Expor opiniões pessoais sem contrariar a política organizacional da sua empresa, saber distinguir vida privada da carreira profissional na internet. Eis alguns dos principais problemas do trabalhador deste século
Sávio Gabriel - Especial para o Diario
Publicação: 15/09/2013 14:00
O administrador de empresas Allan Maxwell, 23, sabe equilibrar essa balança. Ele diz que sempre pondera antes de fazer um comentário ou publicar uma foto na timeline. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press |
Você costuma adicionar ou aceitar convites de colegas de trabalho e até de seus superiores nas redes sociais? Independentemente da resposta, expandir os contatos além do ambiente profissional requer cuidados. Afinal, situações da vida privada expostas na rede podem manchar sua carreira ou fazer com que você se torne um referencial negativo entre os colegas da firma. Tudo vai depender de como é o seu comportamento no mundo virtual. Isso inclui suas declarações e o grau de exposição da sua vida pessoal.
Ao receber uma solicitação do colega de expediente, por exemplo, é normal que a pessoa pense duas vezes antes de aceitar. “Recusar o pedido pode dar margem a algumas interpretações, como a de que você não gosta de uma pessoa, por exemplo”, comenta Socorro Macedo, diretora executiva da Le Fil, empresa que faz assessoria em redes sociais. Se você é seletivo (adiciona alguns colegas e deixa outros de fora), a situação fica mais delicada.
“Os excluídos veem que as pessoas estão comentando sobre algo, mas eles não têm acesso. Para muitos, é um atestado de que você não gosta dele”, explica ela. Por isso, o ideal é aceitar todos os colegas mais próximos.
“O mal-estar é inevitável, e por isso é importante que haja uma conversa pessoalmente sobre o assunto entre as partes envolvidas”, afirma a diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Pernambuco (ABRH-PE), Ana Carla Cantarelli. Para ela, o diálogo é importante para saber se a pessoa tem a real intenção de acrescentar o colega à sua rede social. “Isso ajuda você a perceber se há essa possibilidade ou não. E se a resposta for negativa, é preciso respeitar a decisão”, ressalta.
“Evitar indiretas ou quaisquer comentários a respeito do ambiente de trabalho é fundamental”, orienta o diretor administrativo da Start, Glauciano Bezerra. Segundo ele, o fato de muitas pessoas exporem a vida pessoal na grande rede faz com que haja uma confusão na hora de incluir os colegas de trabalho no círculo de amigos. “Muitas vezes, o comportamento da pessoa na rede social vai de encontro à cultura organizacional. Ao adicionar os colegas, é preciso ter cuidado redobrado com desabafos, publicação de fotos e outros assuntos polêmicos”, explica.
O administrador de empresas Allan Maxwell, 23, sabe equilibrar essa balança. Ele tem praticamente todos os seus colegas de trabalho (dos mais altos cargos aos com menor nível hierárquico) em uma rede social. “No começo, quando o pessoal me adicionou, fiquei com receio, já que se trata de algo pessoal”, admite. No entanto, ele diz que toma muito cuidado antes de fazer algum comentário ou divulgar uma foto, por exemplo. “Eu tenho consciência do impacto que algo pode ter na internet. Principalmente se for um assunto polêmico.”
O jovem acredita que apesar das pessoas acreditarem que não, elas são observadas nas redes sociais. “Isso desperta uma curiosidade com relação à sua vida, então é preciso que as pessoas fiquem atentas. E isso deve acontecer mesmo se você não tiver os colegas de trabalho na rede”, opina. “Se eu tiver que falar algo mais pessoal, chego para alguém e converso. Jamais faria isso na internet”, completa o administrador.
“As pessoas precisam entender que a grande vantagem de ter o companheiros de trabalho nas redes sociais é a facilidade de divulgar informações”, afirma Ana Carla Cantarelli. As informações, nesse caso podem ser artigos, matérias e outros conteúdos que agreguem conhecimento às pessoas. “Se o indivíduo costuma colocar coisas interessantes, os colegas de trabalho vão tomá-lo como uma referência. E isso é muito bom para a carreira profissional”, explica. “Às vezes, algo que você compartilha pode ter reflexos positivos até na própria dinâmica da equipe”, acrescenta Glauciano.
Se você é daqueles que publica diversas informações pessoais, como fotos em festas, por exemplo, e outras situações íntimas, a dica é não adicionar ninguém do trabalho. “Nesses casos, a melhor alternativa é que a pessoa faça outro perfil, de cunho estritamente profissional. Isso ajuda a não misturar as coisas”, reforça Ana Carla. Nos casos em que a exposição não é tanta, dá para administrar os dois lados. “É só ter controle e o bom senso antes de expor algo”, finaliza a diretora.
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