fevereiro 15, 2016
Deu no New York Times – mas não na imprensa brasileira. Cria do Adeus, um dos morros que formam o Complexo do Alemão, Rene Silva, 21 anos, foi destaque em matéria do mais importante e influente jornal do mundo no dia 12. Na reportagem, ele fala sobre seu jornal Voz da Comunidade, que avança pela Baixada e informa os moradores de sua favela. No texto, o jovem é tratado como um dos quatro que podem ajudar a mudar o planeta. Sim, isso mesmo. Na contramão do nosso complexo de vira-latas, o brilho de Rene nos EUA destaca um tema que a mídia nacional insiste em ignorar: a múltipla vida inteligente nas favelas. “A imprensa só gosta de olhar o lado negativo, e que não ajuda a mudar as coisas”, conta o garoto, que começou aos 12 anos, brincando de fazer jornal na escola. “Nós olhamos as histórias de vida da comunidade, as coisas boas, e cobramos melhorias como o fim da queda contínua de luz, o esgoto que jorra, estas coisas. Por isso fazemos sucesso.” A verdade é que enquanto perdemos tempo investindo em armas, caveirões e helicópteros blindados, assistimos calados ao desmonte do projeto de inclusão desses territórios. Rene poderia estar no NYT ao lado dos parceiros Helcimar Lopes e Raull Santiago. Poderia também posar junto a Charles Siqueira, André da Formiga, Gilmar Lopes, Marcelo da Silva, Cris dos Prazeres, Fafá do Fallet e Pedro Paulo, da Mineira. Ou Eduardo Alves, da Maré. Entre tantos outros eles tentam quebrar os grilhões do preconceito contra as favelas e lutam, com suas iniciativas, para fazer da cidade um Rio melhor. Como disse Rene, em entrevista a este jornalista, “bons exemplos fazem surgir outros bons exemplos”. Enfim, e como sempre digo. Só a inclusão salva. Olhar para as consequências, deixando de lado as causas, está matando o país. E vamos em frente.
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