Petrolina aspira ao topo da geografia eleitoral Com dois possíveis candidatos ao governo do estado, o Sertão tenta modificar lógica das urnas
Josué Nogueira - Diário de Pernambuco
Publicação: 15/09/2013 09:09
Julio Lóssio e Fernando Bezerra Coelho. Foto: Arquivo/DP/D.A Press |
Com dois pré-candidatos ao governo estadual, Petrolina, a 730 quilômetros do Recife, terá fôlego para estar no centro da disputa em 2014? O charme da cidade que é referência nacional em fruticultura irrigada e em geração de empregos será capaz de reverter a geografia eleitoral de Pernambuco, onde 100% dos governadores eleitos pelo voto direto tiveram base metropolitana? As questões começam ser postas diante da possibilidade de o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), e o prefeito Julio Lóssio (PMDB) figurarem na cabeça de chapas majoritárias.
Adversários no âmbito local, os dois estão “na pista” e constroem suas candidaturas em realidades opostas, mas com coincidências. O socialista é da base do governador Eduardo Campos (PSB) e, em tese, dispõe de condições confortáveis. O peemedebista é dos poucos políticos de Pernambuco a fazer oposição ao governo estadual, o que é sinônimo de dificuldade. Ambos comandam máquinas com pesos proporcionais aos cargos e enfrentam resistências nos partidos – Lóssio ainda é processado na Justiça Eleitoral por abuso de poder econômico, numa ação movida pelo deputado federal Fernando Bezerra Filho (PSB), segundo colocado nas eleições municipais e filho do ministro. Também em comum, há o fato de nenhum dispor de um “evento” impactante na trajetória a ponto de se impor como concorrente natural.
Mas o que pode dificultar a situação de Bezerra e Lóssio é a origem política. De acordo com o sociólogo e ex-secretário estadual de Planejamento José Arlindo Soares, um candidato ao governo deve contar com a possibilidade de obter pelo menos metade dos votos do Grande Recife. “O Sertão do São Francisco responde por cerca de 5% dos votos do estado e não vejo fatos capazes de mudar a velha geografia do estado, cujo predomínio é da Região Metropolitana do Recife, onde estão mais 40% dos eleitores”, diz.
A prevalência metropolitana corrobora a chamada “síndrome Agamenon Magalhães” (ex-governador do estado), que dizia que sem o eleitorado do Recife e arredores não se senta na cadeira do Palácio das Princesas. “Não há governador que tenha chegado reconhecidamente como político interiorano, do Agreste ou do Sertão. Estes não figuram nem mesmo em chapa majoritária. Inocêncio Oliveira (deputado federal, PP) não conseguiu jamais concorrer ao governo ou ao Senado. Nem quando contava com o apoio de 40 prefeitos”, destaca Arlindo.
Cautela é o que deve predominar ao se analisar a possibilidade de Petrolina, segundo observa o cientista político Thales Castro, da Universidade Católica de Pernambuco. Segundo ele, trata-se de uma cidade importante, com aeroporto internacional, que se sobressai na fruticultura e tem peso econômico e político. Ele também considera que a postura do ministro e do prefeito mostra que o município tem líderes com altivez e voz. No entanto, ressalta, que os projetos dos dois podem não se confirmar. “Fatores nacionais e estaduais podem pesar. As ‘placas tectônicas’ estão se movimentando. É preciso definir o quadro nacional, vê como fica a economia e como o governador Eduardo Campos se posiciona”, diz.
Petrolina vive historicamente sob domínio da família Coelho, que se reveza na prefeitura desde 1955. Porém se dividiu a partir de 1986 e hoje parte apoia Lóssio, cujo vice é Guilherme Coelho (PSDB). O único petrolinense a chegar ao Executivo estadual foi Nilo Coelho, entre 1967 e 1971. Foi governador indicado pela ditadura militar.
Saiba mais
Lóssio: “A importância política está no seu passado por ter fornecido nomes importantes que serviram ao estado, a exemplo de Nilo Coelho e Mansueto de Lavor. Está no presente, pois aqui temos desenvolvido políticas públicas com ênfase na cidadania (habitação, regularização fundiária, educação na primeira infância, emprego) que podem e devem ser ampliadas ao estado, que tem crescido, mas ainda mantém um grande nível de desigualdade. Está no futuro, já que a presença de universidades e institutos federais faz de nossa cidade uma produtora de talentos com massa crítica para propor avanços para Pernambuco e de modo especial para o Semiárido”.
Bezerra: (nota da assessoria) - “O ministro Fernando Bezerra Coelho é do PSB e segue a orientação do presidente do partido de só tratar temas relacionados com as eleições de 2014 em 2014. Como ministro de Estado indicado pelo governador Eduardo Campos, Fernando Bezerra Coelho tratará desses assuntos no tempo certo”.
Adversários no âmbito local, os dois estão “na pista” e constroem suas candidaturas em realidades opostas, mas com coincidências. O socialista é da base do governador Eduardo Campos (PSB) e, em tese, dispõe de condições confortáveis. O peemedebista é dos poucos políticos de Pernambuco a fazer oposição ao governo estadual, o que é sinônimo de dificuldade. Ambos comandam máquinas com pesos proporcionais aos cargos e enfrentam resistências nos partidos – Lóssio ainda é processado na Justiça Eleitoral por abuso de poder econômico, numa ação movida pelo deputado federal Fernando Bezerra Filho (PSB), segundo colocado nas eleições municipais e filho do ministro. Também em comum, há o fato de nenhum dispor de um “evento” impactante na trajetória a ponto de se impor como concorrente natural.
Mas o que pode dificultar a situação de Bezerra e Lóssio é a origem política. De acordo com o sociólogo e ex-secretário estadual de Planejamento José Arlindo Soares, um candidato ao governo deve contar com a possibilidade de obter pelo menos metade dos votos do Grande Recife. “O Sertão do São Francisco responde por cerca de 5% dos votos do estado e não vejo fatos capazes de mudar a velha geografia do estado, cujo predomínio é da Região Metropolitana do Recife, onde estão mais 40% dos eleitores”, diz.
A prevalência metropolitana corrobora a chamada “síndrome Agamenon Magalhães” (ex-governador do estado), que dizia que sem o eleitorado do Recife e arredores não se senta na cadeira do Palácio das Princesas. “Não há governador que tenha chegado reconhecidamente como político interiorano, do Agreste ou do Sertão. Estes não figuram nem mesmo em chapa majoritária. Inocêncio Oliveira (deputado federal, PP) não conseguiu jamais concorrer ao governo ou ao Senado. Nem quando contava com o apoio de 40 prefeitos”, destaca Arlindo.
Cautela é o que deve predominar ao se analisar a possibilidade de Petrolina, segundo observa o cientista político Thales Castro, da Universidade Católica de Pernambuco. Segundo ele, trata-se de uma cidade importante, com aeroporto internacional, que se sobressai na fruticultura e tem peso econômico e político. Ele também considera que a postura do ministro e do prefeito mostra que o município tem líderes com altivez e voz. No entanto, ressalta, que os projetos dos dois podem não se confirmar. “Fatores nacionais e estaduais podem pesar. As ‘placas tectônicas’ estão se movimentando. É preciso definir o quadro nacional, vê como fica a economia e como o governador Eduardo Campos se posiciona”, diz.
Petrolina vive historicamente sob domínio da família Coelho, que se reveza na prefeitura desde 1955. Porém se dividiu a partir de 1986 e hoje parte apoia Lóssio, cujo vice é Guilherme Coelho (PSDB). O único petrolinense a chegar ao Executivo estadual foi Nilo Coelho, entre 1967 e 1971. Foi governador indicado pela ditadura militar.
Saiba mais
Lóssio: “A importância política está no seu passado por ter fornecido nomes importantes que serviram ao estado, a exemplo de Nilo Coelho e Mansueto de Lavor. Está no presente, pois aqui temos desenvolvido políticas públicas com ênfase na cidadania (habitação, regularização fundiária, educação na primeira infância, emprego) que podem e devem ser ampliadas ao estado, que tem crescido, mas ainda mantém um grande nível de desigualdade. Está no futuro, já que a presença de universidades e institutos federais faz de nossa cidade uma produtora de talentos com massa crítica para propor avanços para Pernambuco e de modo especial para o Semiárido”.
Bezerra: (nota da assessoria) - “O ministro Fernando Bezerra Coelho é do PSB e segue a orientação do presidente do partido de só tratar temas relacionados com as eleições de 2014 em 2014. Como ministro de Estado indicado pelo governador Eduardo Campos, Fernando Bezerra Coelho tratará desses assuntos no tempo certo”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário