Autor de Dom Quixote, o escritor morreu em 1616, na Espanha
Publicado em 17/03/2015, às 08h47
Da AFP
Os restos mortais foram encontrados na cripta
de um convento de Madri, um ano depois do início de sua busca
Foto: HO / Sociedad de Ciencia Aranzadi / AFP
Restos mortais do escritor espanhol Miguel de Cervantes, autor de Dom Quixote, foram encontrados na cripta de um convento de Madri, um ano depois do início de sua busca, anunciou nesta terça-feira a equipe multidisciplinar responsável pela busca.
"À vista de toda a informação gerada no caso de caráter histórico, arqueológico e antropológico, é possível considerar que entre os fragmentos da área localizada no solo da cripta da atual igreja das Trinitárias se encontram alguns pertencentes a Miguel de Cervantes", disse o antropólogo Francisco Etxeberría, coordenador da equipe.
"São muitas as coincidências e não há discrepâncias", completou Etxeberría, que reconheceu que não foi possível rastrear indícios dos ferimentos sofridos pelo escritor na batalha de Lepanto.
Na batalha naval de Lepanto, em que a Santa Liga formada principalmente por Espanha, Veneza e a Santa Sé venceu os turcos em 1571, Cervantes foi ferido no peito e na mão de esquerda por um arcabuz.
O ferimento deixou sua mão esquerda inutilizada e o autor passou a ser chamado de "o manco de Lepanto".
"Não conseguimos verificar esta circunstância porque o nível de conservação do osso não permitiu, não conseguimos descobrir nenhum sintoma de patologia traumática", disse o antropólogo.
"Todos os membros da equipe estão convencidos de que temos entre estes fragmentos algo de Cervantes, mas, no entanto, não posso dizer em termos de certeza absoluta", completou.
"As coincidências e as não discrepâncias da articulação e dos elementos de caráter histórico, antropológico e arqueológico nos levam a considerar que ali estaria Cervantes em termos razoáveis", explicou.
"Não vai acontecer uma individualização confirmada pela genética", afirmou a arqueóloga Almudena García Rubio, ao reiterar o que já havia sido antecipado pela equipe no início da busca, em março do ano passado.
Apesar da boa conservação dos restos mortais para exames de DNA, a única descendência atual da família de Cervantes procede de seu irmão Rodrigo.
"E depois de 12 gerações, o DNA que poderia ter em comum com Cervantes é mínimo", já havia afirmado o historiador Fernando de Pardo.
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