Em sua entrevista mais contundente, a presidente eleita Dilma Rousseff, deposta pelo golpe parlamentar de 2016, diz que o Brasil passou a ser governado por ladrões, desde que Michel Temer subiu ao poder; sobre Eduardo Cunha, ela afirma que não fez acordo com ele porque seria impossível negociar com um "gângster inteligente"; ao falar sobre as perguntas de Cunha a Michel Temer, Dilma é enfática: "lá está Eduardo Cunha dizendo que quem roubava na Caixa Econômica Federal, no FGTS, é o Temer"; Dilma também explica por que demitiu Moreira Franco: "O gato angorá tem uma bronca danada de mim porque não o deixei roubar"; Dilma também falou sobre outros notórios aliados de Temer, como Eliseu Padilha e Geddel Vieira Lima, e disse que essa turma está lá para assaltar o Estado
17 DE MARÇO DE 2017 ÀS 07:27
247 – Eleita com 54 milhões de votos e derrubada por um golpe parlamentar, liderado por políticos que em breve serão investigados por esquemas de corrupção, caixa dois e propina, a presidente deposta Dilma Rousseff concedeu à jornalista Maria Cristina Fernandes sua mais contundente entrevista, desde que foi afastada do poder.
Sem meias palavras, Dilma deixou claro que o Brasil hoje é governador por ladrões. Não apenas Michel Temer, mas vários de seus aliados foram apontados como corruptos por Dilma.
"O gato angorá tem uma bronca danada de mim porque não o deixei roubar. Chamei o Temer e disse: 'ele não fica'", diz Dilma, explicando por que demitiu Moreira Franco da Secretaria de Aviação Civil.
Coincidência ou não, Moreira Franco, que recentemente ganhou o foro privilegiado, aparece nas delações da Odebrecht, sendo acusado de cobrar propinas nas concessões de aeroportos.
Sobre Temer, Dilma deixa claro que é o próprio Eduardo Cunha, preso há mais de quatro meses em Curitiba, quem o chama de ladrão, nas perguntas que tentou encaminhar a ele, mas que foram vetadas pelo juiz Sergio Moro. "Lá está Eduardo Cunha dizendo que quem roubava na Caixa Econômica Federal, no FGTS, é o Temer. Leia minha filha. Alguém não sabe que o Cunha está dizendo que não foi o Yunes, mas o Temer?", questiona Dilma, mencionando ainda o ex-assessor especial José Yunes, que disse ter sido "mula" de Eliseu Padilha.
Dilma explica ainda por que não se aliou a Eduardo Cunha, para tentar evitar o golpe. "Você está falando de um gângster inteligente. Devia ajoelhar e aceitar as condições?", questiona. "Você vai me desculpar, mas eu não vou assaltar o País. Eduardo Cunha e eles assaltam o País".
A presidente legítima, que tem circulado como popstar pelo exterior, disse ainda que um de seus erros foi permitir que Michel Temer assumisse a articulação política, ao lado de Eliseu Padilha. Com isso, os dois perceberam as fragilidades da base aliada e prepararam o bote do golpe parlamentar de 2016. Padilha e outros aliados de Temer, como Geddel Vieira Lima, também são elencados por Dilma na categoria de "ladrões".
"Saber quem eles são, nós sabemos. Não tenho a menor dúvida de quem é Padilha e Geddel. Sabia direitinho. Inclusive uma parte do que sou e da minha intolerância é porque eu sabia demais quem eles eram".
Resumo da ópera: Dilma caiu porque não permitiu que a turma do PMDB, hoje no poder sem intermediários, roubasse o quanto queria.
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