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domingo, 22 de março de 2015

RECIFE Pátio de São Pedro se mantém de nostalgia

Donos de restaurantes e frequentadores se recordam dos áureos tempos do complexo turístico-

cultural

Publicado em 22/03/2015, às 05h41

Rodas de ciranda e gastronomia. Casamentos. Rodas de coco e cachaçaria. Pastoris, xote e baião. O Pátio de São Pedro, hoje, em nada lembra os fins de tardes, começos de manhãs e o desenrolar das noites nas décadas passadas – desbotando, especialmente, nos últimos 20 anos, quando passou a resumir-se em palco para festejos de calendário, dependente de datas. Falta cultura, portanto vida, apontam os comerciantes e frequentadores do local. 

“Com a cultura, isso aqui tinha outros ares. Pegávamos na mão e fazíamos uma grande roda de ciranda. Brincávamos, comíamos, bebíamos”, relembra o músico trompetista Djalma Cabelo, frequentador do Pátio de São Pedro desde os anos 1960. Olhando para as duas mesas ocupadas do restaurante Banguê, ele lamenta: “Hoje, até que tem um pouquinho de gente, mas tem dia que não dá ninguém”.
A nostalgia ampara também a resistência dos donos de restaurante que sobrevivem no local. A dona Joseilda Brito Bastos, nascida no Aroeira, fala à reportagem do Jornal do Commercio com ar de pesar: “Eu nasci nesta casa, que antes era uma residência. Muitas coisas aconteciam aqui, entendeu? Então, o bar era movimentado, tinha música no Pátio. Em dia de ciranda, nós vendíamos 103 almoços por dia e ainda ficavam esperando aqui na janela”.

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Maracatu de baque virado se apresenta no Pátio de São Pedro nos anos 1990
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O cineasta e escritor Jomard Muniz de Brito lembra bem de Aroeira, o pai de Joseilda que dá nome ao bar. “Ele andava vestido de paletó e gravata, e eu dizia que ele era o verdadeiro prefeito do Recife. Cantava pela casa (com um vozeirão muito grande, como dizia Ascenso Ferreira) enquanto os meninos corriam. Isso tudo nos sábados, quando ocorriam encontros de uma certa inteligência pernambucana”, diz. Com seu paninho branco impecável sobre o ombro e sua voz baixinha, Dona Dora Ferreira de Lima, 76 anos, é a mais antiga garçonete em atividade no Recife. Ela se lembra dos tempos áureos no qual dividia o batente com a sua irmã Maria das Dores Ferreira de Lima, mais nova, falecida há dois anos. Muitos clientes, conta ela, chegavam a esperar pacientemente por uma vaga no restaurante O Buraquinho, instalado há 30 anos no Pátio. “Ah, minha filha, isso aqui mudou muito. Antes tinha festa, dava gosto trabalhar o ano todo”, se lembra.

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