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domingo, 8 de setembro de 2013

Justiça Federal de Pernambuco retira censura de Cordel

07.09.2013
















A Justiça Federal de Pernambuco liberou, na última quinta-feira (5), o cordel "A Lei da Previdência para a Aposentadoria" do poeta e artesão Davi Teixeira para circulação e comercialização.
O cordel havia sido censurado a pedido do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) e foi recolhido de todos os pontos de vendas nos quais o artista disponibiliza suas obras para venda.
Eis a íntegra do folheto  de cordel "A Lei da Previdência para aposentadoria":
Pra você se aposentar
Tenha a profissional,
Registro de nascimento,
Só serve o original
Até você conseguir
Vai sonhar e passar mal.
Essa aposentadoria
Que agora vou destrinchar
Pede tanto documento
Dá vontade de chorar
O pobre sofre demais
Senhor pode acreditar.
Com cinquenta de trabalho
O cabra velho e cansado
Não tem ânimo para nada
Vive ali sacrificado,
Passa horas numa fila
Deixando ele irritado.
Idoso vive sofrendo
Na fila dos hospitais
Chegando de madrugada
Do lugar ele não sai,
Com fome muito doente
Ali mesmo ele cai.
Trabalhador brasileiro
Cidadão muito humilhado
Só na hora do seu voto
Novamente é abraçado,
Só nas próximas eleições
De novo vai ser lembrado.
Políticos mudam as leis
Cada vez mais complicando,
Só não mudam para eles
São muitos se aposentando.
Eles morrendo de rir
Deixando o pobre chorando.
Para o pobre dar entrada
Preenche um documento
Passando por junta médica
É aquele sofrimento,
Manda ele voltar depois
Para dar o seguimento.
E também tem que trazer
No papel todo escrito
O nome dos seus vizinhos
Para mostrar ao perito
Nem mesmo ele entende
Achando tudo esquisito.
Sem direito a reclamar,
E sempre no hospital,
Ter a cara enrugada
Isso é o principal
Pernas finas e os braços
E enxergar muito mal.
Andar com uma bengala
E no bolso identidade,
Não ser do interior
Tem que morar na cidade,
E sem ter nenhuma renda
Que viva de caridade.
E também pagar imposto,
Em dia na prefeitura,
Vai dizer que passa fome
Pra comprar a sepultura
Vai mostrar que ta banguelo
Nunca teve dentadura.
E mais de cinquenta e três
Também você tem que ter,
Não saber contar e somar
nem tão pouco escrever.
E provar que está vivo
Dizer que não quer morrer.
Decorar todos os números
Dos seus próprios documentos,
Tirar foto com políticos
E sempre ficar atento,
Para ali não ser roubado
Lá dentro do parlamento.
Não pode ter casa própria
E só morar de favor
Anotar todos os lugares
Dia e mês por onde andou,
Levar todo relatório
Para mostrar ao doutor.
Nome da maternidade
Onde seu avô nasceu
registro de nascimento
E mostrar quem escreveu,
Ou atestado de óbito
Se acaso ele morreu.
Se você tem tudo isso
Vai logo se aposentar
Tá Faltando um pouquinho
Agora vou lhe falar,
Ter foto com Lampião
Pra você também mostrar.
Essa lei da previdência
Tudo pelo social
Não vale para políticos
Pra eles isso é normal.
O pobre tem que sofrer
Comer pouco e passar mal.
O morcego e o político
Pra mim eles são iguais,
Político tira dos pobres
Morcego dos animais,
Vejo na televisão
É assunto dos jornais.
Não fique aí estressado
Cidadão trabalhador
Junte o que conseguiu
Entregue para o doutor,
Ele vai analisar
Depois chamar o senhor.
Tudo bem analisado
É grande o carnaval
O doutor manda chamar
Que faltou o principal,
Dia e hora em que nasceu
O nome do hospital.
Já tudo esclarecido
Aguardando o chamado
Com cinco horas na fila
Ele fica todo inchado
É caso pra se pensar
Ficou tudo engavetado.
Já depois de cinco anos
Recebe o resultado
Uma carta avisando
Você tá aposentado.
Dá-lhe uma tremedeira
Ele fica desmaiado.
Levado pelos parentes
Direto pro o hospital
O doutor faz o exame
Ele está é muito mal,
A pressão dele baixou
Dá pra ele um Sonrisal.
E mesmo assim não tem jeito
De o pior acontecer,
Sem um bom atendimento
Isso é pra gente saber,
A saúde tá uma merda
E só fazem prometer.



FIM

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