Laudo sobre as condições do habitacional só será divulgado em fevereiro de 2014. Técnicos alegam que são impedidos de entrar nos apartamentos
Publicado em 10/09/2013, às 09h04
Marina Barbosa
Dos 69 blocos do habitacional, um já foi demolido e 34 desocupados
Foto: Diego Nigro / JC Imagem
Seu Serafim ainda arruma a casa nova com a esposa e os dois filhos. Eles chegaram ao Engenho do Meio, na Zona Oeste do Recife, há três dias, depois de trinta anos em Jaboatão dos Guararapes. A família morava no Conjunto Residencial da Muribeca, mas teve que sair dali por causa do risco de desabamento que ronda os 69 blocos do habitacional. Muitos já foram interditados e estão abandonados. Outros ainda abrigam moradores, mas também serão esvaziados. É que a Defesa Civil da cidade está desocupando todo o conjunto para que o Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep) vistorie os prédios e crie projetos de restauração.
O relatório final deveria ter sido entregue em junho, mas o prazo foi prorrogado para fevereiro do próximo ano. O Itep justificou o atraso dizendo que não pôde vistoriar todos os blocos porque os moradores de alguns deles impediram a entrada dos técnicos. “Só podemos concluir o estudo com a ajuda da população. Temos que entrar nos apartamentos para tirar medidas e amostras da estrutura”, explicou o coordenador da unidade de Tecnologia e Habitação do Itep, Carlos Wellington Pires. Ele revelou que as observações parciais indicam que alguns prédios terão que ser demolidos e outros poderão ser recuperados. As obras serão custeadas pela Caixa Econômica Federal, que financiou a construção do habitacional, entregue em 1982.
Segundo a Prefeitura de Jaboatão, 34 blocos já foram desocupados. Os demais estão sendo esvaziados pela Defesa Civil gradualmente, segundo ordem judicial. Os moradores recebem a notícia por meio de um ofício que lhes dá o prazo de 30 dias para sair de casa. Além disso, ganham um auxílio-moradia da Caixa que varia entre R$ 600 e R$ 730. No entanto, a maior parte das casas da região já está alugada. Por isso, muitos moradores têm que ir para outro lugar ou pagar mais caro para continuar na Muribeca. Serafim José da Silva, 62, por exemplo, vai para o Engenho do Meio. “Não queria deixar minha casa, porque criei uma vida aqui. Meu prédio não teve problemas, mas disseram que nós temos que sair para a Caixa poder realizar a reforma”, revelou o aposentado.
Os problemas do Conjunto Muribeca são antigos e começaram quatro anos após a entrega do habitacional, em 1982. Diversos prédios apresentaram rachaduras e cederam. Outros ganharam puxadinhos que agravaram as falhas. Dos 69 blocos, um já foi demolido.
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