A onda de protestos que tomou conta do Brasil evidenciou algo que boa parte dos brasileiros já sabe: é preciso que o Congresso entre em sintonia com esse novo momento que o País, e quem nele reside, está vivendo. Muitos manifestantes criticavam políticos e seus partidos e suas representações.
Para o senador Humberto Costa (PT), a expectativa é positiva. “A nossa expectativa é que o Congresso se sintonize com esses movimentos. Existem muitos projetos que tratam das bandeiras que foram apresentadas que estão lá no Congresso aguardando serem analisados”, disse.
Segundo o petista, existem vários projetos de combate à corrupção e propostas para discutir a destinação de recursos para a educação e para a saúde, por exemplo. “Acho que o Congresso pode dar uma contribuição para a solução dos momentos que estamos vivendo”, afirmou o senador.
Para o deputado federal Fernando Ferro (PT), a possibilidade de mudança existe sim. Ele declarou que as pautas do Congresso têm sido muito conservadoras e que essa presença pode ajudar a mudar, a se criar uma pauta mais progressista. No entanto, será preciso “decantar” os apelos que vêm das ruas para se construir essa pauta. “A gente não pode ficar com essa agenda conservadora, atrasada, medieval”, declarou.
Durante discurso nesta segunda-feira (24) para governadores e prefeitos, a presidente Dilma Rousseff (PT) propôs a criação de assembleia constituinte para realizar a reforma política no Brasil. O senador Humberto Costa considerou uma boa ideia. “Uma forma de traduzirmos a vontade da sociedade. Fazer esse plebiscito me parece uma boa iniciativa”, pontuou.
Fernando Ferro avaliou que a única maneira de votar a reforma política é se entrar uma pressão das ruas, pois já se tentou votar antes, mas sem sucesso. “É importante a população entrar no circuito. Mudar esse quadro que é inaceitável para conviver com representação partidária sem legitimidade. Está virando troca de interesses”, disparou o deputado federal.
Ele criticou a proposta do senador Cristovam Buarque (PDT) de acabar com os partidos políticos. “Ele mesmo já passou por vários partidos. Me parece um oportunismo. Precisamos de coisas mais profundas e debate maior sobre isso. A política brasileira está muito comandada por personalidades”, disse Fernando Ferro.