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domingo, 30 de junho de 2013

BALANÇO Um semestre de ajustes no Recife

Mudanças e polêmicas pautaram início do governo do prefeito Geraldo Julio. Das 28 ações do planejamento, 21 ainda estão em estudo

Publicado em 29/06/2013, às 17h13


Geraldo Julio dedicou os seis primeiros meses de governo para ordenar a máquina municipal / Michele Souza/JC Imagem

Geraldo Julio dedicou os seis primeiros meses de governo para ordenar a máquina municipal

Michele Souza/JC Imagem

Ao completar seis meses de gestão, o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), pode dizer que conhece bem o abismo que separa a urgência das demandas públicas do ritmo imposto pela máquina municipal. Eleito com a imagem de gestor eficiente, ágil e responsável pelos pontos altos do governo Eduardo, o socialista assumiu a prefeitura tentando carimbar, de imediato, seu diferencial em relação ao antecessor, João da Costa (PT). Porém, é consenso entre os membros de sua equipe que, neste primeiro semestre, foi preciso voltar-se para dentro da estrutura administrativa e trabalhar para reordená-la. Das 28 ações listadas no programa de governo, 21 ainda estão em fase de estudo ou licitação (veja arte ao lado), segundo o Executivo municipal.

Em janeiro, a população observou funcionários da Emlurb limpando as principais vias do Recife numa operação chamada de “Faxina Geral”. Vassouras nas ruas, trabalhos de capinação e recapeamento de algumas avenidas buscaram evidenciar o “choque de gestão”. Para intensificar o contraste dos governos, foi lançada a campanha institucional “Eu amo Recife”, sob a justificativa de resgatar a autoestima dos cidadãos. Na lista das agendas positivas, consta ainda a criação de ciclofaixas móveis aos domingos e feriados, que rendeu impacto, principalmente, sobre a classe média da cidade.
Mas foi o trabalho interno que consumiu boa parte da energia da gestão. A estrutura administrativa foi reformada, antigas secretarias foram extintas e novas foram criadas. Foram contratados 20 analistas de gestão que, entre outras tarefas, têm a função de destravar o “nó” da máquina. Geraldo também ordenou o levantamento de todos os servidores municipais que estavam cedidos a outros órgãos. Ao mesmo tempo, determinou um estudo sobre todos os contratos herdados da gestão petista, ainda não revisados. Os da coleta de lixo, por exemplo, um dos mais polêmicos (R$ 580 milhões), segue intacto, embora a promessa inicial fosse de alterá-lo até abril deste ano. Alvo de suspeitas de irregularidades, apontadas pelo Tribunal de Contas do Estado, os certames devem ser revistos em julho, segundo nova promessa do prefeito.
De modo geral, os problemas herdados do governo petista foram tratados de forma discreta. Geraldo Julio evitou críticas ao antecessor, mas secretários deixaram escapar, vez por outra, alguns incômodos. Em declaração recente, o titular de Mobilidade Urbana, João Braga, afirmou que a cidade tinha virado uma verdadeira “bagunça”. O secretário de Finanças, Roberto Pandolfi, queixou-se dos baixos índices de arrecadação. Os entraves financeiros e burocráticos para colocar a “máquina para moer” ficaram evidenciados no balanço do primeiro trimestre, período em que a prefeitura investiu apenas 2,62% (R$ 26 milhões) do previsto para 2013. O dado positivo é que, ao mesmo tempo, reduziu-se em quase a metade os gastos de custeio e aumentou em 10% a coleta de impostos municipais.
A chegada das chuvas e a maior exposição dos problemas urbanos, porém, não permitiram que Geraldo Julio saísse ileso do período de adaptação. No dia 17 de maio, a cidade ficou intransitável por conta de inúmeros pontos de alagamentos e o prefeito – que, no dia, foi cumprir agenda no Rio de Janeiro – foi alvo de críticas tão severas como as que atingiram João da Costa, em 2011, quando o petista foi a Madri, de folga. Ao cumprir uma agenda pública há 15 dias, o socialista foi cobrado, novamente, por moradores pelo atraso nas obras de um habitacional de Água Fria. Tentou justificar, mas não convenceu os insatisfeitos. Sinal de que a cidade continua à espera de respostas rápidas.
Secretário de Desenvolvimento Econômico e Planejamento Urbano, Antônio Alexandre diz que o semestre foi um período de “adaptação”. “Esses meses foram de adequação a uma nova cultura de gestão. Tivemos que adotar metodologias de gestão, revisar processos e aperfeiçoar um conjunto de procedimentos para garantir uma agilidade nos resultados. Os frutos disso serão azeitados a partir do segundo semestre”, prevê o auxiliar de Geraldo Julio.

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