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sábado, 19 de abril de 2014

José Pimentel: o símbolo da Paixão no Recife

Entre direção e papel de Cristo, ator se apresenta no Marco Zero desta quinta a domingo


16/04/2014 17:33 - Daniel Medeiros, da Folha de Pernambuco


Para quem é pernambucano, é improvável não associar automaticamente a figura de José Pimentel à encenação dos últimos dias de Jesus na terra. O ator se dedica ao espetáculo há mais de 50 anos, onde interpretou outros personagens ao longo da trajetória. À frente da "Paixão de Cristo do Recife", que completa 18 edições, ele volta a se desdobrar entre a direção e o papel de protagonista, desta quinta (16) ao próximo domingo (20), na Praça do Marco Zero. Em agosto, o artista completa oito décadas de vida, sem descartar a possibilidade de futuramente largar o personagem que ele interpreta há 37 anos. "Vai chegar um dia em que a cruz vai pesar e eu não vou mais conseguir representar Jesus, mas não vou deixar de ser ator por conta disso. Ainda poderei fazer outros papéis. Sempre tive a vontade de interpretar Judas, por exemplo", revela.
Não faltam críticas quanto à idade de Pimentel para encarnar "o Nazareno" nos palcos. "Isso me chateia bastante. Acredito que ator não tem idade. Prefiro um velho, cheio de maquiagem no rosto, que faça o personagem bem, do que um ator novo, mas sem experiência", rebate. A primeira participação de Pimentel em uma "Paixão de Cristo" aconteceu em 1956, quando ele foi levado pelo amigo a trabalhar na montagem de Fazenda Nova, no município do Brejo da Madre de Deus. Após a construção da cidade-teatro de Nova Jerusalém, ele assumiu a função de diretor, sem deixar de atuar. "É uma história muito bonita. É impressionante a quantidade de ensinamentos que Jesus deixou para a humanidade", afirma o ator.
Em toda sua carreira artística, Pimentel aponta apenas um momento de decepção. Em 1996, ele foi afastado da "Paixão de Cristo de Nova Jerusalém", após 30 anos de trabalho. "Foi uma grande sacanagem o que fizeram comigo. Fiquei sabendo da minha substituição através de um amigo, que ouviu os comentários. Eu não concordava que atores de TV tomassem o lugar de artistas locais. Esse deve ter sido o principal motivo", conta. Um ano após romper com Nova Jerusalém, Pimentel montou uma versão da peça no estádio do Arruda. Em 2002, a "Paixão de Cristo do Recife" se mudou para o Bairro do Recife.
Foi através da encenação de Páscoa que Pimentel ganhou reconhecimento do público, mas esta não é a única produção na qual ele trabalhou. Convidado por Hermilo Borba Filho, na década de 1960, ele fez parte do grupo Teatro Popular do Nordeste (TPN), com o qual atuou em várias montagens. Também foi autor, ator e diretor de outros espetáculos ao ar livre, como "O calvário de Frei Caneca", "Batalha dos Guararapes" e "O massacre de Angicos - A morte de Lampião". "Aprendi a dominar as técnicas que envolvem esse tipo de teatro, feito para multidões. Essa proximidade com o público me atrai. É gratificante ver gente que, às vezes, não tem condições de pagar ingresso, ter acesso ao teatro", aponta.
SERVIÇO
"Paixão de Cristo do Recife"
Quando: De 16 a 20 de abril, às 20h
Onde: Praça do Marco Zero (Bairro do Recife)
Entrada gratuita

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