “falsos esquerdistas” etc., instalou-se um processo inquisitorial no país.
Desde o primeiro momento, este espaço acusou o risco que representava jogar nas ruas massas incontroláveis. Ao contrário do que dizem alguns pistoleiros ideológicos, aqui jamais houve mudança de rota.
O que tem sido dito é que se deixarem essas manifestações ocorrerem sem contraponto, irão gerar uma tragédia política, econômica e física para o país e que, portanto, se não se pode impedir as pessoas de exercerem o direito de irem à rua, há que ir também e tentar pregar bom senso.
Isso, claro, se não se puder instilar bom senso na sociedade, que precisa entender que um país não pode ser governado por grupos que vão às ruas, mas através daqueles que a maioria eleger pelo voto livre e consciente.
O que sempre foi dito aqui é que não se pode levar massas incontroláveis às ruas e quando saírem previsivelmente de controle ninguém se responsabilizar. E que é antiético inventar uma bandeira fictícia de redução do preço das passagens quando a motivação é outra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário